Maria Quitéria

Maria Quitéria é conhecida por ter sido a primeira mulher a ingressar no Exército Brasileiro, alistando-se durante a Guerra de Independência do Brasil, em 1822.
Maria Quitéria ficou marcada por sua atuação na Guerra de Independência do Brasil.

Maria Quitéria foi uma mulher reconhecida por sua atuação como militar e por ter sido a primeira mulher na história a ingressar no Exército Brasileiro. Ela nasceu em uma família de boa condição financeira, decidindo abandonar onde residia para ingressar na luta em defesa da independência do Brasil, durante a Guerra de Independência do Brasil.

Ela atuou em diversas batalhas na luta que foi travada na Bahia, sendo reconhecida por sua coragem e sua habilidade em manejar armas de fogo. Ela foi homenageada, na época, pelo próprio imperador d. Pedro I, e atualmente é considerada uma das heroínas da história de nosso país.

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Resumo sobre Maria Quitéria

  • Maria Quitéria nasceu no interior da Bahia, sendo oriunda de uma família de boa condição.
  • Fugiu de sua casa, em 1822, para ingressar no Exército Brasileiro. Foi a primeira mulher a se alistar nele.
  • Disfarçou-se de homem no Exército, mas teve o seu disfarce descoberto.
  • Lutou em diversas batalhas, sendo reconhecida por sua coragem.
  • Recebeu diversas homenagens, inclusive do próprio imperador d. Pedro I.

Biografia de Maria Quitéria

  • Nascimento de Maria Quitéria

Maria Quitéria de Jesus nasceu na Fazenda Serra da Agulha, localizada no povoado de São José de Itapororocas, que atualmente faz parte da cidade de Feira de Santana, na Bahia. Ela nasceu no dia 27 de julho de 1792, mas existe uma questão acerca da data. Isso porque a certidão de óbito de Maria Quitéria registra que ela teria nascido em 1797 e não em 1792, como se acredita.

  • Infância de Maria Quitéria

Os historiadores não sabem muitos detalhes sobre a infância de Maria Quitéria. Sabemos que ela foi a filha mais velha do casal formado por Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus. O casal também teve outros dois filhos, Josefa e Luiz.

A infância de Maria Quitéria foi marcada pelo falecimento precoce de sua mãe, quando Maria Quitéria tinha quase 10 anos. Depois seu pai ainda se casou outras vezes. Poucos meses após o falecimento da mãe, Maria Quitéria presenciou o seu pai se casar com Eugênia Maria dos Santos. A segunda esposa de Gonçalo, no entanto, faleceu poucos meses depois, sem gerar filhos.

Em 1804, Gonçalo casou-se como Maria Rosa de Brito, gerando seis filhos junto de sua nova esposa. Maria Quitéria foi, portanto, cuidada por suas madrastas depois que sua mãe faleceu. Ela cresceu em uma família de boa condição financeira, pois seu pai possuía terras, gado e escravizados, dando a seus filhos uma boa vida.

  • Casamento de Maria Quitéria

Maria Quitéria casou-se uma vez em sua vida. Seu marido foi Gabriel Pereira de Brito, que era lavrador. Ela teve um relacionamento com ele antes de se casar, e diz-se que o pai de Maria Quitéria não concordava com o relacionamento de sua filha. Por isso, acredita-se que ela tenha se casado apenas depois do falecimento do patriarca.

  • Filhos de Maria Quitéria

Ao longo de sua vida, Maria Quitéria teve apenas uma filha, chamada Luísa Maria da Conceição, fruto do seu casamento com Gabriel Pereira.

  • Morte de Maria Quitéria

Depois de ter participado da Guerra de Independência do Brasil, Maria Quitéria passou a receber uma pensão do governo brasileiro. Com a morte de seu pai, acredita-se que ela teria se estabelecido na cidade de Feira de Santana, onde passou a cuidar de questões relativas à herança e ao inventário de sua família.

Os últimos anos de sua vida, Maria Quitéria viveu em Salvador, capital da Bahia, levando uma vida modesta junto de sua filha. Seu falecimento aconteceu no dia 21 de agosto de 1853, por conta de um problema no fígado.

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Maria Quitéria e a Guerra de Independência do Brasil

Maria Quitéria ficou marcada na história brasileira por sua participação na Guerra de Independência do Brasil, lutando em defesa de nossa independência na Bahia. Esse conflito se iniciou como consequência da independência do Brasil e a resistência portuguesa presente na Bahia naquele momento.

A independência do Brasil foi resultado do choque de interesses das elites portuguesas e brasileiras. A transferência da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, causou enormes transformações no Brasil por meio de medidas como a abertura dos portos, a elevação do Brasil à condição de reino, o incentivo ao desenvolvimento científico etc.

Essas medidas foram extremamente benéficas para a burguesia, que lucrou bastante com a abertura do nosso mercado para o exterior. Em 1820, iniciou-se em Portugal a Revolução Liberal do Porto, que procurou estabelecer limites ao poder do rei de Portugal, além de reverter diversas medidas em relação ao Brasil, estabelecendo uma “recolonização” do país.

