Anne Frank

Anne Frank foi uma jovem judia que passou por um confinamento entre 1942 e 1944, em razão da perseguição nazista aos judeus na Europa durante os anos da Segunda Guerra Mundial. Ela e sua família viveram em um esconderijo, que foi chamado por ela de Anexo Secreto. O período de confinamento dela foi registrado em um diário, internacionalmente conhecido.

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Nascimento

Annelies Marie Frank nasceu em Frankfurt, na Alemanha, no dia 12 de junho de 1929. Ela era filha de Otto Heinrich Frank e Edith Holländer-Frank e tinha uma irmã mais velha, chamada Margot Betti Frank. Anne Frank fazia parte de uma família de judeus assimilados, isto é, que não praticavam todos os costumes da religião judaica.

Mudança para os Países Baixos

Anne Frank foi uma jovem judia que viveu em confinamento por conta da perseguição dos nazistas aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.[1]

Em 1933, os nazistas assumiram o poder na Alemanha por meio da nomeação de Adolf Hitler como chanceler do país. O clima político alemão não era dos mais agradáveis para a família de Anne Frank, uma vez que o antissemitismo no país estava cada dia maior. Além disso, do ponto de vista econômico, a família passava por muitos problemas financeiros, fruto da crise que vivia a Alemanha.

Com isso, Otto e Edith decidiram que o melhor era deixar a Alemanha. Edith mudou-se para a casa da mãe, em Aachen, e Otto mudou-se para Amsterdã, nos Países Baixos, onde deu início à montagem de um negócio. O objetivo era que sua família se mudasse para lá assim que Otto estivesse bem estabelecido na cidade holandesa.

No final de 1933, Edith e Margot se mudaram para Amsterdã, e Anne se mudou em fevereiro de 1934. Nos Países Baixos, Otto conseguiu estabilizar seu negócio, o que deu segurança para a família, e Anne e sua irmã prosseguiram com os estudos. A princípio, Anne Frank estudava em uma escola que utilizava o método montessoriano.

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Segunda Guerra Mundial

A vida de Anne Frank e de toda a sua família mudou radicalmente durante a Segunda Guerra Mundial. Esse conflito se iniciou em 1º de setembro de 1939, quando a Alemanha invadiu a Polônia, mas logo o conflito chegou aos Países Baixos. A vida estável que a família gozava nesse país deixou de existir com a invasão nazista.

A Alemanha invadiu os Países Baixos em 10 de maio de 1940, e o exército holandês rendeu-se poucos dias depois, colocando o país sob controle da Alemanha Nazista. Não demorou para que a discriminação contra os judeus começasse a se manifestar, e diversas leis foram estabelecidas com restrições aos judeus nesse país.

Dentre as restrições impostas pelos nazistas, podem ser destacadas a proibição aos judeus de irem a teatros e cinemas, a proibição de usarem piscinas e transportes públicos, a obrigação de usarem uma estrela de Davi em sua roupa, entre outras. Nesse contexto, Anne Frank foi obrigada a mudar-se de escola porque os nazistas não permitiam que judeus estudassem com não judeus.

  • Esconderijo

Fachada da “Casa de Anne Frank”, museu que foi construído no local onde ficava o Anexo Secreto.[2]

Em 12 de junho de 1942, Anne Frank completou 13 anos e seus pais decidiram presenteá-la com um livro de autógrafos, que ela transformou em diário. Anne Frank nomeou seu diário de Kitty, nome que — acredita-se — possa fazer referência a uma série de livros holandeses de um personagem chamado Joop ter Heul.

Nesse momento, os pais de Anne Frank já estavam preocupados com a situação dos judeus nos Países Baixos. Otto Frank considerava que os Estados Unidos seriam o local mais seguro para que sua família pudesse se estabelecer, mas a aplicação que ele havia feito no consulado norte-americano, em Roterdã, se perdera com um bombardeio alemão.

