Guerra dos Sete Anos
A Guerra dos Sete Anos (1754-1763) foi um dos principais conflitos que ocorreram no século XVIII. Suas consequências repercutiram em todo o mundo à época, haja vista que as principais potências daquele período participaram da guerra, incluindo Portugal e Espanha, que tinham ainda sob o seu jugo as colônias na América Latina, e França e Inglaterra, que também estavam envolvidas com o processo de colonização do continente americano, sobretudo na América do Norte. Em virtude da ampla repercussão que teve, a Guerra dos Sete Anos foi concebida por alguns autores como tendo sido a verdadeira “Primeira Guerra Mundial”. Para que possamos compreender satisfatoriamente os motivos que levaram a essa guerra, é necessário que nos atenhamos a um acontecimento específico: a Guerra de Sucessão Austríaca.
A Guerra de Sucessão Austríaca, que durou de 1740 a 1748, ocorreu entre Áustria e Prússia após a morte do sacro imperador Carlos VI, pai de Maria Teresa, arquiduquesa da Áustria, a quem legou o seu império. Os reinos da Prússia, da Baviera e da Espanha intervieram contra a assunção de Maria Teresa, desencadeando a guerra. Dessa guerra, a Prússia e seus aliados tiveram maior êxito, sobretudo em razão da ocupação da região da Silésia pelo rei prussiano, Frederico II. Esse conflito só teve fim com a assinatura do Tratado de Aquisgrão, em 1748.
Pois bem, oito anos após o fim da guerra pela sucessão do trono da Áustria, a rainha Maria Teresa, conseguindo o apoio de outras nações, como Rússia, França, Suécia e Saxônia (depois viria a receber também o apoio da Espanha, que mudaria de lado durante a guerra), decidiu reaver os territórios perdidos para a Prússia. O império inglês, por sua vez, ficou do lado da Prússia. Desse, modo, como as alianças já estavam estabelecidas, teve início a grande guerra.
Ingleses e franceses, que já eram inimigos históricos, digladiaram-se no conflito ocorrido em Minorca, um dos lugares mais cobiçados do mar Mediterrâneo. Essa batalha ocorreu em 20 de maio de 1756. Esse episódio é tido como o ponto de expansão da guerra para além dos domínios europeus, haja vista que tanto França quanto Inglaterra possuíam colônias na América.
Portugal, que a princípio ficou indeciso sobre que posição tomar em meio à guerra, optou por ficar do lado dos ingleses para preservar as alianças comerciais e militares que já vinha firmando desde 1703. Os espanhóis, que se posicionaram ao lado dos franceses, entraram em confronto com os portugueses no Sul do Brasil, na região da tríplice fronteira.
Com a morte da czarina Elizabeth, da Rússia, uma das principais aliadas de Maria Teresa na guerra, e a assunção de Pedro III ao trono russo, em 1762, foi firmado um acordo de paz entre Prússia e Rússia. Esse acordo diminuiu a intensidade da guerra, que só teve fim mesmo em 1763, quando foi assinado o Tratado de Hubertusburg. Apesar dos milhares de mortos e do esgotamento econômico, o Estado Prussiano e os seus aliados ingleses saíram vitoriosos da guerra, ambos se consolidando como grandes potências até a época das Guerras Napoleônicas, nas duas primeiras décadas do século XIX.