Terras do sul do Brasil: o banhado
O banhado consiste em um ambiente úmido, com macrófitas aquáticas em sua extensão e, geralmente, com solo não drenado. É uma formação comum dos pampas gaúchos, caracterizada também por ser área de transição entre ecossistemas aquáticos e terrestres, garantindo a sobrevivência desses.
A base da sua cadeia alimentar consiste nas algas, das quais caramujos se alimentam, e são alimentados por peixes, seguindo sucessivamente toda uma rede alimentar. Aves aquáticas, anfíbios anuros, répteis crocodilianos e testudinatas e mamíferos, como a capivara, são típicos desse ambiente.
Incrivelmente, esse ecossistema é considerado um dos mais ricos em termos de diversidade de espécies, uma vez que é rico em matéria orgânica, conferindo alimentação para diversas plantas e microorganismos. Apesar de sua importância, o banhado sofre muitas ameaças, principalmente causadas por drenagens, para culturas de arroz, fumo, mamona, soja, milho e transgênicos, e seus agrotóxicos.
O fato de ser alagado e visualmente pobre fez com que essas áreas fossem consideradas inúteis e, por esse motivo, invadidas pela expansão agrícola, utilizadas para deposição de lixo e aterramento para obras de infra-estrutura. Outra ameaça são as erosões, eventos naturais deste ecossistema, mas que têm sido aceleradas pela intervenção humana.
Como em qualquer ambiente natural, essas ações podem conferir em médio prazo a destruição e desaparecimento dos banhados, uma vez que a formação desses é um processo lento e que, provavelmente, não conseguirá competir com a destruição tal como tem ocorrido.
Há algumas legislações ambientais que procuram proteger este ecossistema, como exemplo o Decreto Nº 41.559, de 24 de abril de 2002, que cria o Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, situado no Município de Viamão.
Assim sendo, quem ainda acredita que os banhados só existem para criar mosquitos está muitíssimo enganado!
Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia