Resistência Soviética
No ano de 1941, a Alemanha Nazista empreendeu uma de suas maiores manobras militares contra a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Essa campanha de invasão do território soviético começou a ser pensada ainda em 1940, quando Hitler assinou a chamada “Diretiva 21”, que previa a “Operação Barbarossa”, isto é, o primeiro plano de ataque contra a União Soviética. Entretanto, sabemos que, antes da Segunda Guerra estourar na Europa, Alemanha e URSS firmaram um pacto de não agressão, conhecido como Pacto Germano-Soviético ou Pacto Ribbentrop-Molotov, no ano de 1939. Com seu plano de invasão, a Alemanha, automaticamente, rompia esse pacto. Por que isso aconteceu?
Segundo o historiador Silvio Pons, em sua obra A revolução global: história do comunismo internacional, os protocolos secretos do Pacto Germano-Soviético previam a divisão do território polonês entre a Alemanha e a URSS e, também, a garantia de uma zona de influência soviética sobre a região do Báltico. Todavia, além desse interesse, a URSS enxergava no pacto a possibilidade de estender algo que, mais cedo ou mais tarde, seria inevitável: o enfrentamento direto com a Alemanha. Ambos os países, em dada medida, possuíam projetos expansionistas. Mas as ações militares nazistas, com a tática da “guerra-relâmpago”, acelerou a expansão alemã. A Polônia foi o primeiro país a ser invadido, ainda em 1939, o que deflagrou o início da Segunda Guerra. Logo outros países, ao Norte e ao Oeste da Europa, foram sistematicamente dominados pelos nazistas. Em 1941, rompendo o pacto citado acima, a Alemanha invadiu a URSS.
Em 22 de junho de 1941, a Alemanha deu início a uma campanha gigantesca contra os domínios de Stalin. Veja o que relata o historiador Pedro Tota:
Sem dar a menor satisfação a seus aliados japoneses e italianos, Hitler ordenou a concentração de tropas ao longo dos 3 mil quilômetros de fronteiras com a União Soviética. No começo de junho, já havia cerca de 150 divisões do Exército e um incontável número de blindados e canhões. Dois terços da Luftwaffe, num total de 2.770 aviões, estavam preparados em diversos aeroportos recém-construídos. [1]
Em menos de 30 dias os nazistas já haviam avançado cerca de 800 km adentro do território da URSS. Nos primeiros meses da invasão, a reação do alto-comando do Partido Comunista e do Exército Vermelho foi limitada, dado a força de ataque empregada pelos nazistas. Entretanto, em pronunciamento aos cidadãos soviéticos, Stalin ordenou a estratégia da “terra arrasada”, isto é, os cidadãos deveriam resistir à invasão a qualquer custo. Se isso não fosse possível, deveriam eliminar (queimar, destruir) quaisquer meios de subsistência que pudessem servir às tropas nazistas, como campos de plantações etc.
A despeito das ações de contenção que o Exército Vermelho executava e da ordem da “estratégia da terra arrasada”, os nazistas continuaram avançando e sitiando cidades importantes, como Stalingrado. O primeiro impacto que as tropas nazistas receberam em solo soviético ocorreu ainda em 1941 e foi oferecido tanto pela resistência da população quanto pelas condições ambientais, isto é, o inverno rigoroso. Ainda seguindo a descrição de Tota, no momento em que os alemães se aproximaram de Moscou:
[...] A população da capital construiu obstáculos ao redor da cidade. A estação de chuvas transformou as estradas da região em verdadeiros pântanos. Logo em seguida a temperatura baixou violentamente. Os veículos alemães ficaram paralisados. Os tanques soviéticos T-34, pesadamente blindados, aproveitaram e desfecharam grande contra-ataque dando apoio à infantaria. Os nazistas foram obrigados a afastar-se mais de 400 km. O mito da invencibilidade da Alemanha nazista havia sido quebrado. [2]
Nos dois anos que se seguiram, 1942 e 1943, as batalhas na URSS prosseguiram. Na medida em que as tropas alemãs sofriam baixas e perdiam equipamentos, o Exército Vermelho procurava recompor-se e armar uma contraofensiva. O ano de 1944 ficou marcado pela aliança entre as potências do Ocidente e a URSS contra o “Eixo”, no qual a Alemanha era o carro-chefe.
NOTAS
[1] TOTA, Pedro. “Segunda Guerra Mundial”. In: MAGNOLI, Demétrio (org.) História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2013p. 368
[2] Idem. p. 371
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