Formação da Monarquia Nacional Espanhola

A formação da Monarquia Nacional Espanhola ocorreu com o processo das guerras de reconquista de territórios perdidos para os muçulmanos durante a Idade Média.
A unificação da Espanha formalizou-se com o casamento entre Fernando de Aragão e Isabel de Castela

A formação dos Estados Nacionais Europeus está entre os acontecimentos mais importantes da passagem da Idade Média para a Idade Moderna. O fortalecimento político da Europa a partir dos séculos XIV e XV e a consequente ascensão do Absolutismo como modelo político ocorreram por meio de guerras, divergências religiosas, acordos aristocráticos e casamentos entre dinastias. Ao lado da Monarquia Nacional Inglesa e da Francesa, a formação da Monarquia Nacional Espanhola determinou o que ficou conhecido como Europa.

Durante o século VIII d.C., a Península Ibérica (onde estão localizados os atuais países de Portugal e Espanha) passou a sofrer com a ocupação islâmica, que perdurou até o século XIV, época em que os últimos muçulmanos foram expulsos pelos cristãos. Foi nessa atmosfera que se formou a Monarquia Nacional Espanhola.

A maior organização política islâmica na Península Ibérica foi o Califado de Córdoba, que chegou a criar grandes polos comerciais, milhares de mesquitas, hospitais, entre outras atividades sofisticadas se comparadas com o passado medieval da Península. Com a instituição desse califado e, posteriormente, com a ascensão do Império Almorávida, os cristãos refugiaram-se no extremo norte da Península, de onde se organizaram para combater os árabes.

O processo de expulsão dos árabes iniciou-se no século XI, quando houve também a formação e consolidação da monarquia astur-leonesa. Foi nesse século também que se iniciaram as Cruzadas e as tentativas de quebra da hegemonia islâmica sobre o mar Mediterrâneo. No século XII, destacaram-se as efetivas Guerras de Reconquista. Os cristãos foram avançando e conseguindo ocupar as regiões de Meseta Central e de Al-Andaluz, culminando na expulsão dos mouros de Andaluzia.

Foi nesse processo também que se formou Portugal a partir do Condado Portucalense, administrado por Henrique de Borgonha, conhecido como Afonso Henrique. Na medida em que os espanhóis ganharam terreno com suas conquistas, passaram a desenvolver reinos e vice-reinos. Os quatro principais reinos eram o de Castela, de Aragão, de Navarra e de Leão. Os reinos de Castela, Leão e Aragão unificaram-se com o casamento de Fernando (de Aragão) e Isabel (de Castela e Leão). Dessa união, resultou a formação da Monarquia Espanhola, que no ano de 1492 expulsou o último reduto islâmico do sul da Península Ibérica. Havia uma justificativa que os espanhóis usavam para legitimar as guerras de reconquista, que foi sintetizada pelo pesquisador Carlos Roberto Nogueira:

“A ideia que a Espanha formava uma real unidade, unidade conquistada pelos godos e sancionada pela ordo eclesiástica, com o prestígio especial dos vários Concílios de Toledo, portanto, uma legítima unidade que foi usurpada pelo muçulmano invasor, vai se lentamente elaborada e testada até constituir, no final do século XII, uma realidade incontestável, que garantia aos cristãos, em especial aos castelhanos, o direito sagrado e historicamente legítimo de possuir e usufruir da Península e no limite, dela expulsar estrangeiros e infiéis.” (NOGUEIRA, Carlos Roberto F. A Reconquista Ibérica: A construção de uma ideologia. HID 28 [2001]).

O fato é que essa unificação transformou a Espanha no maior império ultramarino da época do Mercantilismo, sobretudo quando esteve sob o reinado de Felipe II.

Publicado por Cláudio Fernandes
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