Segunda Guerra sino-japonesa
A Segunda Guerra Sino-Japonesa foi um conflito entre Japão e China iniciado em 1937 como consequência da expansão imperialista dos japoneses sobre o território chinês. Esse conflito, iniciado no Incidente da ponte Marco Polo, estendeu-se até 1945 com a rendição incondicional dos japoneses aos Aliados. O saldo dessa guerra foi cerca de 15 milhões de mortos ao longo de oito anos de conflito.
Antecedentes
Os conflitos do Japão com a China foram consequência de uma postura imperialista surgida no governo de Tóquio a partir do século XIX. Até a segunda metade do século XIX, o Japão era um país semifeudal e economicamente isolado do mundo. Esse quadro alterou-se com a Restauração Meiji de 1868. A partir da Restauração Meiji, o país sofreu grande modernização e desenvolvimento econômico.
O desenvolvimento econômico do Japão levou-o à ambição por novas terras para a exploração econômica. Isso aconteceu no contexto do avanço imperialista das nações europeias sobre o continente africano e asiático. A China, enfraquecida após uma sucessão de crises internas resultantes da interferência estrangeira, transformou-se no alvo do Japão.
As ambições do Japão sobre a China levaram a dois conflitos em um pequeno espaço de tempo. O primeiro desses conflitos foi a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-1895), que resultou da disputa entre os dois países pela influência sobre a Coreia. Ao final dessa guerra, os japoneses venceram e garantiram o controle sobre Taiwan, eliminando qualquer influência econômica da China sobre o país. Além disso, o Japão impôs pesada indenização sobre a China.
O segundo conflito foi a Guerra russo-japonesa (1904-1905), em que foi disputado o controle da Península Liaotung (parte da Manchúria) e de Port Arthur (importante porto da região). A vitória do Japão sobre a Rússia foi vista com surpresa, pois os observadores internacionais acreditavam em uma vitória russa. A vitória assegurou aos japoneses o controle sobre as regiões disputadas.
As conquistas japonesas levaram a uma onda de euforia e entusiasmo no Japão, que, aliado a uma doutrinação extensiva, desenvolveu um forte nacionalismo defensor de ambições imperialistas. Ao longo das décadas de 1920 e 1930, houve no Japão um regime autoritário de extrema-direita que alimentou o militarismo nacionalista e o imperialismo japonês.
Esse discurso nacionalista e imperialista do Japão afirmava que a missão na China era única e exclusivamente civilizatória, mas sabe-se que os interesses japoneses eram motivados por questões econômicas. Durante a década de 1930, dois incidentes levaram à invasão japonesa da Manchúria (região nordeste da China) e, por fim, ao início da guerra.
Primeiramente, ocorreu o Incidente Mukden em 1931, no qual um ataque forjado a uma ferrovia japonesa na Manchúria foi usado como pretexto pelo Japão para invadir o território. Após a invasão, foi criado o Império de Manchukuo, um Estado fantoche do Japão, que determinava as ações de acordo com seus interesses.
O outro acontecimento foi o Incidente da Ponte Marco Polo em julho de 1937. Nesse incidente, um confronto entre tropas chinesas e japonesas ocorreu após um desentendimento. Esse confronto levou ao rompimento das relações entre o Japão e a China. Assim, ao atacar a China, o Japão deu início à guerra.
Segunda Guerra Sino-Japonesa
A Segunda Guerra Sino-Japonesa foi marcada, principalmente, pela extrema violência demonstrada pelos exércitos japoneses contra os chineses. A resistência chinesa ficou a cargo de dois grandes grupos:
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nacionalistas, liderados por Chiang Kai-shek;
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comunistas, liderados por Mao Tsé-Tung.
Apesar da ação desses grupos, a resistência chinesa foi considerada bastante ineficaz, pois acumulou derrotas para os exércitos japoneses ao longo da guerra, mesmo com apoio estrangeiro. Acerca da violência, o historiador Max Hastings afirma que a brutalidade do exército japonês era uma característica institucionalizada dos altos escalões para os soldados. Esse historiador mencionou ainda inúmeros relatos sobre a violência cometida pelo Japão durante a guerra, como o seguinte:
Os camponeses chineses chamavam os ocupantes japoneses de “YaKe”, que significa “mudo” porque poucos se dignavam a aprender ou a falar chinês. “O tratamento YaKe” descrevia a perfuração de pernas de um homem ou de uma mulher com um bambu afiado, castigo costumeiro para supostas desobediências chinesas|1|.
Além desses atos de violência, destacou-se o grande massacre promovido na cidade de Nanquim entre 1937 e 1938. Nesse período, os japoneses realizaram estupros sistemáticos e indiscriminados contra as mulheres chinesas em Nanquim. Acredita-se que o número de mortos em Nanquim possa ter chegado aos 300 mil, e o de mulheres estupradas, a aproximadamente 20 mil. Esse episódio ficou conhecido como o Grande Estupro de Nanquim.
A Segunda Guerra Sino-Japonesa foi encerrada em 1945 com a rendição incondicional do Japão aos Aliados (a China fazia parte dos Aliados junto das principais forças: EUA, URSS e Reino Unido). A rendição japonesa aconteceu em 14 de agosto de 1945 após o lançamento de duas bombas atômicas sobre o Japão.
Com a derrota japonesa, a China recuperou todas as terras que havia perdido para o Japão ao longo dos anos. Os crimes cometidos pelo exército japonês durante a guerra foram julgados no Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente, que contou com representantes de onze países. O representante chinês chamava-se Mei Ju-ao.
|1| HASTINGS, Max. O mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 449.