Cruz Vermelha

A Cruz Vermelha é uma instituição humanitária internacional sem vinculação estatal que atua na defesa de pessoas em situação de vulnerabilidade causada por conflitos armados. O objetivo dessa instituição é fornecer auxílio, de forma a garantir a proteção dessas pessoas e a aliviar o sofrimento delas causado pela guerra.

A Cruz Vermelha estrutura-se em três diferentes organizações que formam o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. A instituição surgiu em 1863 e credita-se esse surgimento aos relatos realizados por Henri Dunant, um empresário suíço que ficou chocado com a mortandade causada por uma batalha ocorrida em 1859.

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Origem da Cruz Vermelha

O relato que o suíço Henri Dunant fez sobre a Batalha de Solferino foi crucial para a fundação da Cruz Vermelha, em 1863.[1]

O Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho surgiu em 1863, na cidade de Genebra, localizada na Suíça. Sua criação aconteceu para atender a uma carência do mundo na segunda metade do século XIX: a amenização do sofrimento daqueles que enfrentavam conflitos armados.

Até esse período, pouquíssimos soldados feridos recebiam algum tipo de cuidado médico, e grande parte deles era deixada no campo de batalha para morrer. Foi exatamente esse fato que levou o suíço Jean-Henri Dunant a indignar-se com o que ele viu em uma batalha que aconteceu na Itália em 1859.

Dunant era um empresário nascido em Genebra, em 8 de maio de 1828. Ele era filho de um casal de calvinistas que tinham certa proeminência local. Dunant foi ensinado a ser generoso com as outras pessoas, aprendendo a importância das obras de caridade. Com o tempo, ele se tornou empresário, mas sempre se envolveu com ações de caridade.

Em 1859, ele realizou uma viagem de negócios à região da atual Itália para ter com Napoleão III. Durante esse período, ele se deparou com o cenário da Batalha de Solferino, ocorrida, em 24 de junho, como parte dos conflitos motivados pela Unificação da Itália. Nessa guerra, milhares de soldados austríacos, italianos e franceses (aliados dos italianos) padeciam por seus ferimentos sem receber nenhum tipo de tratamento.

Nessa ocasião, Dunant abriu mão dos seus interesses de negócios e formou um pequeno grupo que realizou o tratamento voluntário de alguns dos feridos. Depois que retornou para a Suíça, ele escreveu um livro chamado Lembrança de Solferino e publicou-o em 1862. Seu livro denunciou o descaso para com os soldados e ficou muito conhecido na Europa.

Após chamar a atenção de personalidades por todo o continente europeu, seu relato motivou cinco cidadãos suíços — o próprio Dunant, além de Gustave Moynier, Guillaume-Henri Dufour, Louis Appia e Theodore Maunoir — a reunirem-se e formarem um comitê para realizar os socorros dos soldados que se feriam em batalha. Assim, entre os dias 26 e 29 de outubro de 1863, reuniu-se o Comitê dos Cinco, e considera-se o dia 26 de outubro como o dia da fundação da Cruz Vermelha.

No ano seguinte, os membros da Cruz Vermelha encaminharam convites para os governos das nações europeias, dos Estados Unidos, do México e do Brasil, para que eles estabelecessem as primeiras determinações humanitárias da história. Por meio dessa convenção, foi emitido o documento “Convenção de Genebra para a Melhoria das Condições dos Feridos das Forças Armadas em Campo”. Esse foi o primeiro mecanismo internacional de proteção dos médicos que atuavam nos conflitos de maneira neutra e voluntária.

Em 1867, o idealizador da instituição declarou a falência de seus negócios porque ele tinha passado mais tempo trabalhando pela Cruz Vermelha do que administrando sua empresa. Esse fator, somando a problemas de relacionamento com Gustave Moynier, fez com que Dunant saísse da organização. Décadas depois, em 1901, ele foi premiado com um Nobel da Paz.

