Delinquência

A delinquência consiste em atos que infringem as regas de condutas normatizadas em uma sociedade.
O grafite é visto, por muitos, como um ato de delinquência.

Entende-se como delinquência o ato de resistir ou infringir as regras morais ou normas convencionadas em uma sociedade. É um comportamento geralmente associado aos jovens, porém é um engano restringir sua ocorrência a apenas esse grupo, embora a prática de atos criminosos ou delinquentes ocorram com frequência consideravelmente maior nessa faixa etária.

A delinquência está relacionada a diferentes comportamentos desviantes que são geralmente relacionados à juventude. O sociólogo Anthony Giddens define desvio como uma não conformidade com um conjunto de normas que são aceitas por um número significativo de pessoas em uma sociedade. No entanto, o comportamento desviante não pode ser associado apenas aos que comentem crimes, ou os delinquentes, uma vez que todos nós em algum momento acabamos adotando algum comportamento que não condiz com as condutas normativas. Sendo assim, é preciso que tomemos cuidado para não generalizarmos todo comportamento desviante como criminoso.

Nem todo comportamento desviante se constitui crime, embora os dois estejam relacionados, não devemos atribuir toda delinquência ao ato criminoso. Essa consideração é importante quando observamos as complicações e as vulnerabilidades inerentes ao mundo dos jovens. As teorias funcionalistas que associam o crime ou o comportamento desviante às faltas de oportunidade para suprir os desejos, tratam do problema da desigualdade social que é, em parte, responsável por alguns dos problemas sociais associados ao crime e à violência, mas não são suficientes para explicar todo o fenômeno. Outro aspecto a ser considerado está relacionado à educação oferecida ao sujeito. Essa educação, que é construída tanto no meio familiar quanto no âmbito escolar, define grande parte do comportamento do indivíduo.


 A arte do grafite desafia com sua dualidade entre a beleza colorida e o cenário urbano cinza.

Rótulos e rotulações

Há teóricos que argumentam que os diferentes comportamentos considerados desviantes, o são por convenção ou por “rotulação” daqueles que possuem a legitimidade da moral normativa de uma sociedade. Giddens (2008) nos explica que a “teoria da rotulação” se pauta no princípio de que não existem ações intrinsecamente criminosas, elas são determinadas como tais por aqueles que possuem o poder de rotular, aqueles que possuem poder de criar leis, os tribunais e as instituições correcionais. O principal contra argumento à teoria das rotulações é de que existem de fato atos que são naturalmente criminosos, como o assassinato ou o assalto. Porém devemos lembrar que essas mesmas práticas que seriam consideradas naturalmente criminosas, em contextos diferentes são consideradas legítimas; como na guerra, em que matar o soldado inimigo é um ato aceito, ou mesmo o roubo em busca de alimento em situação de desespero em função da fome ou da miséria extrema, pode ser justificável aos olhos de muitos.

É fato que o crime e a delinquência, em conjunto com a violência, é um dos principais problemas em nossa sociedade atual. No entanto, não existem explicações simples ou um entendimento único de suas causas. A diversidade de motivações que são abordadas pelos estudos sociológicos trazem alguma luz a esse tão complexo comportamento. Está claro que maiores cuidados devem ser dedicados aos processos de formação do indivíduo, sem criminalizar o diferente ou excluir as camadas mais fragilizadas de nossa sociedade. Em especial nossa juventude, que são os mais vulneráveis e expostos aos problemas sociais relacionados ao crime e à violência.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. Tradução Sandra Regina Netz. 4ª ed. - Porto Alegre: Artmed, 2005.

Publicado por Lucas de Oliveira Rodrigues
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