Família

A família é a mais antiga instituição social criada pela humanidade. Ao longo do tempo, o conceito de família foi sofrendo modificações até ficar do modo como é vista hoje.
A família é a instituição social mais antiga da humanidade.

A família é a mais antiga instituição social criada pela humanidade. Quando os seres humanos começaram a se agrupar para facilitar a vida, eles buscavam os laços familiares para promover o agrupamento. Em seguida, as famílias foram crescendo e dando origem aos clãs. Nesse período, a humanidade ainda levava um estilo de vida nômade.

Com o sedentarismo, que foi a fixação das pessoas em locais estabelecidos, os clãs de famílias deram origem às tribos e, posteriormente, às cidades. A família passou a ser o laço de confiança para a procriação e a continuidade da espécie, além de garantir proteção e o compartilhamento da alimentação. Nesse período, criou-se um modelo de família patriarcal, baseado na chefia da família pelos pais, que eram casados com as mães. Hoje em dia, esse modelo patriarcal não é o único presente em nossa sociedade.

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Conceito de família

Família é, para a Sociologia, uma instituição social tão antiga quanto os primeiros registros pré-históricos da humanidade, que datam de antes de 10.000 anos a.C. A família, além de uma antiga instituição social, é um agrupamento de seres humanos, que se unem pelo laço consanguíneo e pela afinidade, ou seja, a família é composta por pessoas que têm o sangue em comum ou que se unem porque gostam umas das outras.

O estabelecimento das famílias foi a forma que o ser humano encontrou de viver de maneira mais segura, pois o agrupamento em família ajudava na proteção dos indivíduos contra inimigos e também facilitava a caça e a coleta de alimentos.

Entende-se família como um agrupamento por parentesco, o qual dá afinidade às pessoas que convivem juntas, assim, uma protege a outra em razão do sentimento de afeto, carinho e pertencimento ao grupo.

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Família patriarcal: o mais antigo modelo familiar

Ainda nos primórdios da humanidade, o modelo patriarcal estabeleceu-se como o modelo familiar por excelência. Chamamos de patriarcal a família chefiada por um homem (o patriarca, ou seja, o pai), que tem por responsabilidade adquirir alimentos e cuidar da segurança de seus filhos e de sua esposa. Nesse modelo, no início, os homens caçavam para alimentar a esposa e os filhos, que ficavam sob os cuidados da mãe.

A família surgiu para servir de suporte à proteção e à aquisição de alimentos.

Com a sedentarização do ser humano (quando os humanos abandonaram o estilo de vida nômade e passaram a viver em locais fixos), a agricultura passou a fazer parte do cotidiano humano, bem como a domesticação e criação de animais. O alimento não era mais coletado e caçado, e sim cultivado. Com isso, passou a ser função do patriarca, além da segurança da família, a criação dos animais e o cuidado e preparo da terra (lavra), enquanto as mulheres plantavam, colhiam, preparavam os alimentos e cuidavam dos filhos.

Esse modelo patriarcal perdurou por milênios, recebendo ajustes de acordo com o desenvolvimento das sociedades. No feudalismo, por exemplo, os cavaleiros cuidavam da segurança do feudo, enquanto as mulheres permaneciam com os cuidados domésticos, no caso das classes mais nobres. As famílias camponesas também tinham uma divisão do trabalho por gênero parecida, pois os homens proviam a alimentação, e as mulheres preparavam os alimentos e cuidavam das crianças.

O modelo patriarcal tribal também era cultivado pelos povos indígenas brasileiros, pois os núcleos familiares eram chefiados por homens, e as tribos eram chefiadas pelos caciques. O modelo europeu de família patriarcal veio para o Brasil durante a colonização, com a vinda de senhores de engenho, que mantiveram grandes fazendas de plantação de cana e produção de açúcar.

Nesse período, dois novos elementos foram incluídos no modelo de família patriarcal: o agregado (parentes ou amigos que viviam na casa do senhor de engenho) e o escravo (africanos capturados à força e utilizados como mão de obra na casa do senhor ou no plantio de cana e fabricação do açúcar). O senhor de engenho era o chefe patriarca da família e mantinha todas as pessoas sob sua responsabilidade.

