Empirismo

Empirismo é uma vertente da teoria moderna do conhecimento que defende que a origem do conhecimento e das ideias advém da experiência.
O filósofo inglês John Locke foi um dos principais representantes do empirismo britânico.

O empirismo é uma corrente filosófica, referente à teoria do conhecimento, que tem suas origens na filosofia aristotélica. O termo empirismo advém da palavra grega empeiria, que significa experiência. Na Modernidade, quando a possibilidade do conhecimento tornou-se central para a produção filosófica, a corrente empirista foi impulsionada por filósofos como Thomas Hobbes, John Locke e David Hume.

Estes se opunham aos racionalistas, que defendiam que o conhecimento é puramente racional e não depende da experiência. Os racionalistas eram, consequentemente, inatistas, pois defendiam a existência do conhecimento inato no ser humano, ou seja, que o conhecimento já está inserido no intelecto humano.

Basicamente, o empirismo defende que todo o conhecimento advém da experiência prática que temos cotidianamente, ou seja, que as nossas estruturas cognitivas somente aprendem por meio da vivência e das apreensões de nossos sentidos.

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Características do empirismo

O empirismo defende que toda a nossa estrutura cognitiva é formada com base na experiência prática, de modo que, quanto mais vastas, intensas e ricas as nossas experiências, mais amplo e profundo torna-se o nosso conhecimento. Aristóteles já defendia que o conhecimento advém da experiência, contrariando as teses platônicas, que eram essencialmente inatistas.

John Locke, um dos principais empiristas da Modernidade, afirmou que o ser humano é uma tábula rasa. A tábula era um instrumento romano de escrita, feito com cera. As pessoas escreviam na cera com uma espécie de estilete e, quando queriam apagar, bastava raspar ou derreter esse material.

Quando a tábula estava sem inscrições, era chamada de tábula rasa. Esta pode ser comparada a uma folha em branco. Isso significa que o ser humano nasce sem nenhum conhecimento e é preenchido de acordo com as vivências que ele adquire. O empirismo moderno foi defendido por filósofos como Thomas Hobbes, Francis Bacon, John Locke e David Hume, o que pode classificá-lo como, essencialmente, britânico.

Hobbes retomou a teoria do conhecimento aristotélica para enumerar o conhecimento como o despertar de vários graus, a saber: a sensação, a percepção, a imaginação, a memória e a experiência. A sensação é o primeiro despertar do conhecimento, que fornece dados para a percepção. A percepção, por sua vez, ativa a imaginação (somente imaginamos aquilo que podemos, de algum modo, conhecer na prática). Tudo isso fornece dados que podem ativar a memória, e o acúmulo de memória constitui o conjunto de saberes denominado experiência.

Bacon é o primeiro grande teórico do método filosófico e científico da indução. O método indutivo afirma que o conhecimento rigoroso é obtido pela repetição de experiências e pode ser controlado por meio da observação metódica do ser humano.

Locke formula uma espécie de empirismo crítico. A epistemologia de John Locke admite que há apenas uma categoria inata no ser humano: a capacidade de depreender conhecimento com base nas experiências. Segundo Locke, as estruturas cartesianas erram, desde o início, ao separar o ser humano em duas categorias distintas: corpo e alma. Segundo o filósofo, o ser humano é composto por corpo e alma simultaneamente, sem separações. E isso faz com que a alma impulsione o corpo a conhecer, pois não há qualquer tipo de conhecimento racional inato.

Para Hume, as ideias não são inatas, mas derivam das sensações e das percepções que o ser humano adquire. As sensações e percepções são fruto de um conjunto de vivências que adquirimos por meio dos sentidos. O que determina o grau e a capacidade de conhecimento humano são o nível e a intensidade das experiências adquiridas pelos sentidos.

Para Thomas Hobbes, o conhecimento é formado por diferentes graus.

Empirismo e racionalismo

O racionalismo moderno remonta às ideias de Platão, na Antiguidade. Assim como esse pensador, filósofos como René Descartes e Baruch de Spinoza defenderam a existência de uma racionalidade universal, que é inata ao ser humano enquanto ser racional. Para Descartes, a razão é a característica mais bem distribuída entre os seres humanos. O que acontece é que algumas pessoas não fazem uso dela.

Para os empiristas, essa ideia é falsa. Segundo a teoria racionalista, o conhecimento é feito de ideias que já estão inseridas na intelectualidade humana. Para os empiristas, as ideias somente podem ser obtidas via obtenção de intuições que advêm dos sentidos do corpo e da experiência.

A teoria empirista admite que existem ideias simples e ideias compostas. As ideias simples são formadas com base na experiência imediata que conhece objetos corriqueiros do mundo, como homem e cavalo. Já as ideias complexas são junções de duas ou mais ideias simples, perfazendo elementos compostos que não existem na realidade, mas podem ser imaginados, como o centauro, que é uma junção das ideias de homem e de cavalo.

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Empirismo e Iluminismo

A teoria empirista continua em debate durante o Iluminismo europeu. Gottfried Wilhelm Leibniz é um racionalista alemão que influencia, sobretudo, a produção filosófica do também iluminista Immanuel Kant. Este coloca um ponto final no embate entre empiristas e racionalistas, afirmando que o conhecimento humano advém, duplamente, das experiências práticas e das ideias racionais.

Kant encerra a querela entre racionalistas e empiristas.

Para Kant, a estrutura cognitiva humana depende, duplamente, de um conhecimento abstrato racional que compreende os conceitos puros e universais, denominado conhecimento a priori, junto à experiência prática, que é denominada conhecimento a posteriori. Essa dupla ação do conhecimento requer uma estrutura complexa que somente os seres humanos conseguem obter e classifica o nosso conhecimento como fruto da dupla estrutura cognitiva.

Filósofos empiristas

  • Thomas Hobbes: para quem o conhecimento é advindo da experiência, que é constituída pelo conjunto dos graus do conhecimento, ou seja: sensação, percepção, imaginação e memória.

  • John Locke: para quem o ser humano é como uma tábula rasa (folha em branco) e obtém conhecimento a partir do momento em que vai vivendo e, consequentemente (segundo a metáfora da tábula rasa), sendo rabiscado (ou marcado por essas experiências).

  • Francis Bacon: para quem o método filosófico e científico deve partir do método indutivo, que surge com base na observação da repetição de eventos.

  • David Hume: para quem o conhecimento empírico é fruto do conjunto de experiências práticas que adquirimos com as vivências, e estas são uma espécie de baliza pra determinar o modo como o ser humano entende o mundo e o que sabe dele.

Publicado por Francisco Porfírio
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