Efeitos da mecanização do campo

Entre os efeitos da mecanização do campo, destacam-se as mudanças nas relações de trabalho, o êxodo rural e o aumento da produtividade.
A mecanização do campo provoca alterações em toda a composição do espaço geográfico

O espaço rural foi, de certa forma, uma das primeiras marcas do homem a partir da transformação do meio natural em espaço geográfico. A constituição da agricultura permitiu a constituição das primeiras civilizações, bem como o desenvolvimento do comércio e das cidades. Assim, podemos dizer que as sucessivas transformações técnicas do campo acarretam diferentes efeitos sobre o contexto de funcionamento das sociedades.

Entende-se por mecanização do campo o processo de modernização das práticas agropecuárias, como a inserção de maquinários nos sistemas produtivos e de alta tecnologia para ampliar a produtividade ou a promoção de novas formas de desenvolvimento. Ao longo da história, destacaram-se dois processos de modernização do meio agrário: a Revolução Agrícola, ocorrida em razão da Revolução Industrial, e a Revolução Verde, que ampliou os índices de produção a partir da segunda metade do século XX.

Convém, portanto, analisar os efeitos da mecanização do campo sobre o espaço geográfico e a composição da natureza e das sociedades. Afinal, a maior presença de maquinários altera a dinâmica de produção, interfere na presença de mão de obra no campo, modifica a relação entre campo e cidade e é capaz de alterar, até mesmo, o ritmo de expansão da urbanização.

Podemos dizer que, antes de acontecer o processo de industrialização em um território, o campo exerce um papel influente e preponderante sobre as cidades. No entanto, com a modernização das atividades produtivas e industriais, essa relação inverte-se, uma vez que o meio agrário depende do meio urbano para o fornecimento de equipamentos, máquinas, insumos, mão de obra qualificada, conhecimentos científicos e demanda de produtividade.

Além disso, a modernização do meio rural contribui para o aumento do desemprego estrutural na produção agropecuária, desencadeando a substituição gradual dos trabalhadores do campo pelos grandes maquinários. Esse processo, aliado à acentuada concentração de terras existente, principalmente na maioria dos países subdesenvolvidos e emergentes, intensifica o êxodo rural – a migração em massa da população rural para as cidades –, contribuindo, dessa forma, para o crescimento das grandes cidades por meio da expansão das periferias das metrópoles.

Outro impacto da modernização do meio agrário que vem gerando bastante críticas é a expansão das atividades agropecuárias, o que resulta em uma pressão sobre as áreas naturais e o consequente desmatamento, mesmo que a destruição das áreas naturais não seja gerada, inicialmente, pelas propriedades altamente mecanizadas. A grande questão é que a maior competitividade pelo uso da terra nas áreas agrícolas intensifica a migração de pequenos e médios produtores para as zonas de expansão no meio rural.

Por outro lado, existem pontos positivos na mecanização do campo, com destaque para o aumento da produtividade. Em linhas de produção consideradas mais primitivas, com o uso extensivo das terras, são necessárias maiores áreas para a produção de uma quantidade inferior àquela que se produz com alta tecnologia empregada. Esse foi um dos méritos da Revolução Verde, que, se não acabou com a fome no mundo, serviu para expandir e garantir a produção de alimentos em vários territórios. Além disso, com a produção mecanizada, os países conseguem melhorar sua balança comercial tanto pelo crescimento das exportações quanto pela menor necessidade de importar determinadas matérias-primas.

Publicado por Rodolfo F. Alves Pena
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