Revolução de Outubro
A Revolução de Outubro, realizada em 1917, é o evento que concretizou a Revolução Russa, tornando a Rússia a primeira nação socialista da história. Por meio dessa revolução (que se deu por meio de um levante armado), os bolcheviques chegaram ao poder.
A Revolução de Outubro foi realizada em um contexto de enorme crise social, política e econômica. O país colhia as consequências do seu envolvimento na Primeira Guerra Mundial, o que abriu espaço para o fortalecimento dos socialistas.
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Resumo sobre a Revolução de Outubro
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A Revolução Russa, realizada em 1917, transformou a Rússia na primeira nação socialista da história.
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Esse evento se deu por meio de um levante armado liderado pelos bolcheviques em Petrogrado.
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Os bolcheviques eram liderados por Lenin, que defendia inúmeras transformações na Rússia.
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A Rússia vivia uma enorme crise econômica por causa da participação na Primeira Guerra Mundial.
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Com a ascensão dos bolcheviques, os sovietes foram enfraquecidos e uma centralização do poder ocorreu nas mãos de Lenin.
Contexto histórico da Revolução de Outubro
Em 1917, a Rússia estava no auge da sua agitação revolucionária. O país enfrentava uma forte crise em razão do seu envolvimento na guerra e isso fortaleceu os movimentos revolucionários em curso no país, sobretudo os bolcheviques, ligados ao Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR).
A situação da Rússia em 1917, no entanto, tem um longo contexto a ser entendido. A Rússia era uma nação economicamente frágil, possuindo uma forte dependência da agricultura e tendo uma indústria nascente e muito pequena ainda. Em relação a outras nações europeias, havia um grande atraso econômico na Rússia.
O país era governado pela monarquia absolutista dos czares e quem exercia o poder eram os Romanov, uma dinastia que detinha o poder desde o começo do século XVII. Essa dinastia era conhecida por ser autoritária, perseguindo seus críticos e mantendo a Rússia como uma nação extremamente desigual.
A Rússia possuía duas classes sociais privilegiadas — nobreza e clero — enquanto uma enorme massa de camponeses e operários era explorada e detinha uma qualidade de vida miserável. A fome era um enorme problema para essa camada da população e essa situação se agravou quando a Rússia se envolveu em dois conflitos: a Guerra Russo-Japonesa (1904-1905) e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Além disso, a popularidade do czar (imperador) Nicolau II foi dizimada quando ele autorizou o massacre de pessoas que protestavam pacificamente em São Petersburgo durante o Domingo Sangrento, em 1905. Essa impopularidade do czar e os problemas da Rússia e do czarismo deram forças para movimentos de oposição, em especial os socialistas.
Os socialistas se organizavam em torno do POSDR, partido surgido no final do século XIX, e atuavam na clandestinidade, pois eram bastante perseguidos pela monarquia czarista. Em 1903, o partido se dividiu em dois grupos: mencheviques (minoria) e bolcheviques (maioria). O primeiro defendia que a implantação do socialismo acontecesse por meio de reformas e pela via eleitoral, enquanto o segundo defendia que isso deveria acontecer pela via revolucionária.
Retornando ao ano de 1917, a Rússia estava em uma situação delicada porque acumulava derrotas na Primeira Guerra Mundial e o conflito gerava uma crise de abastecimento gigantesca, o que aumentava o sofrimento da população, pois faltava comida. Por fim, as derrotas traziam um risco de que o país pudesse ser invadido pelos alemães.
Em resumo, a posição do czar se abalou, abrindo espaço para a sua queda, em fevereiro de 1917. Isso aconteceu na Revolução de Fevereiro, quando trabalhadores invadiram a Duma, parlamento russo, para exigir mudanças no país. Isso deu origem a um novo governo, que ficou conhecido como Governo Provisório.
Nicolau II autorizou a repressão da população, mas quando percebeu que suas tropas estavam ficando do lado do povo, abdicou do trono. Assim, a Rússia, durante o Governo Provisório, passou a ser governada primeiramente por Georgy Lvov e depois por Aleksandr Kerensky. Foi nesse momento que os bolcheviques viram sua popularidade escalar.