Isso gerou uma reação da elite brasileira e resultou no rompimento entre Brasil e Portugal. A elite brasileira escolheu Pedro de Alcântara, filho do rei de Portugal, para conduzir esse processo. No fim, Pedro de Alcântara anunciou a independência no dia 7 de setembro de 1822, quando estava às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo.

No caso da Bahia, a província manteve-se leal a Portugal porque a região estava sob o comando de Madeira de Melo. Ele liderava também milhares de soldados portugueses, e a violência na Bahia entre brasileiros e portugueses foi grande, iniciando-se antes mesmo da independência ser iniciada.

A reação popular à decisão do governo baiano de manter-se leal a Portugal deu força a um conflito, e d. Pedro I decidiu enviar soldados para a região para lutar contra os portugueses. Em setembro de 1822, agentes do governo brasileiro estavam na Bahia para tentar recrutar soldados, e, nesse mês, estiveram na fazenda em que Maria Quitéria residia.

Essa visita fez com que Maria Quitéria tivesse interesse em juntar-se ao Exército, que lutava pela independência do Brasil. Havia um limitador muito importante a ela: o Exército só aceitava o recrutamento de homens. Ela pediu autorização de seu pai para juntar-se ao Exército Brasileiro, mas recebeu uma resposta negativa.

Ela, então, decidiu fugir de casa, vestindo-se de homem, para aderir à luta armada e alistar-se no Regimento de Artilheiro. Nessa situação, afirmou chamar-se José Medeiros. Maria Quitéria foi direcionada para o Batalha de Voluntários do Príncipe, fazendo parte dessa tropa por nove meses, de outubro de 1822 a julho de 1823.

Os relatos contam que Maria Quitéria demonstrava coragem e braveza durante as batalhas travadas, e sabe-se que seu disfarce masculino, em algum momento, foi descoberto, mas ela não foi expulsa das tropas. Os historiadores acreditam que isso teria acontecido no começo de 1823.

Ela participou de batalhas em diversos locais da Bahia, como a Ilha da Maré, Conceição, Pituba, Itapuã, entre outros. A atuação destacada de Maria Quitéria na guerra contra os portugueses fez com que ela fosse recebida no Rio de Janeiro pelo próprio imperador d. Pedro I, recebendo dele a Imperial Ordem do Cruzeiro. Ela ficou marcada por ser particularmente boa no manejo de armas de fogo.

Qual a importância de Maria Quitéria?

Como vimos, Maria Quitéria faleceu em Salvador, onde vivia em isolamento com sua filha. Recebia uma pensão simples do governo, falecendo em relativo esquecimento. Sua figura foi resgata na década de 1950 por ocasião do centenário de sua morte. Uma série de homenagens foram realizadas à figura de Maria Quitéria nesse momento.

Ela é considerada uma figura marcante na história brasileira porque foi a primeira mulher a aderir ao Exército Brasileiro. Os historiadores entendem que a fuga dela de sua família para entrar para o Exército, um meio dominado por homens, foi um ato que superou as barreiras de gênero da sociedade do século XIX.

Além disso, ela é considerada uma figura importante em nossa história pelo papel que desempenhou na luta pela independência do Brasil e sua atuação destacada no campo de batalha para derrotar os portugueses na Bahia.

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Filmes, séries e livros sobre Maria Quitéria

Ao longo da história, o nome de Maria Quitéria foi abordado de diversas maneiras na cultura popular. Algumas animações envolvendo essa personagem foram realizadas, como Os Heróis do Brasil – Animação sobre a Independência da Bahia e Maria Quitéria: Honra e Glória. A Rede Globo também já fez uma reportagem contando a história dessa heroína.

Na literatura as produções sobre Maria Quitéria são mais numerosas. Entre as obras de destaque, podem ser mencionadas:

  • A Incrível Maria Quitéria, de João Francisco de Lima;
  • Maria Quitéria, de Pereira Reis Júnior;
  • Brasileiras Celebres, de Joaquim Norberto de Sousa Silva.

Prêmios e homenagens a Maria Quitéria

A atuação destacada de Maria Quitéria na Guerra de Independência do Brasil rendeu-lhe diversas homenagens, com destaque para:

  • Imperial Ordem do Cruzeiro;
  • Patronesse do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro;
  • Heroína no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

Frase de Maria Quitéria

Segundo o escritor Brenno Ferraz, Maria Quitéria teria dito a seguinte frase ao seu pai ao solicitar a ele permissão para se alistar no Exército Brasileiro:

  • “É verdade, que não tendes filho, meu pai. Mas lembrai-vos que manejo as armas e que a caça não é mais nobre que a defesa da pátria. O coração me abrasa. Deixai-me ir disfarçada para tão justa guerra.”

Fontes

VALIM, Patrícia. Maria Quitéria vai à guerra. In.: FIGUEIREDO, Luciano (org.). História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

HENRIQUE, Guilherme. Quem foi Maria Quitéria, mulher que se vestiu de homem para lutar na Independência do Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59953275

Publicado por Daniel Neves Silva

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