Conclave

O conclave é o nome do sistema eleitoral utilizado pela Igreja Católica para determinar a escolha de um novo papa. A eleição para escolha de um papa está estabelecida na Igreja Católica desde o século XI, mas foi somente a partir do século XIII que esse sistema passou a ser conhecido como conclave.
No conclave, os cardeais eleitores, um total de 120, ficam isolados do mundo externo, reunindo-se quatro vezes por dia para votar em um sucessor. O conclave se encerra quando uma pessoa recebe 80 votos, isto é, 2/3 dos votos. O vencedor do conclave deve aceitar o pontificado antes de ser anunciado e deve escolher um nome.
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Resumo sobre conclave
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Conclave é o nome da eleição organizada pela Igreja Católica para eleger um novo papa.
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A Igreja Católica estabeleceu as eleições como meio de escolha do papa no século XI, e, desde o século XIII, esse sistema é chamado de conclave.
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No conclave, os cardeais eleitores se reúnem na Capela Sistina para escolher o novo pontífice.
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Uma pessoa só é eleita se receber 2/3 dos votos, isto é, 80 votos.
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Finalizado o conclave, a Igreja Católica informa os fiéis lançando uma fumaça branca da chaminé da Capela Sistina.
O que é o conclave?
O conclave é a eleição realizada pela Igreja Católica para determinar a escolha do novo papa, o líder da Santa Sé e o grande nome do catolicismo no planeta. O conclave é realizado quando o papa falece ou quando ele abdica de sua função, deixando vaga a posição de papa. Participam do conclave todos os cardeais que são considerados eleitores do Colégio de Cardeais.
Atualmente, o conclave é formado por 120 cardeais eleitores que se reúnem na Capela Sistina, no Vaticano, para votar a escolha do novo papa. O sistema de eleições para escolha do novo papa foi estabelecido pela Igreja Católica no século XI, com o objetivo de deixar mais organizada e clara a sucessão papal.
Esse sistema, no entanto, foi modificado consideravelmente, e o atual modelo de conclave surgiu no século XIII. A palavra conclave é originária do latim, sendo traduzido como “com chave”, uma referência ao fato que os cardeais eleitores eram trancados na Capela Sistina até que um novo papa fosse eleito.
A Igreja Católica determina que a pessoa eleita como papa deve conquistar 2/3 dos 120 votos disponíveis no conclave.
Como ocorre o conclave?

O conclave é iniciado sempre que um papa falece ou renuncia sua posição como Sumo Pontífice. Depois da renúncia ou do falecimento, o comando da Igreja Católica é transferido para o camerlengo, que preside o Sacro Colégio de Cardeais e que fica responsável por cuidar da Santa Sé em momentos como esse.
O camerlengo também cuida dos bens da Igreja, mas, no contexto do conclave, ele também fica responsável por esse evento. Com a vacância na posição do papa, a Igreja Católica tem de 15 a 20 dias para dar início ao conclave, sendo que os cardeais que participarão da votação ficam acomodados em um local chamado Domus Sanctae Marthae.

Os cardeais eleitores ficam completamente isolados, não podendo ter acesso a nenhum tipo de notícia sobre o que se passa no mundo durante o período de realização do conclave. No primeiro dia do conclave, é realizada uma eleição, e, não havendo eleito com 2/3 dos votos, os cardeais ficam marcados de se reunir novamente no dia seguinte.
Partindo disso, do segundo dia do conclave em diante, são realizadas quatro eleições por dia, sendo 2 eleições pela manhã e 2 no período da tarde. Esse ciclo se repete por três dias, e, se ainda não houver vencedor, é tirado um dia para que os cardeais se reúnam em oração e em meditação. Todo esse ciclo se repetirá por até sete vezes.