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Principais causas da Revolução de Outubro
Entre as principais causas da Revolução de Outubro está a incapacidade do Governo Provisório de resolver os problemas mais graves que o país enfrentava. A atitude do Governo Provisório que mais gerou insatisfação foi a manutenção do país na guerra. Isso fez com que o cenário de crise se estendesse no país.
A falta de alimentos, de combustível, de empregos e a alta inflação foram problemas graves que atingiram gravemente a população russa. Essa situação fortaleceu os bolcheviques, que atuavam por meio dos sovietes (comitês de trabalhadores).
Em resumo, as principais causas para a Revolução de Outubro foram:
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manutenção da Rússia na Guerra;
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crise econômica (desemprego, desabastecimento e inflação);
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desejo de implantação do socialismo pela via revolucionária pelos bolcheviques.
Líder da Revolução de Outubro
O grande líder da Revolução de Outubro foi o revolucionário Vladimir Lenin. Ele era um importante membro do POSDR, sendo o grande representante dos bolcheviques e da saída revolucionária para a Rússia. Durante o Governo Provisório, foi anunciada anistia para os crimes políticos, permitindo que Lenin pudesse retornar ao país e encabeçasse os bolcheviques no processo de tomada do poder.
Foi ele quem popularizou um importante lema dos bolcheviques e que se tornou a pauta das exigências populares na Rússia durante o Governo Provisório: “Paz, pão e terra”. Os bolcheviques de Lenin também popularizaram o lema “Todo poder aos sovietes”, numa demonstração de que eles defendiam a ideia de poder popular.
Principais acontecimentos da Revolução de Outubro
A Revolução de Outubro e a ascensão dos bolcheviques ao poder ocorreram por meio de um levante armado. Esse levante aconteceu em 25 de outubro de 1917 (no calendário juliano) e uma série de combates aconteceu nas ruas de Petrogrado (São Petersburgo) entre as forças armadas dos bolcheviques e as tropas do governo.
Os principais prédios governamentais foram atacados pelas tropas bolcheviques e tomados por eles. No dia seguinte, o Palácio de Inverno foi tomado e essa situação levou os bolcheviques a anunciarem que haviam tomado o poder em nome dos sovietes e que estabeleciam naquele momento um Governo dos Operários e Camponeses de caráter provisório.
O novo governo estabelecido não teve o apoio dos mencheviques, e Aleksandr Kerensky esboçou uma reação contra os bolcheviques. No entanto, logo após, Kerensky fugiu da Rússia, deixando o caminho livre para a consolidação dos bolcheviques no poder. Algumas das ações relevantes tomadas pelos bolcheviques após conquistarem o poder foram:
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nacionalização das terras russas;
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estabelecimento de uma reforma agrária;
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abolição de todos os símbolos que remetessem ao czarismo;
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censura aos jornais “burgueses” e “contrarrevolucionários”;
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manutenção da burocracia estatal russa sob o nome de Conselho dos Comissários do Povo;
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criação de uma polícia política;
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saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial
Leia também: Leon Trotsky — outra liderança destacada no contexto da Revolução Russa
Qual a importância da Revolução de Outubro?
A Revolução de Outubro é um dos acontecimentos mais importantes da história mundial no século XX. Isso porque foi responsável por estabelecer a Rússia como a primeira nação socialista da história. Isso teve um impacto enorme, incentivando movimentos revolucionários de inspiração socialista em diferentes partes do planeta, sobretudo na Europa.
Consequências da Revolução de Outubro
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Popularização do socialismo como alternativa político-ideológica.
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Nacionalização das terras russas.
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Fim da propriedade privada.
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Concentração de poder nas mãos de Lenin.
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Criação de uma burocracia para administração do Estado.
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Extinção dos sovietes.
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Guerra Civil Russa.
Fontes
FREEZE, Gregory L. (org.). História da Rússia. Lisboa: Edições 70, 2017.
GILBERT, Martin. A História do Século XX. São Paulo: Planeta, 2016.
HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. 1941-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.