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Denotação e conotação

Denotação e conotação são conceitos relacionados ao sentido das palavras. A denotação é o uso das palavras em seu sentido literal, e a conotação é o uso no sentido figurado.
Quadro com conceito e exemplos de denotação e conotação.
Denotação e conotação referem-se ao sentido literal e ao sentido figurado da palavra respectivamente.

Denotação e conotação são dois conceitos distintos, relacionados ao sentido que uma palavra tem no enunciado. A denotação é o uso do sentido literal e objetivo da palavra. A conotação é o uso do sentido figurado e subjetivo da palavra. Ao construir um enunciado, é possível usar as palavras explorando o sentido literal ou figurado. Essa escolha permite que a linguagem seja usada de forma mais objetiva ou de forma mais criativa, dependendo do contexto.

Leia também: Figuras de linguagem — quais são e como usar

Resumo sobre denotação e conotação

  • Denotação e conotação são conceitos relacionados ao sentido das palavras.
  • As palavras podem ser usadas de diversas formas no enunciado.
  • A denotação é o uso do sentido literal e objetivo da palavra.
  • A conotação é o uso do sentido figurado e subjetivo da palavra.
  • Alguns gêneros textuais exigem a linguagem denotativa, enquanto outros permitem o uso de linguagem conotativa para dar maior expressividade.

Videoaula sobre denotação e conotação

O que é denotação e conotação?

Denotação e conotação são conceitos relacionados ao sentido das palavras. A denotação é o sentido literal, ou seja, aquele que é encontrado nos dicionários. Por exemplo:

Ilustração de bueiro aberto em uma rua para exemplificar conceito de denotação.
Cuidado com esse buraco no meio da rua! Você pode se machucar.

Nessa frase, a palavra “buraco” é usada no sentido denotativo, indicando uma abertura ou uma fenda no meio da rua.

Já a conotação é o sentido figurado, ou seja, aquele que depende do contexto, sem ser o sentido literal. Por exemplo:

Ilustração de mulher com buraco no peito para exemplificar o conceito de conotação.
Desde que ela se foi, abriu-se um buraco em meu peito…

Nesse caso, a palavra “buraco” é usada no sentido conotativo, pois não se trata de um buraco real que foi aberto no peito de alguém. Na verdade, o sentido é figurado, indicando um sentimento de vazio, uma saudade, a dor de uma perda.

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Linguagem denotativa x linguagem conotativa

A diferença entre essas duas linguagens está no uso das palavras, considerando seu significado no texto. A linguagem denotativa usa as palavras em sentido literal; portanto, é uma linguagem objetiva, clara e sem ambiguidades. Seu uso é mais comum em textos científicos, técnicos, didáticos ou em alguns textos jornalísticos que procuram transmitir fatos de maneira objetiva e isenta, como notícias e reportagens. Exemplo:

“Tais características permitem inferir que o paciente tem um coração saudável.”

A linguagem conotativa usa as palavras em sentido figurado, permitindo múltiplas interpretações. Portanto, seu uso preza pela emoção, criatividade e subjetividade. Esse tipo de linguagem é comum em textos literários ou em gêneros publicitários. Exemplo:

“Não espere muito dele... Ele tem um coração de pedra.”

Veja também: Qual a diferença entre linguagem literária e linguagem não literária?

Como identificar a denotação e a conotação?

Há algumas formas de entender se a palavra foi usada em sentido denotativo ou conotativo:

  • Analise o significado da palavra na frase: observe se o sentido da palavra é o original, que seria encontrado no dicionário, por exemplo. Em caso positivo, há denotação; porém, se o sentido for diferente, com carga figurativa, é conotativo.
  • Tente substituir a palavra por um sinônimo: veja que substituições são possíveis no contexto. Caso o sinônimo do sentido original caiba no contexto, há denotação. Porém, se o sentido mudar, há conotação.
  • Preste atenção ao tipo de texto em que se encontra a palavra: certos gêneros textuais só admitem linguagem denotativa, enquanto outros permitem que a linguagem seja conotativa. Por exemplo, se você estiver lendo um manual de instruções, as palavras são usadas em seu sentido literal e objetivo, então a linguagem é denotativa.

