Soneto

O soneto é um poema de forma fixa composto por 14 versos. Os principais tipos são: italiano ou petrarquiano, inglês ou shakesperiano, monostrófico e estrambótico.
O soneto atravessou os séculos e chegou até os nossos dias.

 Soneto é um poema de forma fixa que possui 14 versos. Ele foi criado, no século XIII, pelo poeta italiano Giacomo da Lentini. Assim, o soneto italiano apresenta dois quartetos seguidos por dois tercetos. O soneto inglês possui três quartetos seguidos por um dístico. O soneto monostrófico tem apenas uma estrofe. Já o estrambótico é caracterizado por uma estrofe adicional de até três versos.

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O que é soneto?

Soneto é um poema de forma fixa que apresenta sempre 14 versos.

Características e estrutura do soneto

O soneto italiano é composto por dois quartetos (estrofe de quatro versos) seguidos de dois tercetos (estrofes de três versos). Já os tipos de versos mais comuns em sonetos são os decassílabos (dez sílabas poéticas) e os alexandrinos (12 sílabas poéticas). Assim, esse tipo de poema encerra uma reflexão em 14 versos.

Nos quartetos, é realizado o desenvolvimento do tema. Já nos tercetos, ocorre a conclusão. Dessa forma, o soneto possui um caráter lógico e racional. Isso não impede que sonetos também falem de sentimentos e emoções. Porém, sua estrutura fixa exige do poeta e da poetisa um trabalho mais racional do que emocional.

O soneto inglês possui três quartetos seguidos de um dístico (estrofe de dois versos). Mas o soneto também pode ter apenas uma estrofe de 14 versos, ou seja, ser um soneto monostrófico. Já o chamado “estrambote” se refere à estrofe, de até três versos, que pode vir logo após um soneto.

Em qualquer dos tipos de soneto, é comum haver a chamada “chave de ouro”, ou seja, no último verso do poema é feita uma conclusão, muitas vezes, surpreendente. Já o esquema de rimas varia de poeta para poeta. Por exemplo, os tercetos ao estilo francês costumam utilizar o esquema de rimas CCD, EDE.

Tipos de soneto

Os principais tipos de soneto são:

  • soneto italiano ou petrarquiano;

  • soneto inglês ou shakespeariano;

  • soneto monostrófico;

  • soneto estrambótico.

Exemplos de soneto

  • Soneto italiano

Vós que em rimas, brotando ao coração,
Ouvistes dos suspiros o rumor
Do meu primeiro e juvenil error,
Quando era outra a minha condição;

Aos versos, em que choro sem razão
Entre a vã esperança e o vão temor,
Onde haja quem por prova entenda amor,
Espero achar piedade, não perdão.

E, a toda a gente, só agora vejo
Que fui causa de riso, tão-somente,
Do que comigo mesmo me envergonho.

E é a vergonha o fruto do desejo,
E o carpir, percebendo claramente
Que quanto apraz ao mundo é breve sonho.

PETRARCA, Francesco. Soneto 1. In: LYRA, Pedro (Trad.). Vinte sonetos de amor e uma canção de despedida. Revista Brasileira, Rio de Janeiro, 2006.

Shakespeare é o principal sonetista inglês.
  • Soneto inglês

Quando no assédio de quarenta invernos
Se cavarem as linhas de teu rosto,
Da juventude os teus galões supernos
Pobres andrajos se tiverem posto,
Se então te perguntarem pelo fausto
De teus dias de glória e de beleza,
Dizer que tudo jaz no olhar exausto,
Opróbrio fora, encômio sem grandeza.
Mais mérito terias nessa usança
Se pudesses dizer: “Meu filho há-de
Saldar-me a dívida, exculpar-me a idade”,
Provando que a beleza é tua herança.

Fora tornar em novo as coisas velhas
E ver o sangue quente enquanto engelhas.

SHAKESPEARE, William. Soneto 2. In: ______. 50 sonetos. Tradução de Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

  • Soneto monostrófico

São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.
Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita...
Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.

MORAES, Vinicius de. Corifeu [fala]. In: ______. Orfeu da Conceição: tragédia carioca. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1956.

  • Soneto estrambótico

Tenho saudade de mim mesmo,
saudade sob a aparência de remorso,
de tanto que não fui, a sós, a esmo,
e de minha alta ausência em meu redor.
Tenho horror, tenho pena de mim mesmo
e tenho muitos outros sentimentos
violentos. Mas se esquivam no inventário,
e meu amor é triste como é vário,
e sendo vário é um só. Tenho carinho
por toda perda minha na corrente
que de mortos a vivos me carreia
e a mortos restitui o que era deles
mas em mim se guardava. A estrela-d’alva
penetra longamente seu espinho

(e cinco espinhos são) na minha mão.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Estrambote melancólico. In: _____. Fazendeiro do ar. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Veja também: Verso, estrofe e rima — elementos que diferenciam a poesia da prosa

História do soneto

O soneto foi criado, no século XIII, pelo poeta italiano Giacomo da Lentini (1210-1260). Porém, essa forma fixa de poema ficou popular por meio de dois outros poetas italianos: Dante Alighieri (1265-1321) e Francesco Petrarca (1304-1374). Já no século XVII, o poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616) popularizou o chamado “soneto inglês”, o qual foi criado pelo poeta inglês Henry Howard (1517-1547).

A partir daí, o soneto foi sendo adaptado ao estilo de vários autores. Porém, algo que está impresso em sua identidade é a presença dos 14 versos e o seu caráter racional. Fato é que essa forma fixa atravessou os séculos, sobreviveu a diferentes estilos de época e chegou até os nossos dias. 

Publicado por Warley Souza
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