A subjetividade presente na dissertação
Quanto à estrutura do texto dissertativo, sabemos que por tratar-se de um texto objetivo, não é permitido traços de pessoalidade.
Mas na verdade, conforme a situação comunicativa, a argumentação tanto pode ser objetiva quanto subjetiva.
A Dissertação Argumentativa requer uma linguagem mais objetiva, baseada em argumentos sólidos, na qual o emissor tem o compromisso de não se envolver emocionalmente com o assunto, por tarar-se de um leitor “universal”.
É um tipo de texto bastante requisitado em exames do Enem, Vestibulares e Concursos de uma forma geral.
Nesse caso, não há relação de familiaridade, de convivência mais íntima entre ambos, pois é primordial que haja credibilidade diante do assunto abordado.
Já quando falamos em subjetividade, logo nos remetemos a ideia de um envolvimento maior, retratando impressões pessoais, revelando emoções e sentimentos e até mesmo utilizando-se de certo tom conotativo.
Entretanto, subjetividade neste caso, não significa ausência de informações, nem tão pouco argumentos irrelevantes. Há sim uma diversidade de ponto de vista sobre um determinado assunto que não faz parte de uma homogeneidade, assim como é na dissertação argumentativa.
Vejamos a seguir um poema com esta estrutura:
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
Cecília Meireles
Podemos identificar que a poesia pauta-se na defesa de uma tese sobre as transformações inerentes à vida humana, vistas sob um plano físico e também psicológico, bem como a busca pela própria identidade, que em meio a um mundo tão conturbado em que vivemos, às vezes nos sentimos assim.