Função da denotação e da conotação

Denotação e conotação são características diferentes em textos, sendo usadas de acordo com o gênero textual e a intenção do falante. O uso da linguagem denotativa garante clareza e objetividade na comunicação, pois, por essa linguagem, evitam-se ambiguidades ou duplas interpretações. Portanto, a denotação implica um uso informativo da língua, para transmitir fatos ou instruções objetivamente.

Já a linguagem conotativa garante mais expressividade e emoção na comunicação, pois, por essa linguagem, permitem-se múltiplas interpretações, além de formas de se expressar mais criativas e, às vezes, impactantes. Portanto, a conotação implica um uso estético e estilístico da língua, para aumentar a expressividade do texto e criar efeitos de sentido estilísticos, que agradam, chocam ou influenciam o receptor da mensagem.

Saiba mais: Expressões idiomáticas e o sentido conotativo das palavras

Denotação e conotação em contextos não verbais

A linguagem denotativa e conotativa também é presente em contextos não verbais, envolvendo imagens, símbolos e gestos. Muitas vezes, usamos elementos visuais para passar uma mensagem. Se o elemento visual em questão é usado de forma literal, usa-se linguagem denotativa. No entanto, se ele é usado como um símbolo para indicar outra ideia, trata-se de linguagem conotativa. Observe esta imagem:

Vários ângulos de uma pomba, ilustrando o uso de linguagem denotativa.
De maneira literal, a imagem mostra apenas vários ângulos de uma pomba branca.

Na imagem, uma pomba branca foi fotografada por vários ângulos. Essa imagem pode refletir um estudo sobre a anatomia de pombas, seja para estudos de medicina veterinária, seja para desenhos.  Agora, veja esta outra imagem:

Desenho de uma pomba, ilustrando o uso de linguagem conotativa.
A pomba branca pode ter significado simbólico de paz.

Aqui, há um desenho que faz alusão a uma pomba. Em muitas culturas, a pomba branca está associada à ideia de “paz”, que é o que esse desenho também pode representar, segundo a interpretação de algumas pessoas. Por isso, trata-se de linguagem conotativa em contexto não verbal. Veja mais uma imagem:

Mãos simulando a forma de um pássaro, ilustrando o uso de linguagem conotativa.
Outro exemplo de uso conotativo da linguagem não verbal.

Aqui, novamente há uso de linguagem conotativa, pois a mensagem passada na imagem não está relacionada às mãos por si só, e sim ao formato que elas fazem, representando outro conceito, o de um pássaro.

A linguagem conotativa é muito usada na linguagem não verbal para expressar ideias, conceitos, metáforas, entre outros, como no caso de placas de trânsito, por exemplo.

Placas de trânsito para exemplificar o uso de linguagem conotativa.
As placas de trânsito usam linguagem conotativa para passar instruções aos pedestres e motoristas.

Exercícios resolvidos sobre denotação e conotação

Questão 1

(Vunesp 2022)

 Leia o texto, para responder à questão.

Um dia na vida de Adão e Eva

Para entender nossa natureza, nossa história e nossa psicologia, devemos entrar na cabeça dos nossos ancestrais caçadores-coletores.

O campo próspero da psicologia evolutiva afirma que muitas de nossas características psicológicas e sociais do presente foram moldadas durante essa longa era pré-agrícola. Ainda hoje, afirmam especialistas da área, nosso cérebro e nossa mente são adaptados para uma vida de caça e coleta. Nossos hábitos alimentares e nossos conflitos são todos consequência do modo como nossa mente de caçadores-coletores interage com o ambiente pós-industrial de nossos dias, com megacidades, aviões, telefones e computadores. Esse ambiente nos dá mais recursos materiais e vida mais longa do que a desfrutada por qualquer geração anterior, mas também nos faz sentir alienados, deprimidos e pressionados.

Para entender por quê, apontam os psicólogos evolutivos, precisamos nos aprofundar no mundo de caçadores-coletores que nos moldou, o mundo que, subconscientemente, ainda habitamos.

