Maomé
Maomé, chamado pelos muçulmanos de Muhammad, foi o profeta do islamismo, dando origem a essa religião no século VII. Segundo a tradição islâmica, Maomé era um comerciante que recebeu uma revelação de Alá e iniciou as suas pregações em Meca. Por meio da guerra, conseguiu impor-se na Península Arábica.
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Origens
Maomé nasceu na cidade de Meca, localizada na Arábia Saudita, no mês de Rabi al-Awwal, o terceiro mês do calendário islâmico. No calendário gregoriano, seria abril de 570. O profeta do islamismo pertencia ao clã Hashim e à tribo dos coraixitas. Os muçulmanos chamam seu profeta de Muhammad.
A tribo de Muhammad era uma das mais importantes de Meca, sendo a responsável pela conservação da Caaba, um sítio considerado sagrado na Arábia antes do surgimento do islamismo. Além disso, a tribo de Muhammad cuidava dos peregrinos que iam a Meca, pois a cidade, antes da existência do islamismo, já era um local de peregrinação religiosa.
Muhammad tornou-se órfão bastante cedo, uma vez que seu pai, Abdallah, morreu quando seu filho ainda estava em gestação. Sua mãe chamava-se Amina bint Wahb e faleceu quando o profeta possuía apenas seis anos de idade. Assim, Muhammad foi morar com o avô Abd al-Muttalib.
Casamento
Depois Muhammad foi morar na casa de seu tio, Abu Talib, um comerciante que trabalhava com caravanas e que transmitiu esse ofício ao seu sobrinho. Assim, o profeta tornou-se condutor de caravanas, realizando viagens para a Síria e Mesopotâmia. Sua reputação era tão boa que ele ficou conhecido como “al-Amin”, que significa “confiável”.
Em 595, Muhammad foi contratado por Khadija bint Khuwaylid para que ele levasse uma caravana dela à Síria. Khadija era viúva e conhecida por ser uma comerciante muito próspera. Quando Muhammad retornou, Khadija pediu o profeta em casamento. Muhammad tinha por volta de 25 anos, e Khadija — acredita-se —, cerca de 40 anos, mas há historiadores que afirmam que ela poderia ser mais jovem um pouco.
Do casamento de Muhammad com Khadija nasceram seis filhos, dois homens, que morreram na infância, e quatro mulheres. Ao longo de sua vida, Muhammad, que havia sido um órfão, ainda adotou algumas crianças para fazer parte de sua família. Fala-se que muito provavelmente o casamento de Muhammad com Khadija era feliz, sobretudo porque o profeta não desposou nenhuma outra mulher enquanto Khadija esteve viva.
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Revelação
Na tradição muçulmana, Muhammad é conhecido como o profeta do islamismo, aquele a quem Alá revelou a sua palavra. Essa parte da vida de Muhammad se iniciou em 610, quando ele tinha 40 anos. Isso aconteceu quando Muhammad estava em um retiro espiritual em que ele ia para o deserto nos arredores de Meca para meditar.
No dia 17 do mês de Ramadã, o nono e mais importante mês do calendário islâmico, Muhammad estava retirado em uma caverna chamada Hira. Nesse momento, a tradição islâmica conta que Muhammad foi visitado por um anjo, o Anjo Gabriel, que teria dito para ele proclamar a palavra de Deus. Muhammad respondeu|1|:
Recita em nome do Deus que te criou, criou o homem de sangue coagulado.
Recita. E teu Senhor é o mais generoso, que ensinou com a pena, ensinou ao homem o que não sabia.
Esse evento deixou Muhammad aterrorizado e temeroso, uma vez que, na tradição muçulmana, as visões sobrenaturais são eventos considerados poderosos e podem ser “dolorosos” para as sensações de um ser humano. A tradição islâmica aponta que Khadija teve um papel muito importante para consolar Muhammad e fazê-lo entender do que se tratava.
Hégira
A partir de 513, Muhammad iniciou as suas pregações. As visões e os eventos sobrenaturais tinham reaparecido, mas agora ele havia entendido do que se tratava e passou a pregar a mensagem de Alá em Meca. Muhammad passou a pregar contra a fé pagã e os falsos deuses que eram adorados naquela cidade.
As pregações de Muhammad incomodaram os grandes comerciantes da cidade, pois a peregrinação religiosa era um negócio lucrativo. Pregar contra os deuses que eram adorados lá poderia prejudicar a peregrinação de fiéis e, por consequência, enfraquecer o comércio local. Assim, esse grupo se opôs ao profeta.
Aos poucos, Muhammad conseguiu formar um grupo de seguidores, e a sua esposa, Khadija, foi a primeira a se converter. O crescimento dos seguidores de Muhammad fez com que a perseguição aos muçulmanos aumentasse. Um grupo de 80 pessoas decidiu fugir de Meca e foi para o Reino de Axum (Etiópia) para sobreviver.
Em 619, Muhammad sofreu alguns reveses e teve de lidar com a morte de seu tio, Abu Talib, e de sua esposa, Khadija. Além disso, a perseguição a Muhammad fez com que ele fosse expulso do clã de Hashim. Isso colocava a vida dele em risco, uma vez que ele poderia ser facilmente assassinado e não haveria nenhum tipo de vingança por sua morte.
Muhammad, então, partiu à procura de novos clãs para abrigá-lo até que recebeu uma mensagem positiva de Yathrib, cidade conhecida atualmente como Medina. Os habitantes dessa cidade aceitaram recebê-lo, pensando que ter o apoio do profeta poderia enfraquecer Meca, pois Medina e Meca eram concorrentes comerciais.
Em 622, Muhammad sabia que um plano para assassiná-lo estava em curso e, então, ele fugiu de Meca e se mudou para Medina. Esse acontecimento recebeu o nome de Hégira e marcou o início do calendário islâmico.
Expansão do islamismo
Em Medina, Muhammad atraiu seus fiéis e conseguiu crescer em poder, tornando-se o homem mais poderoso da cidade. Ele usou dessa força para adequar a cidade àquilo em que ele acreditava e lançou guerra contra seu maior adversário: Meca. A guerra contra a cidade de Meca estendeu-se por oito anos.
Nesse período, Muhammad e Medina promoveram ataques contra caravanas vindas de Meca, enfrentaram tropas dessa cidade em campo aberto e sofreram um cerco que resultou em uma grande derrota para Meca. A sucessão dos conflitos de Medina com Meca contribuiu para fortalecer Muhammad e Medina, bem como para enfraquecer Meca.
Esse foi o período de maior poder de Muhammad, pois, além de se tornar senhor de Medina, ele expandiu seu poder para outras cidades, levando a fé islâmica. Em 630, Muhammad liderou um ataque contra Meca e a cidade rendeu-se sem oferecer resistência. Muhammad ofereceu anistia a todos que se convertessem e destruiu os ídolos que existiam lá.
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Morte
Quando Muhammad morreu, ele estava no auge do seu poder, pois, depois de Meca, conquistou outras cidades árabes, levando a fé islâmica para toda a Península Arábica. Faleceu em 8 de junho de 632, em consequência de uma doença. Foi sucedido por Abu Bakr no comando dos árabes, sendo esse o primeiro califa. A fé islâmica espalhou-se pelos continentes asiático, africano e europeu.
Notas
|1| ARMSTRONG, Karen. Maomé (Locais do Kindle 1560-1563). Companhia das Letras. Edição do Kindle.