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Celtas

Celtas é como conhecemos diferentes povos da Antiguidade que viveram em regiões do continente europeu. Sua designação foi dada pelos gregos, e, atualmente, os historiadores consideram que o fator primordial para definir-se quem eram os celtas é o idioma (embora alguns defendam a religião e cultura como principais fatores).

Existe uma polêmica a respeito do tempo em que eles viveram, mas parte dos especialistas trabalha com a periodização que se estende de 600 a.C. até 600 d.C. Os celtas organizavam-se em tribos, cada qual com suas especificidades. Seu desaparecimento está relacionado com a romanização e a cristianização que sofreram.

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Constituição dos celtas

Os estudiosos que se dedicam ao assunto entendem que a denominação “celta” é uma forma genérica desenvolvida para nomear uma série de povos que possuíam formatação cultural semelhante. Assim, entendemos que os celtas são um povo que reúne etnias e tribos que, apesar de possuirem semelhanças culturais, eram distintas entre si.

Os povos celtas tiveram sua origem cultural na Europa Central, mas a presença deles se espalhou por todo o continente europeu. Inclusive, idioma e cultura são os principais fatores utilizados por historiadores e arqueólogos para definir-se quem era celta e quem não era.

Portanto, o termo celta abrange uma multiplicidade de pequenas tribos e povos que possuíam uma origem cultural em comum. Eles habitaram diversas regiões do continente europeu e estiveram nas ilhas britânicas, na Península Ibérica, na Europa Central, na região da atual Alemanha, em regiões do leste europeu, chegando até a Ásia Menor (atual Turquia).

No entanto, por que ainda enxergamos diferentes povos como se eles fossem apenas um? A origem dessa classificação de um grupo de pessoas como povo celta, até onde sabemos, está no século V a.C. Os responsáveis pelo termo em questão foram os gregos, e os primeiros registros dele foram feitos por Hecateu de Mileto e Heródoto, dois eruditos que, para tanto, utilizaram a expressão keltoi.

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O termo celta era utilizado para referir-se aos povos que habitavam o norte das regiões litorâneas do mar Mediterrâneo. Era uma forma de generalizar uma variedade de povos que possuíam características em comum, e essa visão grega era apenas fruto do desconhecimento dessas culturas.

Por fim, é importante falarmos que os historiadores não têm ideia se os celtas viam a si mesmos dessa forma. Isso reforça a ideia de que essa classificação veio de uma visão de fora, isto é, a visão que os gregos tinham deles.

Quando e onde surgiram os celtas?

Lápide entalhada com estilo artístico típico dos celtas.
Lápide entalhada com estilo artístico típico dos celtas.

Como explicado, os celtas foram constituídos por povos e tribos que possuíam aproximação idiomática e cultural. Isso significa que existia uma origem cultural em comum entre eles, e ela aponta para a Europa Central. A evolução cultural de povos daquela região é apontada pelos historiadores como o surgimento dos celtas, e, a partir de determinado momento, essas populações ganharam diferentes localizações na Europa.

O estágio inicial deu-se com a Cultura dos Campos das Urnas, que existiu na Europa Central e surgiu por volta de 1200 a.C. Ela é entendida pelos historiadores como uma cultura protocelta, ou seja, que apresentava algumas iniciais características célticas. Com o tempo, ela foi evoluindo e dando origem a novas culturas.

A primeira delas foi a Cultura Hallstatt, e considera-se que, nas suas fases finais, os povos influenciados por ela já manifestavam características celtas. Por volta do século V a.C., surgiu a Cultura La Tène, resultado do contato de povos da Europa Central com a cultura grega e da introdução do ferro nessa região. Esses povos influenciados pela La Tène eram considerados celtas.

Acesse também: Ragnarok – como os vikings encaravam o fim do Universo

Localização dos celtas

Povos célticos, como os celtiberos e os lusitanos, estiveram na Península Ibérica (Portugal e Espanha).
Povos célticos, como os celtiberos e os lusitanos, estiveram na Península Ibérica (Portugal e Espanha).

Os celtas estiveram em diferentes regiões do continente europeu. Da Europa Central, eles percorreram por toda a Europa e estiveram na Península Ibérica (atual Portugal e Espanha), na Gália (atual França), chegando ao leste europeu e alcançando regiões como Ilíria e Trácia.

