Socialismo utópico

O socialismo utópico é uma teoria socialista que se estabeleceu no começo do século XIX, propondo melhorias à sociedade. Não propôs a superação do sistema capitalista.
Charles Fourier foi um dos principais representantes do socialismo utópico.[1]

O socialismo utópico é uma corrente de pensamento socialista que se originou no começo do século XIX, sendo a primeira corrente socialista. Surgiu como parte de uma crítica ao capitalismo e aos problemas relacionados a esse sistema, em especial a miséria e a desigualdade social.

Os socialistas utópicos não construíram uma corrente de pensamento homogêneo, portanto, cada pensador tinha propostas distintas, embora houvesse similaridades entre elas. O socialismo utópico desejava a construção de uma sociedade ideal baseada no cooperativismo. Essa corrente recebeu tal nome pelos representantes do socialismo científico.

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Resumo sobre socialismo utópico

  • O socialismo utópico é uma corrente do pensamento socialista que surgiu no começo do século XIX.

  • Seus representantes eram críticos à desigualdade social e à miséria presentes no sistema capitalista, buscando combatê-las.

  • Não defendiam a transformação da sociedade pela via revolucionária, mas pela cooperação mútua para que mudanças acontecessem.

  • Seus três principais representantes foram Robert Owen, Charles Fourier e Saint-Simon.

  • O nome socialismo utópico foi cunhado de maneira pejorativa pelos socialistas científicos.

Videoaula sobre socialismo utópico

O que é o socialismo utópico?

O socialismo utópico foi a primeira corrente do pensamento socialista e teve início na Europa no começo do século XIX. Surgiu como uma contestação ideológica às transformações que estavam acontecendo na Europa graças ao desenvolvimento do capitalismo e à Revolução Industrial.

O socialismo utópico criticava o capitalismo, propondo a construção de uma sociedade que se baseasse na igualdade. É importante pontuar que havia uma grande diversidade de socialistas utópicos, por isso, os pensamentos dos diferentes autores dessa fase do socialismo não podem ser considerados homogêneos.

Em geral, entende-se que o socialismo utópico considerava que a miséria e a desigualdade da sociedade capitalista eram grandes problemas que deveriam ser combatidos e defendiam que algumas mudanças deveriam acontecer como forma de mitigar a miséria e a desigualdade social. Essas mudanças poderiam ser conduzidas pelo Estado e até mesmo pela burguesia.

Os socialistas utópicos não acreditavam na saída revolucionária como forma de combater a miséria, defendendo que essas mudanças aconteceriam por ação das próprias pessoas, incluindo as elites econômicas. Esse seria o caminho a ser tomado para construir uma sociedade ideal, que teria foco na cooperação entre os membros da sociedade.

Essa sociedade ideal seria marcada pela ausência ou pela redução da miséria e da desigualdade. Entretanto, o socialismo utópico carecia de uma análise mais aprofundada dos problemas da sociedade de sua época e dos problemas do capitalismo, algo bastante criticado pelo socialismo científico.

Essa falta de aprofundamento teórico no socialismo utópico foi explorada pelo socialismo científico, e foram exatamente os dois grandes teóricos deste último — Karl Marx e Friedrich Engels — que deram o nome “utópico” àquela vertente. Nesse sentido, o “utópico” era uma crítica, uma forma de diminuir essa corrente de pensamento.

Características do socialismo utópico

As principais e mais básicas características do pensamento dos socialistas utópicos são:

  • Defesa da transformação da sociedade de maneira pacífica.

  • Ausência da saída revolucionária.

  • Defesa da construção de uma sociedade ideal baseada na cooperação entre todas as classes sociais.

  • Defesa da importância de se reduzir a miséria e a desigualdade social existentes no capitalismo.

  • Crítica ao capitalismo e ao liberalismo.

  • Crença no poder da burguesia de ser o agente condutor das transformações.

