Charles Bukowski

Charles Bukowski é um famoso escritor estado-unidense. Ele é autor de poesias, contos e romances. Suas obras são realistas e dão protagonismo aos marginalizados e pobres.
Capa de livro de Charles Bukowski.[1]

Charles Bukowski é um autor estado-unidense. Ele nasceu no dia 16 de agosto de 1920, na Alemanha. Tinha dois anos de idade quando sua família se mudou para os Estados Unidos. Mais tarde, foi funcionário do correio, além de publicar contos em revistas e livros em pequenas editoras.

O escritor, que faleceu em 9 de março de 1994, em Los Angeles, é autor de obras que mostram a realidade de pessoas marginalizadas ou integrantes da classe baixa americana. Seus livros possuem uma linguagem objetiva e apresentam sexo explícito, como é possível verificar em seu romance Mulheres.

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Resumo sobre Charles Bukowski

  • O escritor estado-unidense Charles Bukowski nasceu em 1920 e morreu em 1994.

  • Além de poeta e romancista, trabalhou também como funcionário do correio.

  • Suas obras estão associadas a uma literatura marginal ou underground.

  • Seus textos apresentam realismo, sexo explícito, ironia e crítica social.

  • Uma de suas obras mais conhecidas é o romance Mulheres.

Biografia de Charles Bukowski

Henry Charles Bukowski nasceu em 16 de agosto de 1920, na cidade de Andernach, na Alemanha. Tinha quase três anos de idade quando, juntamente com seus pais, se mudou para os Estados Unidos. Seu pai era um militar estado-unidense e sua mãe, uma costureira alemã.

O ambiente em que foi criado era repleto de violência e maus-tratos. Assim, teve uma infância marcada pelo sadismo e crueldade do pai, que sempre lhe espancava, com a conivência da mãe. Para completar, na adolescência passou a ter problemas de acne, que marcaram seu rosto pelo resto da vida.

Por sua aparência, nessa idade sentiu a rejeição das moças. E passou por um doloroso e inútil tratamento médico. Durante esse período, descobriu o isolamento das bibliotecas e a paixão pelos livros. No entanto, com cerca de 16 anos de idade, começou a beber, um vício que jamais o abandonaria.

Assim, passou a frequentar não só a biblioteca, mas também os bares de Los Angeles. Deixou a casa dos pais e foi viver no decadente bairro de Bunker Hill. Para pagar o aluguel, trabalhava como operário em fábricas e depósitos. Até que decidiu conhecer os Estados Unidos de ônibus.

De volta a Los Angeles, morou em pensões e em hotéis de baixo nível. Em 1944, publicou seus primeiros contos na revista Story. Dois anos depois, mais contos na revista Portfolio. Depois de anos de consumo de álcool, foi internado, em 1955, devido a uma grave úlcera, que quase lhe tirou a vida.

Resolveu então se dedicar mais à literatura, apesar de ser funcionário do correio até 1969, quando passou a se concentrar exclusivamente em sua arte. Suas obras foram publicadas em revistas e editoras pequenas, de forma que o autor era conhecido por poucos e seletos leitores. Mas ganhava algum dinheiro ao fazer leituras de suas obras em universidades, prática comum na cultura estado-unidense.

Apenas na década de 1970, adquiriu reconhecimento nacional, após fazer sucesso na Europa, com publicações na França e na Alemanha. Teve várias obras adaptadas para o cinema até a sua morte em 9 de março de 1994, em Los Angeles, devido à leucemia. No entanto, o escritor teve mais sucesso editorial após a morte do que durante a vida.

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Características da obra de Charles Bukowski

As obras de Bukowski fazem parte de uma literatura marginal, ou seja, independente, já que o autor não se submetia às intervenções de editoras. E apresentam as seguintes características:

  • linguagem simples;

  • traços autobiográficos;

  • personagens marginalizados;

  • realismo social;

  • elementos do cotidiano;

  • sexo explícito;

  • ausência de idealizações;

  • objetividade;

  • palavras de baixo calão;

  • crítica à sociedade americana;

  • irreverência;

  • humor e ironia.

Principais obras de Charles Bukowski

Romances

  • Cartas na rua (1971).

  • Factótum (1975).

  • Mulheres (1978).

  • Misto-quente (1982).

  • Hollywood (1989).

  • Pulp (1994).

Livros de contos

  • Notas de um velho safado (1969).

  • Ao sul de lugar nenhum (1973).

  • Crônica de um amor louco (1983).

  • Numa fria (1983).

  • Fabulário geral do delírio cotidiano (1984).

Livros de poesia

  • O amor é um cão dos diabos (1977).

  • Hino da tormenta (2000).

  • Tempo de voo para lugar algum (2004).

  • Vida desalmada (2006).

  • As pessoas parecem flores finalmente (2007).

Mulheres, de Charles Bukowski

Capa do livro Mulheres, de Charles Bukowski, publicado pela editora L&PM.[2]

Em Mulheres, o narrador e protagonista é o escritor Henry Chinaski. No início da narrativa, ele tem 50 anos e faz quatro anos que não vai “pra cama com nenhuma mulher”. É divorciado e tem uma filha ilegítima de seis anos. Henry Chinaski é o alter ego de Charles Bukowski, de forma que ficção e realidade se misturam.