Por volta dos séculos IV a.C. e III a.C., a Europa Central estava muito povoada, não havendo recursos suficientes para todos. Além disso, as guerras entre os celtas começaram a ser mais comuns, e isso motivou algumas tribos a migrarem, daí se explicando a sua difusão pelo continente europeu.

Algumas das tribos procuraram estabelecer-se no sul da Europa, em território grego e romano. Isso causou diferentes conflitos entre os celtas, gregos e romanos. Os celtas que tentaram estabelecer-se na Grécia foram expulsos, e alguns deles se fixaram na Ásia Menor, atual Turquia. Esses celtas ficaram conhecidos como gálatas.

O local na Europa que mais ficou conhecido pela sua tradição céltica foram as ilhas britânicas. A presença deles nos locais onde ficam atualmente Inglaterra, País de Gales, Escócia e as duas Irlandas foi muito forte. Os gaélicos, pictos e britônicos foram as principais tribos célticas nessa região.

A existência desses povos começou a ser ameaçada com a presença romana, que promoveu a romanização de algumas das áreas habitadas pelos celtas, e com a cristianização, que aconteceu na Europa no final da Antiguidade e começo da Idade Média.

Sociedade celta

Os guerreiros eram uma das classes sociais mais importantes da sociedade céltica.[1]
Os guerreiros eram uma das classes sociais mais importantes da sociedade céltica.[1]

A organização dos celtas dava-se em tribos conhecidas como tuatha. Cada tribo era uma junção de famílias que possuíam ligação cultural, religiosa e linguística. A grande diversidade de tribos célticas permite-nos dizer que, apesar das aproximações, poderiam existir diferenças consideráveis de uma tribo para outra, sobretudo na religião.

Os celtas formavam uma sociedade estratificada e, portanto, hierarquizada. Os quatro grandes grupos da organização social céltica eram os druidas, os nobres e os guerreiros, ocupando uma posição semelhante, e os homens livres e os escravos. O governo era realizado por um rei,  escolhido entre os nobres e guerreiros.

O grupo mais importante e influente da sociedade celta eram os druidas. Eles se ocupavam de diferentes tarefas, e as principais delas estavam relacionadas com a acumulação do conhecimento da tribo, a elaboração das leis e sua aplicação — inclusive, se necessário, contra o próprio rei — e a condução dos rituais religiosos.

Todo o conhecimento obtido pelos druidas, no âmbito religioso, jurídico ou filosófico, era repassado para as novas gerações por meio da oralidade. Isso porque uma característica importante dos celtas é que a cultura deles se baseava na oralidade e não na escrita. Isso só se modificou com a crescente influência dos romanos sobre eles.

Guerreiros e nobres representavam a aristocracia na sociedade celta. Os guerreiros celtas ficaram famosos e foram registrados na literatura greco-romana. Eram vistos como resistentes, e outros registros falavam que eles pintavam seus corpos de azul e que alguns deles chegavam a ir para a guerra nus.

Os homens livres eram homens comuns que tiravam seu sustento do trabalho braçal, sendo, principalmente, camponeses. Na base da sociedade, estavam os escravos, grupos que trabalhavam no auxílio dos agricultores e que eram obtidos como prisioneiros de guerra.

Acesse também: Religião dos vikings – a mitologia nórdica

Religião celta

Os celtas eram politeístas e adoravam diversos deuses, cada qual com sua função específica. Os celtas realizavam diferentes rituais religiosos, dos quais o Beltane e o Samhain são os mais conhecidos. O Samhain, inclusive, foi a origem de muitas das práticas que caracterizam o Halloween, festa popular na cultura dos Estados Unidos.

A religião celta tinha uma forte aproximação com a natureza, e por isso os rituais e festivais religiosos eram feitos ao ar livre. Entre os rituais está a realização de sacrifícios humanos, sendo que neles a necromancia (previsão baseada na forma como o sangue jorrava ou como as entranhas caíam do corpo da vítima) era realizada.

Os celtas acreditavam na reencarnação humana, e os túmulos de seus mortos continham diversos itens de uso pessoal daquele que havia falecido, incluindo símbolos religiosos. Outra crença celta era a da transmigração das almas humanas para os corpos de animais, sobretudo peixes e pássaros.

Créditos da imagem

[1] Alizada Studios e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva

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