23 de abril – Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral
No dia 23 de abril é comemorado o Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral. Do papiro à tela dos mais sofisticados aparelhos eletrônicos, o percurso do livro pela da história é longo. Esse produto cultural é importante instrumento de difusão de conhecimento, além de fonte inesgotável de entretenimento. O escritor, não obstante, agente fundamental para a existência do livro, não poderia ser esquecido nessa data. Assim é que a celebração do livro foi associada ao reconhecimento dos direitos autorais.
Veja também: 21 de Março – Dia Mundial da Poesia
Objetivo do Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral
A criação, em 23 de abril de 1995, do Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais tem como objetivos principais o reconhecimento e a exaltação da importância do livro e do escritor para o desenvolvimento intelectual da humanidade.
A responsável pela inserção dessa data no calendário mundial foi a Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), instituição de abrangência internacional vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), durante o XXVIII Congresso Geral, realizado em Paris.
O que é comemorado no Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral?
Comemora-se, no Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral, o livro como a materialização física e simbólica da criatividade humana. Por meio do livro, compartilha-se conhecimentos sistematizados por todas as ciências — exatas, biológicas e humanas —, o que possibilita o desenvolvimento da humanidade em múltiplos aspectos: econômicos, científicos, sociais, políticos, sociológicos, históricos, antropológicos... A lista é enorme!
Além de propiciar a difusão de conhecimento de variadas áreas do saber, o livro também é um importante meio de entretenimento. Afinal, a humanidade, ao longo de séculos, tem experimentado, nas páginas de romances, contos, crônicas, textos teatrais, coletâneas de poemas etc., inúmeras emoções desencadeadas pela literatura, que tem o livro como principal suporte.
A chegada de formatos digitais, porém, tem despertado discussões sobre a sobrevivência do livro. Não obstante, a existência de um dia de celebração do livro e do autor incentiva o debate constante acerca dessas incertezas advindas da popularização de novos suportes tecnológicos para a difusão de conhecimento e sobre os direitos do autor na era digital.
Ao defender os direitos autorais e o acesso livre ao fruto da genialidade humana, defende-se, portanto, a criatividade, a diversidade e a igualdade de acesso ao conhecimento. O livro e o seu autor têm um papel fundamental: difundir conhecimentos e, com isso, fomentar o desenvolvimento da sociedade, além de que podem colocar o ser humano diante de situações que despertam suas emoções, impulsionando-o à sensibilidade e à intensificação de sua humanidade em um mundo cada vez mais carente de humanização.
Leia também: 18 de abril – Dia Nacional do Livro Infantil
10 livros que você deve conhecer!
Há, na história da literatura, inúmeros livros que transcenderam a época e a sociedade em que foram escritos, revelando-se universais em razão das problemáticas que abordam e da estética que os emolduram. Listamos 10 obras que compõem o cânone literário da cultura ocidental.
1. Édipo rei
Trata-se de uma peça teatral, de autoria de Sófocles (496 a.C. – 406 a.C.), encenada pela primeira vez por volta de 430 a. C., na Grécia Antiga.
Seu enredo: Laio, rei de Tebas, foi avisado por um Oráculo, espécie de adivinho, que seria assassinado por seu próprio filho e que este se casaria com a própria mãe. Assim, para evitar a concretização dessa desgraça, Laio abandona a criança em um lugar distante, colocando-lhe pregos nos pés, para que morresse. Um pastor, porém, encontra-o e dá-lhe o nome de Édipo (“pés-furados”). Posteriormente, ele é adotado pelo rei de Corinto. Já adulto, Édipo, por sua vez, também consulta o oráculo. A partir daí, desenrola-se uma série de ações surpreendentes.
2. Crime e castigo
Publicado em 1866, esse romance, escrito pelo autor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), narra a história de Raskolnikov, um pobre ex-estudante de Direito que vive em um pequeno quarto alugado em São Petersburgo, na Rússia.
Esse cenário de miséria e falta de perspectiva contribui para que ele decida matar uma velha agiota a quem deve dinheiro. Consumado o assassinato, as inquietações psicológicas atormentam-no a tal ponto de ser levado a confessar o crime. Traduzida para vários idiomas, essa obra permanece como símbolo do romance moderno em razão da densidade psicológica de seu protagonista.
3. Madame Bovary
Publicado em 1856, na França, esse romance de Gustave Flaubert (1821-1880) narra a história de Emma Bovary, casada com o médico Charles. Emma, enfadada com monotonia da pequena cidade em que vive e com o tédio que é seu casamento, vive mergulhada na leitura de romances românticos, sonhando para si os destinos idealizados dos enredos que lê.
Como válvula de escape, além das leituras que faz, comete adultério. A trama possui um desfecho trágico, e é tida como uma das mais importantes da história da literatura, dando origem, inclusive, ao termo “bovarismo” e ao realismo.
Acesse também: Realismo no Brasil – a representação brasileira da estética criada por Flaubert
4. Orgulho e preconceito
Publicado em 1813, esse romance da escritora inglesa Jane Austen (1775-1817) tem um enredo que gira em torno da família Bennet, composta por marido, esposa e suas cinco filhas: Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia.