Depois disso, não havendo ainda eleito com 2/3 dos votos, a Igreja Católica determina que os dois candidatos mais votados da última votação vão para uma disputa final, que se encerrará quando um deles receber 2/3 dos votos. Ao longo do conclave, a cada eleição, a Igreja Católica sinalizará aos fiéis se a eleição terminou com um papa eleito ou não. A chaminé da Capela Sistina emite uma fumaça preta para quando não houver papa eleito e uma fumaça branca para quando houver um novo papa.
Uma vez determinado o novo papa, o camerlengo pergunta ao cardeal se ele aceita o resultado da eleição e se aceita assumir a posição de pontífice. Caso haja o aceite, o conclave é encerrado.
Votação no conclave
O Colégio de Cardeais é formado por aqueles que são eleitores e que participam do conclave, sendo composto por 120 cardeais. Esse número está vigente, desde 1975, quando Paulo VI assim estabeleceu. Os cardeais eleitores, obrigatoriamente, tem menos de 80 anos e se reúnem para o conclave em até 20 dias da vacância da posição de papa.
O primeiro dia do conclave é marcado por apenas uma eleição, e, caso não haja um papa eleito, os cardeais só retornam para votar no dia seguinte. No segundo dia em dia se iniciam o ciclo de quatro votações por dia, sendo que, após o terceiro dia sem um papa eleito, é retirado um dia de “descanso”, no qual os cardeais oram e meditam.
Essas quatro votações são realizadas nos períodos da manhã e da tarde, sendo duas em cada período. Os cardeais recebem uma cédula em que escrevem o nome daquele em quem estão votando. Os cardeais não podem votar em si mesmos, e esse ciclo de eleições de três dias de votação e um para oração e meditação se repete por sete vezes.
Depois disso, uma última fase é realizada com os dois últimos cardeais mais votados. O vencedor será aquele que obter 2/3 dos votos.
Como é anunciada a eleição do novo papa?
![Fumaça branca anunciando a escolha do papa Bento XVI após o conclave realizado em 2005. [4]](https://static.mundoeducacao.uol.com.br/mundoeducacao/2025/02/anuncio-conclave.jpg)
A tradição que se estabeleceu recentemente pela Igreja Católica determina que a chaminé da Capela Sistina seja usada para informar o resultado do conclave. Quando sair fumaça preta, significa que não houve vencedor e que nova disputa acontecerá em breve. Quando sair uma fumaça branca, significa que a Igreja Católica possui um novo papa.
O que acontece após o conclave?
![Papa Francisco saudando os fiéis após ser eleito papa no conclave realizado em 2013. [5]](https://static.mundoeducacao.uol.com.br/mundoeducacao/2025/02/papa-francisco-conclave.jpg)
Depois do conclave, um cardeal diácono vai até o público para informar sobre o desfecho das votações do conclave, trazendo informações sobre o novo papa. Nesse momento, é informado o nome pelo qual o novo papa será conhecido. Enquanto isso, o novo papa é investido na posição, usando as roupas designadas para um papa e se encaminhando para a varanda da Capela Sistina, onde vai saudar os fiéis.
Como é escolhido o nome do papa?
A escolha do nome do novo papa que é eleito pelo conclave é definida pela própria pessoa que é eleita para a posição. Em outras palavras, é o próprio papa quem escolhe o nome que ele utilizará durante o seu pontificado. Os papas têm liberdade para escolherem o nome que quiserem, mas optam, ultimamente, por utilizar nome de apóstolos, junções desses nomes ou, então, nome de figuras importantes no cristianismo.
Muitos papas optam por escolher nomes utilizados por papas anteriores, criando uma sucessão. Isso acontece, geralmente, como uma forma de homenagear esses papas. Na Idade Antiga e na Idade Média, por sua vez, era comum que os papas utilizassem o seu próprio nome durante o pontificado.
O costume de trocar o nome do papa se tornou popular a partir do século VI, quando um homem chamado Mercúrio se tornou papa. Ele não queria ser chamado pelo seu nome de origem porque se referia a um deus pagão. Assim, ele alterou seu nome papal para João II.
Quem pode ser o papa?