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Missão, organização e símbolos da Cruz Vermelha

Voluntários da Cruz Vermelha em ação na Geórgia, durante o conflito desse país com a Rússia em 2008.[2]

A Missão Internacional da Cruz Vermelha e Crescente Vermelha é uma organização que se divide em três partes:

  • Comitê Internacional da Cruz Vermelha: surgido em 1863, conforme explicado, tem como objetivo garantir o atendimento aos soldados feridos em conflitos armados bem como dar apoio à população afetada. Representa-se por um grupo de gestão dividido em cinco instâncias.
  • Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho: criada em 1919, tem o intuito de unificar a comunicação entre as diversas operações da Cruz Vermelha que se espalharam pelo mundo. É responsável por coordenar mundialmente as ações realizadas por essa organização.
  • Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho: representa as 191 sociedades nacionais que formam a Cruz Vermelha. Cada sociedade representa um país no qual a organização opera.

Como já falamos, a Cruz Vermelha tem como objetivo garantir proteção às pessoas que sofrem com as consequências causadas pelos conflitos armados, mas ela também atua em outras situações de emergência, como as causadas por desastres naturais. É um grupo formado por voluntários que trabalham para amenizar o sofrimento dessas pessoas. Complementando a parte da missão, cabe destacar a proposta apresentada pela própria Cruz Vermelha:

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha é uma organização imparcial, neutra e independente, cuja missão exclusivamente humanitária é proteger a vida e a dignidade das vítimas de conflitos armados e outras situações de violência, assim como prestar-lhes assistência. O CICV também se esforça para evitar o sofrimento por meio da promoção e fortalecimento do direito e dos princípios humanitários universais|1|.

Por fim, cabe destacar que, originalmente, o símbolo da Cruz Vermelha é, como próprio nome sugere, uma cruz na cor vermelha. Ele foi proposto como uma inversão da bandeira suíça, que é formada por um fundo vermelho e uma cruz branca no meio dele. No caso da Cruz Vermelha, o símbolo tem um fundo branco e, sobre ele, uma cruz vermelha. Segundo as pesquisadoras Maria Neusa Fernandes e Susana Camargo Vieira, essa escolha foi uma forma de reforçar a origem da organização|2|.

A cruz vermelha e o crescente vermelho são os dois principais símbolos da Cruz Vermelha.

No começo do século XX, por pressão dos turcos, a Cruz Vermelha passou a adicionar outro símbolo nos países de população muçulmana: a lua crescente na cor vermelha. Assim, a cruz e a crescente vermelhas são as imagens dessa organização que ajuda milhões de pessoas no mundo. Apesar disso, a Cruz Vermelha alega que seus símbolos não têm nenhuma tipo de conotação religiosa e fazem referência à esperança e à proteção de todos os humanos.

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Cruz Vermelha no Brasil

Aqui a história da Cruz Vermelha remonta ao começo do século XX. Em 1907, por iniciativa do médico Joaquim de Oliveira Botelho, foi iniciado o debate para a fundação da Cruz Vermelha Brasileira. Ele mobilizou profissionais de várias áreas da sociedade, que realizaram uma reunião no Rio de Janeiro, em 17 de outubro de 1907, estabelecendo as bases dessa organização no Brasil.

Em 5 de dezembro de 1908, foi realizada uma nova reunião que estabeleceu o estatuto para o funcionamento da Cruz Vermelha Brasileira. O lançamento do estatuto é considerado o marco fundador dessa organização no Brasil. Seu reconhecimento internacional deu-se em 1912, e, durante a Primeira Guerra Mundial, seu trabalho já estava consolidado.

Na década de 1910, o Brasil ainda contou com a fundação das Damas da Cruz Vermelha Brasileira, um grupo de mulheres do Rio de Janeiro que se estabeleceram como enfermeiras voluntárias dessa organização. Atualmente, a Cruz Vermelha Brasileira segue funcionando, com o aval do Governo Federal, na realização de ações visando a amenizar o sofrimento dos que precisam.

Notas
|1| A missão e o mandato do CICV. Para acessar, clique aqui.

|2| CUNHA, Maria Neusa Fernandes de e VIEIRA, Susana Camargo. Cruz Vermelha: breve análise histórica de uma organização sui generis. Para acessar, clique aqui.

Créditos das imagens
[1]
svic e Shutterstock

[2] kojoku e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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