Ambientada no interior da Inglaterra durante o início do século XIX, a trama terá Elizabeth Bennet, a segunda filha mais velha, como protagonista. Caracterizada como uma jovem bela, mas de temperamento orgulhoso e de personalidade forte, Elizabeth mostra-se à frente de seu tempo ao expressar descontentamento com as convenções sociais. Em um contexto no qual à mulher cabia ser submetida a um casamento arranjado, casar todas as filhas torna-se meta do senhor e da senhora Bennet, principalmente com a chegada dos jovens ricos Bingley e Darcy à região. Entretanto submeter Elizabeth Bennet a um casamento arranjado não será nada fácil!
5. Memórias póstumas de Brás Cubas
Publicada em 1881, essa importante obra da literatura brasileira, escrita por Machado de Assis, apresenta ao leitor um narrador um tanto quanto inusitado: um narrador defunto. Contrariando a lógica do movimento realista ainda que dentro desse estilo, Brás Cubas, rico membro da elite carioca do século XIX, rememora, depois de morto, os acontecimentos que marcaram sua vida, a fim de fazer um balanço do que viveu, de um lugar privilegiado: o além túmulo.
Não seguindo uma lógica cronológica, o narrador ora narra fatos de um passado mais remoto, por exemplo, remetendo a sua infância, ora narra fatos mais atuais, próximos ao momento de sua morte. Sempre muito irônico, Brás Cubas tece uma fina crítica à sociedade do século XIX, crítica pertinente ainda na contemporaneidade. Para saber mais sobre esse romance fundador do realismo no Brasil, leia: Memórias Póstumas de Brás Cubas.
6. Metamorfose
Obra do escritor austro-húngaro Franz Kafka (1883-1924), A metamorfose, publicada em 1915, narra a surpreendente história do caixeiro-viajante Gregor Samsa, misteriosamente transformado em um enorme inseto.
Isolado em seu quarto, o grotesco protagonista passa a sobreviver com os restos de alimentos jogados por seus familiares. Como Gregor Samsa era o único membro da família que trabalhava, seu novo estado faz com que seus membros familiares tenham que se organizar para garantir o sustento da casa. Apesar de ser uma narrativa curta, essa obra persiste como um clássico da literatura ocidental, já que a situação extrema vivida pelo protagonista pode ser alçada à metáfora de uma série de outras situações em que o ser humano vê-se impossibilitado de ação.
7. 1984
De autoria de George Orwell (1903 - 1950), essa obra, publicada em 1949, é uma das mais importantes do estilo distópico, ou seja, aquele em cujos enredos não há espaço para utopias, sonhos, esperança.
A trama gira em torno do personagem Winston, que vive sob um regime autoritário na fictícia Oceania, onde seus habitantes são vigiados 24 horas por dia por câmeras controladas por seu líder, chamado de Grande Irmão, como sugerem os letreiros espalhados pela cidade: “O GRANDE IRMÃO ESTÁ DE OLHO EM VOCÊ”.
O protagonista, porém, não aceita com passividade essa realidade controlada pelo Estado. Ao criticar um totalitarismo ficcional, o autor estende sua visão aos regimes totalitários das décadas de 1930 e 1940, além de promover uma reflexão sobre qualquer forma autoritarismo ou outros mecanismos de controle social.
8. Sentimento do mundo
Escrito pelo poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), esse livro de poemas foi publicado em 1940. Há, nessa obra, poemas que expressam a inquietação e a impotência do ser humano diante de um mundo marcado por guerras e conflitos de dimensões mundiais.
Poemas como “Sentimento do mundo”, “Os ombros suportam o mundo”, “Mãos dadas”, “Congresso Internacional do Medo” evidenciam uma voz lírica perplexa diante da realidade hostil predominante no contexto histórico em que o livro foi escrito. Ainda hoje essa obra encontra ecos nos leitores contemporâneos, sendo capaz de propor reflexões sobre o ser e o estar no mundo.
9. A hora da estrela
Última obra de Clarice Lispector (1920-1977), publicada em 1977, A hora da estrela é narrada por uma voz masculina, o narrador fictício Rodrigo S. M., que relata a história da jovem nordestina pobre Macabéa.
Ao migrar para o Rio de Janeiro, em busca de melhores condições de vida, Macabéa é empregada como datilógrafa em um estabelecimento de propriedade de Raimundo, o qual vive descontente com sua funcionária.
Ingênua, Macabéa também vivencia uma experiência amorosa, um tanto quanto desajustada, com Olímpico, imigrante nordestino como ela. Apesar de ser uma obra de Clarice Lispector mais acessível ao leitor, já que a narração desenrola-se com menos fluxo de consciência, característica recorrente nas obras da autora, nota-se em A hora da estrela, associada à crítica social, uma preocupação em constituir-se a subjetividade de Macabéa, mesmo com base em uma ótica masculina.
10. O conto da aia
Essa obra da escritora canadense Margaret Atwood (1939), publicada em 1985, apresenta ao leitor uma realidade distópica. Ambientada em um Estado totalitário, em que as mulheres são vítimas da opressão masculina a ponto de tornarem-se propriedade do governo, a narrativa é centrada em Offred, protagonista cujo papel, assim como o de outras mulheres, é gerar filhos para os líderes masculinos tirânicos.
Sendo privadas de direitos, as mulheres nessa sociedade machista têm um único propósito: procriar. Essa obra, portanto, apesar de ficcional, mostra-se relevante em um contexto em que ainda se faz pertinente a luta contra o machismo.