Guerra dos Mascates

A Guerra dos Mascates foi um conflito ocorrido entre 1710 e 1711 que envolveu fazendeiros de Olinda e comerciantes portugueses de Recife pelo domínio da Capitania de Pernambuco.
Olinda abrigava os fazendeiros que estavam falidos e não tinham recursos para investir nas lavouras de cana-de-açúcar destruídas. [1]

A Guerra dos Mascates foi um conflito envolvendo fazendeiros de Olinda e comerciantes de Recife, entre 1710 e 1711, pelo domínio político e econômico da Capitania de Pernambuco. Logo após a expulsão dos holandeses em 1654, os fazendeiros de Olinda estavam com grandes dificuldades financeiras para reconstruir seus engenhos, destruídos pela guerra que culminou na expulsão dos invasores.

Para recompor as perdas da guerra, Olinda aumentou os impostos, atingindo os comerciantes de Recife, que não estavam na mesma situação dos fazendeiros. Os recifenses conseguiram obter a elevação para a condição de vila e, ao estabelecer os limites com a cidade de Olinda, iniciou-se a Guerra dos Mascates, em 1710. O conflito selou o domínio político-econômico de Recife em Pernambuco.

Resumo sobre a Guerra dos Mascates

  • A Guerra dos Mascates foi um conflito que envolveu fazendeiros de Olinda contra os comerciantes de Recife pelo domínio político e econômico da Capitania de Pernambuco.

  • Recife obteve a elevação à condição de vila e, ao estabelecer limites com Olinda, a guerra foi desencadeada.

  • A Coroa Portuguesa enviou um novo governante para a região, que conseguiu acabar com o conflito. Assim, Recife tornou-se sede administrativa da capitania.

Leia também: Capitanias hereditárias – primeira divisão administrativa feita pelos portugueses no Brasil

Contexto histórico da Guerra dos Mascates

A guerra entre colonos e holandeses em Pernambuco acabou em 1654. Depois de décadas de ocupação do Nordeste brasileiro, os holandeses foram derrotados e expulsos do Brasil. O resultado do conflito foi desastroso para os fazendeiros, pois as plantações de cana-de-açúcar foram destruídas em decorrência da guerra.

Enquanto isso, a Holanda investiu nas Antilhas e começou a plantação de cana. Isso fez com que a concorrência contra a produção açucareira do Brasil fosse mais forte. Sem espaço no mercado externo e não tendo condições de responder à concorrência da produção das Antilhas, os fazendeiros pernambucanos se endividaram. Após dois séculos sendo a principal atividade econômica do Brasil Colônia, a produção de cana-de-açúcar entrava em crise.

Os fazendeiros de Olinda foram os mais atingidos por essa crise. Eles não tinham condições de reerguer os engenhos destruídos e nem de comercializar a produção. Ao contrário de Olinda,  Recife não dependia da agricultura. O comércio da região era dominado por portugueses e estava em franco desenvolvimento. A cidade foi muito beneficiada durante a invasão holandesa.

Maurício de Nassau, administrador dos domínios holandeses no Brasil, remodelou a cidade de Recife, ao contrário da vizinha Olinda. A rivalidade entre recifenses e olindenses estava tanto no campo econômico quanto no político. Recife não foi atingida pela crise do açúcar, ao contrário de Olinda, que dependia da produção açucareira para se manter.

Causas da Guerra dos Mascates

Com a crise do açúcar inaugurando o século XVIII, os fazendeiros de Olinda não conseguiam recursos para reerguer suas plantações. A solução foi recorrer aos comerciantes de Recife e pedir empréstimos para voltar a investir na agricultura. Quem dominava o comércio recifense eram portugueses, que eram pejorativamente chamados de “mascates”. A situação econômica de Olinda estava tão complicada que os empréstimos concedidos pelos comerciantes não foram suficientes para reerguer a cidade após a expulsão dos holandeses.

Nesse contexto, a Câmara Municipal da cidade decretou o aumento de impostos. Essa medida não atingiu apenas os olindenses, mas também Recife. Era a vez de Recife reagir a essa imposição. Os recifenses conseguiram a elevação à condição de vila, o que lhe dava autonomia em relação a Olinda.