  • Divisão do trabalho para evitar o ócio de algumas classes sociais.

  • A ideia de cooperação mútua na construção da sociedade ideal.

Principais pensadores do socialismo utópico

O socialismo utópico não foi uma corrente homogênea, como apontado, e por isso seus diversos pensadores tinham propostas distintas umas das outras, embora houvesse também algumas semelhanças. De forma geral, destacaram-se as contribuições destes três pensadores: Robert Owen, Charles Fourier e Saint-Simon.

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Diferenças entre o socialismo utópico e o socialismo científico

O socialismo utópico é entendido como um estágio inicial da corrente de pensamento socialista e surgiu na primeira metade do século XIX. Essa corrente carecia ainda de maior entendimento do capitalismo e dos problemas causados pela industrialização, mas entendia que a desigualdade social causada por esse sistema era um grande problema que deveria ser superado.

Como vimos, os socialistas utópicos não acreditavam no caminho revolucionário e achavam que as mudanças necessárias poderiam ser realizadas pacificamente, contando com a cooperação da burguesia para construir a sociedade ideal que almejavam. Entendiam que o cooperativismo seria o molde ideal para que a sociedade se estruturasse adequadamente.

Muitos pensadores do socialismo utópico não defendiam a superação do capitalismo necessariamente, apenas o combate das contradições que esse sistema causava — a miséria e a desigualdade social.

Por meio de dois pensadores alemães, Karl Marx e Friedrich Engels, uma alternativa se estabeleceu: o socialismo científico. Essa corrente leva esse nome porque Marx e Engels defendiam um estudo científico do capitalismo, entendendo as engrenagens desse sistema e como ele subjugava o que chamavam de proletariado (trabalhadores).

A análise de Marx e Engels do capitalismo fez com que eles defendessem a superação do sistema. Para eles, a superação do capitalismo só acontecerá por meio da via revolucionária. Para isso, os trabalhadores precisarão tomar consciência de sua classe e dos problemas do socialismo, tomando o poder e estabelecendo a ditadura do proletariado.

Nessa ditadura do proletariado, o Estado atuará para reduzir as contradições do sistema capitalista até que haja uma real mudança de paradigma na mentalidade das pessoas. Quando isso acontecer, uma sociedade pautada na igualdade será estabelecida e já não será mais necessário a existência do Estado.

Quando isso acontecer, o comunismo estará estabelecido e o trabalho e toda a riqueza produzida serão divididos igualmente de acordo com a capacidade e necessidade de cada indivíduo. Com a abolição do Estado, também estarão abolidas as classes sociais, pois todos serão iguais entre si. Caso queira saber mais sobre o socialismo científico, leia nosso texto.

Socialismo utópico e socialismo real

O socialismo real é como se define as experiências reais e históricas que se pautaram na ideologia socialista ao longo da história. Essas experiências se iniciaram a partir da Revolução Russa, que transformou a Rússia na primeira nação socialista da história, em 1917. O socialismo real se difere do utópico porque se inspirou, a princípio, no socialismo científico.

Entretanto, é importante pontuar que as experiências do socialismo real também se distanciaram do socialismo científico, popularmente conhecido como marxismo. As experiências do socialismo real originaram interpretações da corrente socialista, como o leninismo e o maoismo.

Socialistas ligados ao marxismo são bastante críticos em relação ao socialismo real, assim como o são em relação ao socialismo utópico.

Créditos da imagem

[1]Commons/ CC-BY-SA 4.0

Fontes

AGOSTI, Aldo. O socialismo real: um balanço. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/18959/21022

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2005.

MARINI, Ruy Mauro. Duas notas sobre o socialismo. Disponível em: http://www4.pucsp.br/neils/downloads/v5_artigo_ruy.pdf

CARVALHO, José Maurício de. O socialismo utópico. Disponível em: https://revistas.ufg.br/philosophos/article/view/42600/23571

Publicado por Daniel Neves Silva
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