A situação se complicou mais ainda à medida que a relação entre Alemanha Nazista e Estados Unidos foi esfriando. Para piorar, os Estados Unidos ainda tinham uma política muito rígida quanto a judeus que fugiam da perseguição nazista. Esses fatores fizeram com que o pedido de emigração dos Frank nunca fosse processado.

Além disso, as fronteiras dos Países Baixos estavam fechadas por conta da ocupação nazista, o que impossibilitava a família de fugir para alguma nação vizinha. Isso fez com que Otto e Edith decidissem que seria necessário se esconder em algum lugar para se proteger dos nazistas. Eles decidiram que ficariam em um esconderijo no prédio onde Otto tinha sua empresa.

Eles pretendiam se mudar para esse esconderijo até o fim de julho de 1942, mas uma convocação do governo alemão antecipou os planos. Essa convocação foi realizada em 5 de julho e pedia que Margot Frank se mudasse para Alemanha a trabalho. Otto e Edith desconfiaram dessa convocação e, no outro dia, iniciaram a mudança para o esconderijo. Eles deixaram a casa bagunçada como forma de passar a ideia de que haviam a abandonado repentinamente e deixaram bilhetes na casa sugerindo que iriam para a Suíça.

Anne Frank nomeou o esconderijo de Anexo Secreto, e sua família mudou-se com a ajuda de funcionários de Otto Frank, destaque para Miep Gies e seu esposo, Jan Gies. Todos os desafios enfrentados por Anne Frank e sua família durante esse período em que eles se escondiam dos nazistas foram relatados pela jovem em seu diário.

O esconderijo se espalhava por três andares do prédio e, durante o dia, a família Frank e os outros confinados eram obrigados a ficar em silêncio para que ninguém que estivesse trabalhando no prédio os ouvisse.

Diário de Anne Frank

O Diário de Anne Frank cobriu todo o período de isolamento dela e de sua família e tornou-se um dos documentos mais importantes sobre o Holocausto. A primeira vez que Anne Frank escreveu no diário foi em 14 de junho de 1942 e o último relato foi em 1º de agosto de 1944.

Nesse diário Anne Frank relatou coisas relativas ao confinamento e às dificuldades que sua família passava, assim como detalhes da guerra. Ela também relatava questões do seu cotidiano, dos conflitos que ela tinha com a família, seus sentimentos, suas relações de amizade, seus sonhos para quando a guerra se encerrasse, etc.

Anne Frank relatou que sua intenção em registrar seus dias em um diário se devia ao fato de que ela acreditava não possuir nenhum amigo verdadeiro. O nome Kitty, como mencionado, foi uma escolha de Anne Frank, uma vez que ela queria dar um nome à sua amiga de imaginação (o diário). Ela diz|1|:

A fim de destacar na minha imaginação a figura da amiga por quem esperei tanto tempo, não vou anotar aqui uma série de fatos corriqueiros, como faz a maioria. Quero que este diário seja minha amiga e vou chamar esta amiga de Kitty.

No relato escrito, são mencionados todos os presentes no esconderijo. O pequeno espaço utilizado pela família Frank foi compartilhado com a família van Pels (Hermann, Auguste e Peter) e com Fritz Pfeffer. Com tantas pessoas confinadas em um espaço tão pequeno e por tanto tempo, era natural que problemas de relacionamento acontecessem.

Anne Frank também menciona coisas relativas ao desenrolar da Segunda Guerra Mundial. As notícias que sua família possuía eram obtidas por um rádio que eles tinham no esconderijo e pelos amigos que haviam ajudado a família Frank a se esconder. Em um de seus últimos relatos, por exemplo, Anne Frank fala sobre a Operação Valquíria|1|:

Agora estou ficando realmente esperançosa. Finalmente as coisas vão bem, muito bem mesmo! Houve um atentado contra a vida de Hitler, e desta vez não foi ato de judeus comunistas ou capitalistas ingleses; foi um orgulhoso general alemão, e — o principal — ele é conde e bastante jovem. A Divina Providência salvou a vida do Führer, e infelizmente ele conseguiu escapar com apenas alguns arranhões e queimaduras. Alguns generais e oficiais que estavam com ele ficaram feridos ou morreram. O principal culpado foi fuzilado.