A Igreja Católica não estabelece critério para determinar quem pode ou não pode ser papa. Na teoria, todos os homens católicos e batizados podem ser eleitos papas, mas, na prática, somente os cardeais eleitores é que recebem votos para a função. É um costume da igreja, desde o século XIV, que só cardeais sejam eleitos.
Acesse também: Papa Francisco — detalhes sobre o atual papa da Igreja Católica
Qual foi o maior conclave da história?
O conclave mais longo da história se estendeu de 29 de novembro de 1268 a 1º de setembro de 1271, encerrando com a eleição do papa Gregório X. Esse conclave totalizou mais de 1000 dias de duração.
Qual foi o menor conclave da história?
O menor conclave da história foi o realizado em 1503, sendo responsável pela eleição do papa Júlio II. Esse conclave teve menos de dez horas de duração, segundo relatos da época.
Lista de conclaves
A lista de conclaves ao longo da história é a seguinte:
Lista de conclaves |
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Número |
Realização |
Eleito |
1º |
1061 |
Alexandre II |
2º |
1073 |
Gregório VII |
3º |
1086 |
Vítor III |
4º |
1088 |
Urbano II |
5º |
1099 |
Pascoal II |
6º |
1118 |
Gelásio II |
7º |
1119 |
Calisto II |
8º |
1124 |
Honório II |
9º |
1130 |
Inocêncio II |
10º |
1143 |
Celestino II |
11º |
1144 |
Lúcio II |
12º |
1145 |
Eugênio III |
13º |
1153 |
Anastácio IV |
14º |
1154 |
Adriano IV |
15º |
1159 |
Alexandre III |
16º |
1181 |
Lúcio III |
17º |
1185 |
Urbano III |
18º |
1187 (outubro) |
Gregório VIII |
19º |
1187 (dezembro) |
Clemente III |
20º |
1191 |
Celestino III |
21º |
1198 |
Inocêncio III |
22º |
1216 |
Honório III |
23º |
1227 |
Gregório IX |
24º |
1241 |
Celestino IV |
25º |
1243 |
Inocêncio IV |
26º |
1254 |
Alexandre IV |
27º |
1261 |
Urbano IV |
28º |
1264–1265 |
Clemente IV |
29º |
1268–1271 |
Gregório X |
30º |
1276 (janeiro) |
Inocêncio V |
31º |
1276 (julho) |
Adriano V |
32º |
1276 (setembro) |
João XXI |
33º |
1277 |
Nicolau III |
34º |
1280–1281 |
Martinho IV |
35º |
1285 |
Honório IV |
36º |
1287–1288 |
Nicolau IV |
37º |
1292–1294 |
Celestino V |
38º |
1294 |
Bonifácio VIII |
39º |
1303 |
Bento XI |
40º |
1304–1305 |
Clemente V |
41º |
1314–1316 |
João XXII |
42º |
1334 |
Bento XII |
43º |
1342 |
Clemente VI |
44º |
1352 |
Inocêncio VI |
45º |
1362 |
Urbano V |
46º |
1370 |
Gregório XI |
47º |
1378 |
Urbano VI |
48º |
1389 |
Bonifácio IX |
49º |
1404 |
Inocêncio VII |
50º |
1406 |
Gregório XII |
51º |
1417 |
Martinho V |
52º |
1431 |
Eugênio IV |
53º |
1447 |
Nicolau V |
54º |
1455 |
Calisto III |
55º |
1458 |
Pio II |
56º |
1464 |
Paulo II |
57º |
1471 |
Sisto IV |
58º |
1484 |
Inocêncio VIII |
59º |
1492 |
Alexandre VI |
60º |
1503 (setembro) |
Pio III |
61º |
1503 (outubro–novembro) |
Júlio II |
62º |
1513 |
Leão X |
63º |
1521–1522 |
Adriano VI |
64º |
1523 |
Clemente VII |
65º |
1534 |
Paulo III |
66º |
1549–1550 |
Júlio III |
67º |
1555 (abril) |
Marcelo II |
68º |
1555 (maio) |
Paulo IV |
69º |
1559 |
Pio IV |
70º |
1565–1566 |
Pio V |
71º |
1572 |
Gregório XIII |
72º |
1585 |
Sisto V |
73º |
1590 (setembro) |
Urbano VII |
74º |
