Fundação da Real Biblioteca

A Fundação da Real Biblioteca foi um dos principais acontecimentos do chamado Período Joanino, época em que a família real portuguesa estabeleceu-se no Brasil.
Prédio da antiga Biblioteca Real (hoje Biblioteca Nacional), no Rio de Janeiro

A vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, no ano de 1808, selou a elevação do Brasil à condição de Reino Unido, junto a Portugal e Algarves. Esse fato, obviamente, fez com que o Brasil deixasse de ser colônia. A fuga de D. João, com sua família e sua corte, ocorreu na época em que Napoleão Bonaparte promovia suas guerras imperialistas por todo o continente europeu, incluindo a Península Ibérica, onde estava Portugal. Com o seu estabelecimento no Brasil, o príncipe regente D. João conseguiu promover transformações significativas na ex-colônia, sobretudo por meio da criação de órgãos que estimularam o seu desenvolvimento. Um desses órgãos foi a Real Biblioteca.

Na viagem ao Brasil, feita na virada de 1807 para 1808, D. João trouxe da Europa os primeiros instrumentos de impressão do Brasil. O objetivo era a criação da Impressão Régia (ou Imprensa Régia) para que, na ex-colônia, pudessem ser disseminados a cultura e o comércio do livro. Pela Impressão Régia foi impresso o primeiro livro no Brasil, um exemplar de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga. Mas além da criação da Impressão Régia, D. João também ordenou que viesse de Lisboa os 60 mil volumes da Biblioteca Real Portuguesa, que haviam sido lá deixados quando houve a ocasião da fuga.

Foram necessárias três viagens de navio, entre os anos de 1810 e 1811, para transportar todo o acervo para o Brasil. O primeiro lugar de acomodação da biblioteca foi um sala do Hospital do Convento da Ordem Terceira do Carmo. Por meio de um decreto de D. João VI, assinado no dia 28 de outubro de 1810, foi criada então a Real Biblioteca, destinada à preservação das obras raras da língua portuguesa (como a primeira edição de Os Lusíadas, de Luís de Camões) e ao estímulo da leitura e da produção de novas obras.

Entretanto, no ano de 1821, Napoleão já havia sido derrotado e a situação da Península Ibérica transformara-se. Nesse ano, D. João e sua corte retornaram a Portugal e, nesse retorno, levaram consigo parte da Real Biblioteca. Mas mesmo com o retorno de parte do acervo para Portugal, a Real Biblioteca ainda ficou com boa parte do que lhe pertencera à época da fundação. Nas décadas seguintes, a instituição seguiu adquirindo novos acervos e ampliando seus títulos.

No ano de 1858, já na época do Império, a Real Biblioteca passou a ter uma nova sede, na rua do Passeio, número 60, no Largo da Lapa. Sua importância e distinção na vida cultural da corte (a cidade do Rio de Janeiro) e das demais regiões povoadas do Brasil foram progressivamente se tornando intensas.

No período republicano, a Real Biblioteca recebeu o nome de Biblioteca Nacional e ganhou também uma nova sede, situada na avenida Rio Branco, número 219, no centro do Rio de Janeiro, na Praça Cinelândia. Essa nova sede foi inaugurada no dia 29 de outubro de 1910 (cem anos após a instituição da Real Biblioteca por D. João), durante o governo de Nilo Peçanha.

Publicado por Cláudio Fernandes
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