Outras questões trazidas por ela no seu diário são os seus problemas de relacionamento com a mãe, o seu amor pelo pai, a sua relação e aproximação com a irmã, os problemas para racionar a comida e um pequeno envolvimento amoroso que ela teve com Peter van Pels, filho do casal Hermann e Auguste.

Um registro interessante do diário escrito por Anne Frank foi feito por ela em 29 de março de 1944. Nessa ocasião ela falou que o governo holandês no exílio havia demonstrado interesse em coletar cartas e diários para realizar um registro holandês da guerra. Ela fala sobre quão interessante seria escrever um romance do Anexo Secreto.

O diário de Anne Frank foi resgatado por Miep Gies logo depois que o esconderijo dos Frank foi descoberto pela Schutzstaffel, a SS, organização paramilitar ligada ao partido nazista. Depois do fim da guerra, Miep Gies devolveu o relato de Anne para Otto Frank, o pai da garota e o único da família a sobreviver. Posteriormente Otto foi convencido a publicar o relato de sua filha, sobretudo porque ela havia demonstrado a intenção de se tornar jornalista ou escritora.

Morte

Em 4 de agosto de 1944, um grupo de soldados da Schutzstaffel invadiu o prédio em que estava escondida a família de Anne Frank e, durante essa invasão, o esconderijo foi descoberto. Com isso, a família Frank, a família van Pels e Fritz Pfeffer foram presos.

Ainda hoje se especula como a polícia descobriu o esconderijo. As duas teorias mais aceitas são a de que a descoberta se deu por uma denúncia anônima ou foi fruto do acaso. No primeiro caso, trabalha-se com a ideia de que alguém que sabia do esconderijo, ou desconfiava de sua existência, teria ligado para a polícia. A outra teoria fala que a polícia pode ter sido enviada ao prédio onde ficava o esconderijo para investigar uma fraude na distribuição de cupons de alimentos e, durante a investigação, o anexo foi descoberto ocasionalmente.

De toda forma, a família Frank foi encaminhada para Westerbork, um campo de concentração para judeus nos Países Baixos. Em setembro de 1944, Anne Frank e sua família foram enviadas para Auschwitz-Birkenau. O trajeto até lá se estendeu por três dias e ficou marcado pelas más condições: as pessoas iam em pé, apertadas e com comida e água insuficientes.

Em Auschwitz, Otto Frank foi separado de sua família, e Anne, Edith e Margot foram encaminhadas para o trabalho escravo. Em novembro de 1944, Anne e Margot foram selecionadas para serem transferidas ao campo de concentração de Bergen-Belsen. Edith Frank, mãe de Anne, ficou em Auschwitz e lá morreu de inanição.

Em Bergen-Belsen, duas epidemias de tifo e febre tifoide mataram milhares de prisioneiros. Duas dessas vítimas foram Margot e Anne, que contraíram febre tifoide. Não se sabe a data precisa em que elas morreram. Acredita-se que as duas irmãs tenham morrido em fevereiro de 1945. Anne Frank faleceu um dia depois de sua irmã.

Como mencionado, o único da família que sobreviveu foi Otto Frank. Ele foi liberado de Auschwitz por tropas soviéticas e, então, descobriu que sua esposa havia falecido. Quando retornou para a Holanda, descobriu também que suas duas filhas haviam morrido.

Notas

|1| FRANK, Anne. O Diário de Anne Frank. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.

Créditos das imagens

[1] Tony Baggett e Shutterstock

[2] Ivica Drusany e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva

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