Por que, por exemplo, as pessoas se regalam com alimentos altamente calóricos que tão pouco bem fazem a seus corpos? Nas savanas e florestas que caçadores-coletores habitavam, alimentos doces e calóricos eram extremamente raros, e a comida em geral era escassa. Se uma mulher da Idade da Pedra se deparasse com uma árvore repleta de figos, a coisa mais razoável a fazer era ingerir o máximo que pudesse imediatamente, antes que um bando de babuínos comesse tudo. Hoje, podemos morar em apartamentos com geladeiras abarrotadas, mas nosso DNA ainda pensa que estamos em uma savana. É o que nos motiva a comer um pote inteiro de sorvete.

(Yuval Noah Harari. Sapiens: uma breve história da humanidade. 34ª ed. – Porto Alegre, RS: L&PM, 2018. Excerto adaptado)

No contexto de leitura, está empregada em sentido figurado a palavra destacada em:

A) ... nossas características psicológicas e sociais do presente foram moldadas durante essa longa era... (2º parágrafo)

B) Esse ambiente nos dá mais recursos materiais e vida mais longa do que a desfrutada por qualquer geração... (2º parágrafo)

C) ... são todos consequência do modo como nossa mente de caçadores-coletores interage com o ambiente... (2º parágrafo)

D) ... as pessoas se regalam com alimentos altamente calóricos que tão pouco bem fazem a seus corpos? (4º parágrafo)

E) … devemos entrar na cabeça dos nossos ancestrais caçadores-coletores. (1º parágrafo)

Resposta

Alternativa A. A palavra “moldadas” tem seu sentido literal relacionado ao ato de alterar a forma física, contornar, desenhar, esculpir etc. Porém, no contexto, fala-se de características psicológicas e sociais, ou seja, o sentido figurado de adaptar.

Questão 2

(Vunesp 2019)

Pãezinhos quentinhos

A grande alegria familiar de Fabrício não é levar presentes para os filhos ou para a esposa, não é fechar bons negócios no trabalho, não é a promessa de um prato predileto, mas é abrir a porta de casa com os pãezinhos quentinhos no colo. Esquentam o seu peito no caminho a pé, tal bebê sonhando com o berço. Que alegria é quando ele chega à padaria e o atendente diz “o pão acabou de sair”.

Aparecer na padaria exatamente com o pão saindo do forno é como um prêmio, pois Fabrício não levaria os pães cabisbaixos, frios e duros, cansados. Estava pegando os mais cobiçados, os de miolo quente e de casca crocante. Desciam do fogo direto para o calor das mãos e o café da tarde da família.

Fabrício já salivava imaginando a geleia de morango ou a manteiga derretendo em sua crosta. Não pode haver, para ele, melhor sensação do que ser pontual na retirada dos pães. Ele encara os vizinhos na rua com a superioridade do privilégio. Não pode nem fechar o saco onde estão os pães, tamanho o frescor do nascimento. O cheiro emana para a barba de Fabrício.

Não existe desentendimento com a mulher, cisma dos filhos, dívida bancária ou mal-estar com a vida que resista à sua aparição caseira gritando: “Os pães quentinhos, venham logo para a mesa!”

(Fabrício Carpinejar. Minha esposa tem a senha do meu celular. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2019. Adaptado)

Assinale a alternativa em que há palavra ou expressão empregada com sentido figurado.

A) … abrir a porta de casa com os pãezinhos quentinhos no colo.

B) … Fabrício não levaria os pães cabisbaixos, frios e duros…

C) Fabrício já salivava imaginando a geleia de morango…

D) Não pode nem fechar o saco onde estão os pães…

E) Não existe desentendimento com a mulher…

Resposta

Alternativa B. O adjetivo “cabisbaixos” é usado para seres humanos, referindo-se a estar de cabeça baixa, geralmente expressando tristeza ou desânimo. No entanto, foi usado como adjetivo para “pãezinhos”, com sentido figurado para indicar que seriam pães ruins, velhos ou pouco atraentes.

Fontes

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.

Publicado por Guilherme Viana
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