Relevo e sociedade
Relevo e sociedade formam diferentes faces de uma mesma composição estrutural, a qual responde pela interação das atividades humanas com a cadeia de elementos naturais. Assim sendo, é impensável considerar um sem o outro, muito embora a maior parte das paisagens geomorfológicas do nosso planeta tenha se constituído em períodos anteriores à formação das primeiras civilizações.
Nesse sentido, se considerarmos a influência e a mútua relação entre relevo e sociedade, perceberemos o quanto os elementos naturais condicionam, em partes, as atividades humanas. Normalmente, os agrupamentos humanos optam por estabelecer suas práticas em lugares planos ou naqueles menos inclinados possíveis. No entanto, com o desenvolvimento das diferentes técnicas, foram desenvolvidas formas de também ocupar esses espaços, embora tal ocorrência nem sempre seja realizada de maneira sustentável.
Quando assistimos na TV ou lemos notícias a respeito do desabamento de encostas, desmoronamentos e mortes por movimentos de massas, percebemos o quão catastrófica e adversa pode ser a construção do espaço geográfico social sobre um substrato natural. Por essa razão, os conhecimentos sobre a composição dos solos, as características internas e externas das estruturas físicas do planeta e todos os elementos relacionados com essas questões precisam ser devidamente elucidados.
Um dos principais problemas quanto ao desequilíbrio entre relevo e sociedade é a ocorrência das erosões, sobretudo em meios urbanizados. Elas manifestam-se em função da remoção da vegetação próxima a rios e também em áreas de acentuada declividade, como áreas montanhosas ou de serras e morros. Assim, a força da água das chuvas e a ação da gravidade proporcionam impactos erosivos sobre o solo e suas consequências sobre a sociedade.
O desenvolvimento da agricultura também está diretamente associado aos conhecimentos dos aspectos físicos do nosso planeta. Nesse ínterim, ressalta-se que mesmo civilizações milenares conseguiram realizar essa prática em ambientes adversos com a elaboração de técnicas agrícolas como o cultivo em curvas de nível e o terraceamento. No meio urbano, um devido planejamento considerando-se as limitações geológicas de um dado território também se faz importante para evitar problemas.
É válido ressaltar que as contradições sociais também não estão desvinculadas dessa dinâmica. Um exemplo bastante claro é a formação de favelas e habitações irregulares em áreas de morros e encostas, um problema recorrente em várias cidades brasileiras. A forma desigual com que se constrói o espaço geográfico sobre o espaço natural, muitas vezes, torna-se problemática e até incontrolável, gerando problemas e impactos socioambientais.
Portanto, compreender e aprofundar os estudos calcados na dinâmica entre o relevo e a sociedade faz-se importante e necessário para considerar a complexa gama estrutural que envolve esses elementos. É preciso pensar as cidades, o campo e as áreas de preservação a partir de um única cadeia de acontecimentos, de forma que os desequilíbrios gerados em uma dessas composições pode reverberar em todas as demais.