Após a Revolução Industrial, algumas mudanças começaram a abalar o modelo patriarcal de família. A principal mudança foi a inserção, mesmo que de início pequena e regulada, da mulher no mercado de trabalho. Com a possibilidade de a mulher trabalhar fora de casa (isso aconteceu fortemente nas classes mais baixas, pois a renda obtida por um homem trabalhador industrial não era suficiente para sustentar a família), o modelo patriarcal de família começou a se desfazer.

Família contemporânea

Hoje a configuração familiar é diferente da configuração patriarcal, podendo haver uma família com duas mães.

Nos dias de hoje, podemos encontrar famílias mais tradicionais, que seguem o modelo patriarcal, mas também encontramos muitas famílias que não se enquadram nesse modelo. Temos famílias em que as mães e os pais trabalham fora, famílias em que as mães trabalham fora e os pais cuidam da casa e dos filhos, famílias compostas por dois pais ou duas mães homossexuais, famílias compostas apenas por irmãos órfãos ou somente por avós e netos, famílias compostas por tios e sobrinhos etc.

No Brasil, por exemplo, são muito comuns famílias compostas por apenas uma mãe e seus filhos ou seu filho único. Em alguns casos, o pai faleceu ou está desaparecido ou ainda resolveu sair de casa e interrompeu o contato com a família. Às vezes o pai nem chega a conhecer os filhos.

Seja como for, com pai, mãe e filhos, somente pai e mãe, dois pais, duas mães, tios e sobrinhos, avós e netos, pais solteiros, mães solteiras, apenas irmãos, enfim, a família deve ser reconhecida como núcleo de importância perante a sociedade. É necessário que o Estado proteja qualquer formação familiar, garantindo às pessoas que compõem as famílias, por mais diferentes que elas sejam dos modelos patriarcais, o direito à proteção. O respeito e a tolerância às diversas formações familiares são as bases para a garantia de um futuro melhor para a nossa sociedade.

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Adoção

A adoção é um tema de extrema importância para a compreensão da família contemporânea. Muitos casais não podem ter filhos biológicos; alguns casais, com filhos ou sem, optam pela adoção, e até pessoas solteiras que querem experimentar a maternidade ou paternidade podem adotar crianças.

Essa ação beneficia ambas as partes (quem adota e quem é adotado), pois dá ao adotante a experiência de ter um filho ou uma filha, ao mesmo tempo em que proporciona um lar e, mais do que isso, um núcleo familiar a uma criança órfã ou que necessita de uma família que a acolha e proteja.

Segundo o Conselho Nacional de Justiça, existem 47 mil crianças acolhidas em lares no Brasil. Destas, apenas 9,5 mil estão inscritas no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Isso ocorre porque muitas dessas crianças acolhidas têm a família de origem (pai ou mãe) e outros familiares. A inclusão da criança desamparada no CNA somente acontece se houver uma tentativa de retorno da criança aos cuidados de sua mãe ou pai (ou de outros parentes, como avós, tios e irmãos) que não dê certo.

Muitas crianças e adolescentes necessitam de adoção e esperam por esse ato por muito tempo. A adoção é um ato de compaixão que precisa ser ainda mais difundido para que tenhamos uma sociedade mais justa, que garanta às crianças e adolescentes o direito ao crescimento em lares que lhes proporcionem carinho e afeto.

A adoção legal é um direito que deve ser concedido a qualquer casal, desde que haja condições para criar os filhos adotivos.

Dados sobre a família no Brasil

Nos últimos anos, as famílias com formação não tradicional têm crescido nas estatísticas brasileiras. Os dados apresentados a seguir retratam as novas configurações familiares. Veja:

  • As famílias reconstituídas (quando um ou os dois cônjuges têm filhos anteriores à formação do novo núcleo familiar) somam 16% do total de núcleos familiares.
  • Das 57 milhões de casas registradas no censo do IBGE de 2010, 50 milhões eram habitadas por duas ou mais pessoas com parentesco.
  • Aproximadamente quatro milhões de residências possuem habitantes que não têm parentesco (famílias informais), podendo ser amigos morando juntos ou famílias que agregam pessoas sem laços consanguíneos.
  • 80% das famílias são nucleares (pais, mães e filhos) e monoparentais (pais solteiros ou mães solteiras com filhos).
  • Em 2010, a porcentagem de casais sem filhos era de 20,2%, o que representa um aumento de quase 7 pontos percentuais desde o censo de 2001.

Notas:

[1] Todos os dados apresentados no tópico podem ser conferidos aqui.   

Publicado por Francisco Porfírio
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