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Ciclo do cacau

O ciclo do cacau foi um dos ciclos da história econômica do Brasil, tendo o seu auge entre as décadas de 1890 e 1920. A Bahia foi o estado que se beneficiou desse ciclo.
Imagem aproximada um pé de cacau (cacaueiro), uma alusão ao ciclo do cacau, um dos ciclos econômicos do Brasil.
O ciclo do cacau teve o seu auge no Brasil, entre as décadas de 1890 e 1920.

O ciclo do cacau foi um dos ciclos da história econômica do Brasil, tendo o seu auge entre as décadas de 1890 e 1920. A produção cacaueira no Brasil foi realizada para atender a demanda internacional de cacau para a produção de chocolate. O ciclo do cacau se manifestou no sul e sudeste da Bahia.

O cacau foi cultivado na região amazônica, de onde é originário, mas foi na Bahia que prosperou. A região de Ilhéus foi a maior beneficiada, passando por um período de enriquecimento acelerado. O ciclo do cacau intensificou as disputas políticas e por terra na região. O auge desse ciclo se encerrou quando o cacau da Costa do Ouro ocupou o lugar do cacau brasileiro no mercado internacional.

Leia também: Ciclo da borracha — ciclo econômico brasileiro simultâneo ao ciclo do cacau

Resumo sobre o ciclo do cacau

  • O ciclo do cacau foi um dos ciclos da história econômica do Brasil.

  • Seu auge se estendeu da década de 1890 à década de 1920.

  • O cacau cultivado no Brasil era voltado para atender a demanda internacional de cacau para produção de chocolate.

  • O sul e o sudeste baianos foram as regiões mais beneficiadas por esse ciclo econômico.

  • A região de Ilhéus passou por um enriquecimento acelerado, mas viu seus problemas sociais e políticos se agravarem.

  • A concorrência do cacau produzido na Costa do Ouro finalizou o ciclo do cacau no Brasil.

O que foi o ciclo do cacau?

O ciclo do cacau foi um dos ciclos econômicos que existiram na história brasileira. Ficou marcado pelo plantio de cacau para que essa mercadoria fosse exportada aos mercados consumidores na Europa e na América do Norte. Iniciou-se no final do século XIX, quando a produção de cacau na Bahia encontrou o seu auge.

O ciclo do cacau se estendeu até a década de 1920, quando o cacau brasileiro perdeu espaço no mercado internacional para o cacau produzido em colônias inglesas no continente africano. O ciclo do cacau contribuiu para o enriquecimento da região de Ilhéus e fez do Brasil, por um curto período, o maior produtor de cacau do planeta.

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Características do ciclo do cacau

O ciclo do cacau no Brasil se desenvolveu com características bastante semelhantes às de outros ciclos econômicos de nossa história. O cultivo do cacau aqui ficou marcado como uma atividade baseada na monocultura, com produção que atendia os interesses do mercado internacional.

Além disso, o ciclo do cacau ficou marcado pela flutuação dos preços do produto no mercado internacional, o que afetava diretamente os produtores. Ainda, quanto à monocultura, essa atividade agrícola era realizada em latifúndios, por meio de enorme exploração da mão de obra.

História do ciclo do cacau no Brasil

O cacaueiro é uma árvore nativa da Amazônia, e sua popularização está relacionada com o sucesso que o chocolate fez na Europa. O chocolate foi uma invenção de civilizações mesoamericanas que foi levada para o continente europeu, tornando-se uma mercadoria de luxo. Isso incentivou a exploração do cacau na América.

Algumas plantações se desenvolveram na região amazônica no século XVII, mas foi só no século seguinte que a produção de cacau tornou-se mais importante para a economia da região.

Primeiro ciclo do cacau

No século XVIII, o cultivo de cacau foi levado da região amazônica para o litoral da Bahia, adaptando-se muito bem ao sul e sudeste do estado. A chegada do cacau à Bahia foi uma tentativa de substituir a economia açucareira, em crise no estado. A cidade que mais se beneficiou do plantio do cacau foi Ilhéus.

A produção de cacau na Bahia ganhou um enorme impulso a partir da década de 1890, vivendo seu auge até a década de 1920. Nesse período, os produtores de cacau gozaram de enorme prosperidade, que se refletiu na infraestrutura da cidade de Ilhéus.

Na década de 1890, a Bahia tornou-se a maior produtora de cacau do Brasil, com esse produto sendo exportado para os Estados Unidos e Europa principalmente. Entre 1900 e 1920, a produção de cacau na Bahia disparou e chegou a ser produzido cerca de 370 mil toneladas de cacau em um ano.

A cidade de Ilhéus viveu um breve período de grande prosperidade que resultou em inúmeras construções. A cidade também contou com a presença de muitos estrangeiros, que vinham para se aproveitar da riqueza que circulava na cidade, e, evidentemente, muitos brasileiros se mudaram para a região à procura de emprego.

O primeiro ciclo de cacau também intensificou as disputas por terra, e configurou uma nova elite na região, que usou o seu dinheiro para controlar a política local. Os coronéis que se consolidaram graças ao cacau usavam de seu dinheiro e poder para tomar terras de produtores pequenos. A disputa pelo poder entre os coronéis também causou violência na região.