1590 (outubro–dezembro) |
Gregório XIV |
75º |
1591 |
Inocêncio IX |
76º |
1592 |
Clemente VIII |
77º |
1605 (março–abril) |
Leão XI |
78º |
1605 (maio) |
Paulo V |
79º |
1621 |
Gregório XV |
80º |
1623 |
Urbano VIII |
81º |
1644 |
Inocêncio X |
82º |
1655 |
Alexandre VII |
83º |
1667 |
Clemente IX |
84º |
1669–1670 |
Clemente X |
85º |
1676 |
Inocêncio XI |
86º |
1689 |
Alexandre VIII |
87º |
1691 |
Inocêncio XII |
88º |
1700 |
Clemente XI |
89º |
1721 |
Inocêncio XIII |
90º |
1724 |
Bento XIII |
91º |
1730 |
Clemente XII |
92º |
1740 |
Bento XIV |
93º |
1758 |
Clemente XIII |
94º |
1769 |
Clemente XIV |
95º |
1774–1775 |
Pio VI |
96º |
1799–1800 |
Pio VII |
97º |
1823 |
Leão XII |
98º |
1829 |
Pio VIII |
99º |
1830–1831 |
Gregório XVI |
100º |
1846 |
Pio IX |
101º |
1878 |
Leão XIII |
102º |
1903 |
Pio X |
103º |
1914 |
Bento XV |
104º |
1922 |
Pio XI |
105º |
1939 |
Pio XII |
106º |
1958 |
João XXIII |
107º |
1963 |
Paulo VI |
108º |
1978 (agosto) |
João Paulo I |
109º |
1978 (outubro) |
João Paulo II |
110º |
2005 |
Bento XVI |
111º |
2013 |
Francisco |
Origem e história dos conclaves
As eleições papais se estabeleceram como método de escolha dos papas a partir do século XI e, somente a partir do século XIII, é que ficaram conhecidas como conclaves. Antes do século XI, não havia um sistema determinado para escolha de um novo papa, abrindo espaço para que os novos papas fossem escolhidos de diversas maneiras, incluindo nomeações e eleições.
Em 1059, a Igreja Católica estabeleceu o Colégio de Cardeais, determinando que eles seriam os responsáveis por eleger um novo papa sempre que necessário. O atual cenário conhecido como conclave e marcado pelo isolamento dos cardeais eleitores somente foi estabelecido por meio do Ubi periculum, documento promulgado pelo Papa Gregório X em 1274. Com o passar do tempo, o funcionamento do conclave foi sendo alterado, até chegar à forma como é realizado hoje.
Curiosidades sobre o conclave
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Ao final de cada eleição, os votos dos cardeais são queimados.
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Durante o conclave que elegeu Gregório X, três cardeais faleceram.
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Os dois últimos papas que renunciaram ao pontificado foram: Bento XVI (2013) e Gregório XII (1415).
Créditos de imagem
[1] Semeghini Defendi / Digiteca / Wikimedia Commons (reprodução)
[3] Wehwalt / Wikimedia Commons (reprodução)
[4] Tulumnes / Wikimedia Commons (reprodução)
[5] Tenan / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
AQUINO, Felipe. Como funciona o Conclave. Disponível em: https://noticias.cancaonova.com/especiais/pontificado/francisco/conclave/como-funciona-o-conclave/.
REDAÇÃO. A escolha do papa. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/educacao/infograficos/qualquer-um-pode-ser-papa/.
SARTORE, Melissa. Conclave: como um novo papa é eleito na igreja católica? Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2025/01/conclave-como-um-novo-papa-e-eleito-na-igreja-catolica.
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