Logo no início da obra, o narrador fala de Lydia Vance, a quem conheceu anos atrás, depois de abandonar um emprego no correio. Ele narra seu conturbado relacionamento amoroso-sexual com Lydia e sua vida de escritor. Relata, explicitamente, os encontros sexuais com ela. Ela gosta de festas; e Henry, de beber.

Além dela, o protagonista também tem relacionamentos sexuais com Lilly, April, Dee Dee, Nicole, Mindy, Katherine e Joana. Apesar de Henry e Lydia brigarem muito e violentamente, com idas e vindas, ele a considera o seu amor, o que não o impede de fazer sexo com tantas outras mulheres.

A narrativa, assim, demonstra um cenário decadente e marginal e retrata a promíscua vida sexual do narrador, um alcoólatra inveterado. No meio da narrativa, Lydia, que tem dois filhos, fica grávida novamente, mas não sabe quem é o pai. O relacionamento entre os dois acaba enfim.

Nesse ponto da obra, Henry estreita sua amizade com Bobby, casado com Valerie. E, a partir de então, tem relações sexuais com Tammie, Mercedes, Liza, Hilda, Gertrude, Cassie, Debra, Íris, Valência e Tanya. Então, no fim do livro, o protagonista expressa a intenção de ser bom para Sara, sua nova parceira fixa.

Poemas de Charles Bukowski

O poema narrativo “Leoa”, do livro Hino da tormenta, é composto em versos livres e fala de uma leoa com fome. O narrador mostra os detalhes da captura de um antílope pela leoa. Enquanto ela o devora, pássaros e hienas esperam pelos restos. Por fim, satisfeita, ela vai embora:

olha, a leoa está com fome.
ela segue o antílope

eles são mais velozes.
mas ela é mais forte
ela pode correr uma distância maior
e ela está com fome.

lá vai ela,
aos pulos.

olha, ela quase pega um jovem
antílope que estava
ficando para trás.

sim, num salto, ela o pegou.
pela garganta.

os olhos dele como tampinhas de garrafa
rezando para o céu.

ele está morto agora
ela o faz em pedaços

em busca de seus pedaços
prediletos.
os outros —
os pássaros e hienas
se aproximam e
esperam.

ela balança a cabeça
levanta

e sai andando vagarosamente.
enquanto os macacos começam a
descer das
árvores
a leoa está
satisfeita e
cheia.

Já nos versos livres do poema “Beleza perdida”, do mesmo livro, o eu lírico fala da morte de uma mulher, possivelmente amada por ele. E parece sugerir que um dia os dois vão se encontrar, na “última dança”. Sobressai no poema a perda, principalmente a da beleza, de forma que a perda se torna maior do que a própria beleza:

no máximo, você era
o pensamento sensível de uma mão sensível

e quando
ante o amor das flores estou inerte e ausente —
enquanto a aranha bebe a hora da colheita —
tocam os sinos cinzentos,
deixe um sapo dizer

uma voz está morta;

deixe as feras da floresta,
os dias que tiveram ódio disso,

as viúvas teimosas de luto resignado
planejarem uma pequena rendição em algum lugar
entre Mexicali e Tampa;
você se foi, cigarros fumados, pães fatiados,
e a menos que isso seja tido como sofrimento forçado:
ponha a aranha no vinho,
esmague a fina cabeça que continha pouca iluminação,
como se fosse menos que um beijo traiçoeiro,
e me inscreva para a última dança
você muito mais morta que eu:
eu sou um prato para suas cinzas,
eu sou um punho para o seu ar.

o que existe de maior quanto à beleza
é descobrir que se foi.

Frases de Charles Bukowski

A seguir, vamos ler algumas frases de Charles Bukowski, retiradas de seu livro Hino da tormenta. Portanto, fizemos uma adaptação e transformamos seus versos em prosa:

“Eu não gostava de loiras: a pele delas era como mármore e sempre pareciam que estavam a ponto de desmaiar.”

“É uma época indecente quando as metralhadoras estão em silêncio e as nuvens não escondem nada em papos fofos como sonho de creme.”

“Ser jovem, idiota, pobre e feio não contribui para fazer a vida parecer melhor.”

“Os animais amam as montanhas, e as montanhas a si mesmas.”

“Cada homem tem um inimigo especial, às vezes mais que um.”

“Há sempre alguém no outro quarto ouvindo através da parede.”

“Me levou 15 anos para humanizar a poesia, mas será preciso mais do que eu para humanizar a humanidade.”

Créditos das imagens

[1] hamdi bendali / Shutterstock

[2] L&PM Pocket (reprodução)

Fontes:

BARBOSA, Bruno de Paula. Factótum: a tradução de Bukowski para o cinema. 2015. Dissertação (Mestrado em Letras) – Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2015.

BUKOWSKI, Charles. Hino da tormenta. Tradução de Sigval Scheitel, Gerciana Espíndola e Fábio Soares. Florianópolis: Spectro, 2003.

BUKOWSKI, Charles. Mulheres. Tradução de Reinaldo Moraes. Porto Alegre: L&PM, 2011.

VIAÑA, Francisco Tejeda. Charles Bukowski, pensador decadentista. La Colmena, Toluca, n. 48, p. 79-86, out./ dez. 2005.

Publicado por Warley Souza
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