Segundo ciclo do cacau

A década de 1920 marcou o fim do primeiro ciclo, quando o Brasil passou a ser superado pelas colônias inglesas que produziam cacau na África, em especial na Costa do Ouro. O cacau brasileiro perdeu espaço e a prosperidade do negócio caiu na Bahia. Ainda assim, o cacau era um produto de grande importância para a economia da região.

Entende-se que o segundo ciclo de cacau se iniciou com a criação do Instituto de Cacau da Bahia (ICB), criado para desenvolver a produção de cacau, auxiliando os produtores e atuando para garantir a comercialização do produto, seu transporte etc. O objetivo final era permitir que a produção aumentasse.

A produção de cacau enfrentou inúmeros desafios, tais como pragas e flutuações do preço e da produção. Seu segundo ciclo se encerrou quando o Governo Federal interveio na produção, estabelecendo uma comissão para cuidar da produção cacaueira.

Terceiro ciclo do cacau

O terceiro ciclo se iniciou com a criação da Comissão Executiva de Recuperação Econômico-Rural da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em 1967. O Governo Federal interveio por meio da Ceplac com o objetivo de desenvolver a produção cacaueira no Brasil e aumentar a lucratividade dessa atividade econômica.

A Ceplac contou com uma série de órgãos, que tinham como objetivo promover pesquisas para criar meios que garantiriam a modernização da produção cacaueira. A produção de cacau deu um salto, rendendo valores consideráveis para a economia brasileira. Esse ciclo se encerrou em 1989, quando uma praga chamada vassoura-de-bruxa se instalou nas plantações, fazendo com que a produção despencasse no Brasil. Foi somente no século XXI que a produção cacaueira se recuperou.

Acesse também: Ciclo do pau-brasil — o primeiro ciclo econômico da história do Brasil

Crise e fim do ciclo do cacau

Entende-se que o auge do ciclo cacaueiro se encerrou na década de 1920, quando a produção brasileira foi superada pelo cacau produzido em Costa do Ouro, atual Gana, no continente africano. O entendimento clássico do termo “ciclo do cacau” refere-se, portanto, ao período em que a produção cacaueira na Bahia esteve em seu auge, isto é, entre 1890 e 1920.

A concorrência inglesa fez com que o cacau brasileiro perdesse espaço no mercado internacional, afetando a produtividade das plantações daqui. Isso afetou o negócio e fez com que esse período de maior prosperidade se encerrasse.

Consequências do ciclo do cacau

O ciclo do cacau trouxe algumas consequências, tais como:

  • fortalecimento do latifúndio e da monocultura;

  • disputa por terras;

  • formação de uma elite dominante na Bahia;

  • enriquecimento de Ilhéus;

  • evidente desigualdade social;

  • dependência do mercado externo etc.

Importância do ciclo do cacau

O ciclo do cacau contribuiu para o desenvolvimento econômico, permitindo que uma nova atividade econômica pudesse se estabelecer em uma economia que sofria com a decadência da cultura açucareira. Essa prosperidade permitiu o desenvolvimento de uma infraestrutura local, mas não foi acompanhada por iniciativas de distribuição de renda.

Representações culturais do ciclo do cacau

O ciclo do cacau teve um forte impacto na realidade social do sul e sudeste baianos, impactando-os de diversas formas, inclusive culturalmente. A representação cultural de maior impacto é encontrada na obra de Jorge Amado, importante escritor brasileiro. Ele produziu vários livros que abordam o período do ciclo do cacau como contexto histórico de seus enredos. Sua obra mais conhecida é Gabriela, cravo e canela, adaptada para televisão e transmitida como novela em diferentes versões.

Exercícios resolvidos sobre ciclo do cacau

Questão 1

Escritor brasileiro que abordou o ciclo do cacau em suas obras:

A) Machado de Assis

B) Álvares de Azevedo

C) Jorge Amado

D) Lima Barreto

E) Graciliano Ramos

Resolução:

Alternativa C

Foi Jorge Amado quem retratou o ciclo do cacau em algumas de suas obras, tais como São Jorge de Ilhéus, Terras do sem-fim, entre outras.

Questão 2

O auge do ciclo do cacau aconteceu em qual período da história brasileira:

A) Primeira República

B) Segundo Reinado

C) Era Vargas

D) República de 1946

E) Ditadura Militar

Resolução:

Alternativa A

Foi entre as décadas de 1890 e 1920 que a produção de cacau esteve no auge no Brasil. Esse período corresponde ao da Primeira República.

Fontes

BARROS, Carlos Juliano. A saga do cacau na Bahia. Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/2005/05/a-saga-do-cacau-na-bahia/.

GOMES, Carlos Valério Aguiar. Ciclos econômicos do extrativismo na Amazônia na visão dos viajantes naturalistas. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bgoeldi/a/xf4Jt77zfhJf86QSvGTdSZK/?format=pdf&lang=pt

MARINHO, Pedro Lopes. O Estado e a economia cacaueira na Bahia. Disponível em: https://www.abphe.org.br/arquivos/pedro-lopes-marinho_1.pdf

NUTRIÇÃO FSP. Cacau, da Amazônia para o mundo. Disponível em: https://fsp.usp.br/eccco/index.php/2023/04/15/cacau-da-amazonia-para-o-mundo/.

PIASENTIN, Flora Bonazzi; SAITO, Carlos Hirro. Os diferentes métodos de cultivo de cacau no sudeste da Bahia, Brasil: aspectos históricos e percepções. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1981-81222014000100005.

Publicado por Daniel Neves Silva

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