Trago ou trazido?
“Trago” e “trazido” são formas verbais que existem e são usadas na língua portuguesa, mas de maneira diferente.
“Trago” pode ser uma conjugação, no modo indicativo, do verbo “tragar” ou do verbo “trazer”. “Trazido” é o particípio do verbo “trazer”.
Leia também: Qual é a forma correta: exceção ou excessão?
“Trago” ou “trazido”? Qual a diferença?
As palavras “trago” e “trazido” existem na língua portuguesa, mas são usadas em contextos diferentes. Podem ser conjugações do verbo “trazer”, e, no caso de “trago”, pode ainda ser uma conjugação do verbo “tragar”.
Quando usar “trago”?
A forma verbal “trago” pode ser uma conjugação do verbo “tragar” ou do verbo “trazer”.
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Conjugação do verbo “tragar”
Quando “trago” é uma forma verbal do verbo “tragar”, ele está conjugado na 1ª pessoa do singular (eu) do tempo presente do modo indicativo. O verbo “tragar” é sinônimo de “engolir”, “ingerir”, “deglutir”, “absorver”, “sugar”, “incorporar”.
Veja alguns exemplos:
Eu trago um gole por vez, pois essa bebida está muito quente.
Eu trago o comprimido todo de uma só vez.
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Conjugação do verbo “trazer”
Quando “trago” é uma forma verbal do verbo “trazer”, ele está conjugado na 1ª pessoa do singular (eu) do tempo presente do modo indicativo. O verbo “trazer” é sinônimo de “transportar”, “levar”, “carregar”, “dar”, “oferecer”.
Veja mais alguns exemplos:
Hoje, trago notícias empolgantes para compartilhar com todos vocês.
Na festa de aniversário, trago um presente que você vai adorar.
Pode deixar que eu já trago o carro lavado, pai.
Quando usar “trazido”?
Já a forma “trazido” é uma das formas nominais do verbo “trazer”, sendo o particípio. Assim, geralmente é acompanhada dos verbos auxiliares “ter” ou “haver” na voz ativa ou do verbo auxiliar “ser” na voz passiva.
Veja nos exemplos a seguir:
O livro que você me emprestou tem me trazido muitas horas de entretenimento.
Nós havíamos trazido tantas lembranças daquela viagem...
Ele foi trazido às pressas ao hospital.
Regência do verbo “trazer”
O verbo “trazer”, dependendo do contexto, pode ser classificado como transitivo direto ou bitransitivo.
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“Trazer” como verbo transitivo direto
O verbo “trazer” pode ser transitivo direto quando pede apenas um complemento: o objeto direto, ou seja, aquele que não é acompanhado de preposição.
Veja neste enunciado:
Sujeito + verbo transitivo direto + objeto direto
Eu trouxe o material necessário.
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“Trazer” como verbo bitransitivo
O verbo “trazer” pode ser bitransitivo, ou seja, direto e indireto, quando apresentar, na oração, dois complementos: um objeto direto (sem preposição) e um objeto indireto (com preposição).
Veja novamente o enunciado anterior, agora acompanhado também de um objeto indireto:
Sujeito + verbo bitransitivo + objeto direto + objeto indireto
Eu trouxe o material necessário para a equipe.
Leia também: Qual é a forma correta: externo ou esterno?
Exercícios resolvidos sobre “trago” ou “trazido”
Questão 1
Em qual das alternativas, a forma verbal “trago” é mais indicada para ser usada?
A) Não tenho _________ muitas dúvidas da aula, ultimamente.
B) Ele havia _________ um equipamento bem caro para os treinos.
C) Já teríamos finalizado o projeto se eu tivesse _________ o relatório que faltava.
D) Hoje, eu vim trabalhar sem carro, mas na próxima eu _________ todas as peças.
Resposta
Alternativa D é a que pede o uso de “trago”, justificado pela conjugação no presente do indicativo: “eu trago todas as peças”.
Questão 2
Em qual das alternativas, a forma verbal “trazido” é mais indicada para ser usada?
A) Ele havia não apenas _________ o dinheiro que devia como também o entregou em espécie.
B) Quando eu _________ meus jogos, a gente acaba nem jogando...
C) Não sei se _________ rápido demais essa bebida, mas sei que a acho muito fraca.
D) _________ eu ou traz você, na próxima vez?
Resposta
Alternativa A é a que pede o uso de “trazido”, justificado pelo verbo “havia” em posição anterior: “havia trazido o dinheiro”.
Fontes:
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.