Os fazendeiros olindenses temiam que essa medida motivasse os comerciantes de Recife a cobrarem os empréstimos concedidos. Assim sendo, era necessário traçar uma fronteira entre as duas cidades, limitando os domínios de cada uma. A fronteira entre elas foi a causa da Guerra dos Mascates. 

Logo após a Guerra dos Mascates, ocorrida em 1710, Recife tornou-se a sede administrativa da Capitania de Pernambuco.

A Guerra dos Mascates

Olinda não aceitou a autonomia de Recife e, em 1710, invadiu a cidade vizinha, desencadeando a Guerra dos Mascates. Essa invasão foi bem-sucedida, e os olindenses conseguiram dominar a cidade. Porém, a reação militar de Recife, que teve apoio de outras capitanias, conseguiu desfazer as conquistas dos invasores. No ano seguinte, a Coroa Portuguesa nomeou Félix José de Mendonça como governador da Capitania de Pernambuco. O novo governador da capitania ficou do lado dos portugueses comerciantes de Recife, derrotando Olinda.

Com o fim da guerra, em 1711, os revoltosos foram presos e Recife foi elevada à condição de sede administrativa da Capitania de Pernambuco no ano seguinte. Alguns participantes da Guerra dos Mascates foram anistiados e os fazendeiros tiveram o perdão das dívidas adquiridas. Essa reconciliação foi feita para evitar outro conflito na região.

Veja também: Ciclo do Açúcar – importante base econômica, social e cultural no Brasil Colônia

Consequência da Guerra dos Mascates

A Capitania de Pernambuco se tornou símbolo da luta contra a invasão estrangeira. Os pernambucanos já mostraram isso quando expulsaram os invasores holandeses. Porém, logo após a Guerra dos Mascates, começou a crescer na capitania um sentimento antilusitano. O domínio português se tornou um problema para os colonos. O comércio do Recife, que dava lucros para a capitania, estava nas mãos dos portugueses. Essa guerra envolvendo Olinda e Recife não foi a primeira e nem a última a acontecer na capitania. O sentimento antilusitano desencadeado em Pernambuco motivou outras capitanias a questionarem o domínio português no Brasil.

Internamente muita coisa mudou em Pernambuco. No período em que a plantação de cana-de-açúcar estava no seu apogeu, entre os séculos XVI e XVII, os fazendeiros dominavam a economia da capitania. Olinda era a principal cidade, enquanto Recife era apenas um povoado vizinho. A crise do açúcar, logo após a expulsão dos holandeses, expôs os diferentes cenários que as duas cidades viviam: Olinda estava em crise por conta do enfraquecimento dos latifundiários, enquanto Recife se desenvolvia tanto pelos benefícios recebidos durante a presença holandesa na região como pelo êxito no comércio, que era dominado pelos portugueses. Logo após a Guerra dos Mascates, Recife saiu como grande vitoriosa e sua importância política e econômica foi reconhecida pela Coroa Portuguesa ao se tornar a sede administrativa da Capitania de Pernambuco.

Exercícios resolvidos

Questão 1 – Leia os itens abaixo e assinale a alternativa correta.

A) A Guerra dos Mascates foi o conflito envolvendo Pernambuco e a Bahia pela independência do Brasil.

B) A Guerra dos Mascates envolveu fazendeiros de Olinda e comerciantes de Recife pelo domínio da Capitania de Pernambuco.

C) A invasão holandesa não tem nenhuma relação com a Guerra dos Mascates.

D) O conflito entre olindenses e recifenses, conhecido como Guerra dos Mascates, promoveu a proclamação da República em Pernambuco.

Resolução

Alternativa B. A Guerra dos Mascates ocorreu em Pernambuco, no ano de 1710, e envolveu fazendeiros de Olinda e comerciantes de Recife pelo domínio da capitania.

Questão 2 – Uma das consequências da Guerra dos Mascates (1710) foi:

A) a proclamação da República de Pernambuco.

B) Olinda tornou-se capital pernambucana

C) a produção açucareira se fortaleceu após a guerra.

D) Recife se tornou sede administrativa da Capitania de Pernambuco.

Resolução

Alternativa D. Logo após a vitória na Guerra dos Mascates (1710), Recife tornou-se a sede administrativa de Pernambuco, e o comércio, a principal atividade econômica da capitania.

Crédito da imagem

[1] Anna ART / Shutterstock

Publicado por Carlos César Higa

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