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Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe, escritor americano, nasceu em 19 de janeiro de 1809. Ficou órfão antes de completar três anos de idade e foi adotado, informalmente, pelo comerciante John Allan (1779-1834). Poe estudou nas melhores escolas e, durante quase um ano, na Universidade da Virgínia, em 1825. Depois se alistou no exército, foi admitido na Academia Militar em West Point, mas não ficou ali por muito tempo. Mais tarde passou a escrever para periódicos nos Estados Unidos.

Publicou seu primeiro livro em 1827 — Tamerlão e outros poemas. No entanto, sua poesia mais conhecida é O corvo (The raven), traduzida para o português, pela primeira vez, por Machado de Assis (1839-1908). Entretanto, Poe é mais conhecido pelos seus contos de terror. Autor pertencente ao romantismo sombrio, sua narrativa está associada ao grotesco, irracional e sobrenatural. O autor, principal influência para o simbolismo, morreu em 7 de outubro de 1849.

Leia mais: Álvares de Azevedo – autor brasileiro cuja obra possui semelhanças com a de Poe

Biografia de Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe, em 1848.
Edgar Allan Poe, em 1848.

Edgar Allan Poe nasceu em 19 de janeiro de 1809, em Boston, nos Estados Unidos. Seus pais eram atores profissionais e trabalhavam em uma companhia de teatro quando o escritor veio ao mundo. No entanto, o menino, com menos de três anos, ficou órfão de pai e mãe. Ele, então, foi criado, mas não adotado legalmente, por John Allan, um comerciante. Em 1815, Poe e seus pais adotivos mudaram-se para a Inglaterra, retornando em 1820, para viver em Richmond, no estado da Virgínia.

Poe estudou nas melhores escolas e ingressou na Universidade da Virgínia em 1825. Entretanto, não ficou lá sequer um ano, devido às dívidas que fez, as quais seu pai adotivo recusou-se a pagar. Eles se desentenderam, e Poe mudou-se para Boston, para alistar-se no exército, em 1827, ano em que publicou seu primeiro livro: Tamerlão e outros poemas. Em 1829 foi dispensado do exército e admitido na Academia Militar dos Estados Unidos em West Point, porém não pôde manter-se nela, devido a um incidente com um oficial superior.

Então, foi para Nova Iorque e, depois, para Baltimore, onde morou na casa de sua tia Maria Clemm (1790-1871). Poe continuou a escrever, ganhou um prêmio em dinheiro pelo conto Manuscrito encontrado numa garrafa, porém não conseguia manter-se financeiramente.

No entanto, em 1835, conseguiu o cargo de editor no The Southern Literary Messenger, em Richmond. No ano seguinte, casou-se com sua prima Virginia (1822-1847), de 13 anos de idade. Durante 10 anos, trabalhou em periódicos, o que o tornou conhecido. Contudo, em 1847, sua esposa morreu de tuberculose, e esse fato provocou o declínio do escritor, que se tornou alcoólatra. 

Os detalhes da morte de Edgar Allan Poe nunca foram esclarecidos. Em 3 de outubro de 1849, ele foi encontrado em Baltimore, em estado de semiconsciência, sem, portanto, apresentar condições de explicar como e por que estava naquela cidade, ou mesmo apontar os acontecimentos precedentes que o levaram àquela situação. Foi conduzido, então, ao hospital, onde morreu quatro dias depois, em 7 de outubro. Assim, a causa da morte continua sendo um mistério, apesar de haver suposições, entre elas, embriaguez ou sífilis.

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Estilo literário de Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe, apesar de ser um escritor com características únicas, é, comumente, associado ao romantismo, mais particularmente ao romantismo sombrio — expressão criada pelo crítico italiano Mario Praz (1896-1982) —, isto é, uma variação do romantismo caracterizada pelo grotesco, irracional, sobrenatural, destrutivo e demoníaco.

As poesias e contos de Edgar Allan Poe atingiram fama mundial. Sua narrativa é bem estruturada, possui profundidade filosófica e apresenta conteúdo analítico, desvinculado do utilitarismo, pois o autor defendia que a literatura devia centrar-se em seu caráter puramente estético. Foi, portanto, um precursor da defesa da arte pela arte. Já sua poesia é marcada por melancolia, desespero, estranhamento e sentimento de perda.

Apesar de Poe ser um escritor que privilegiava a razão na produção de suas obras, ou seja, utilizava o planejamento em vez de uma suposta espontaneidade romântica, sua poesia e narrativa estão vinculadas à emoção e ao sentimento que caracterizam o romantismo, devido à melancolia, angústia, ao medo ou horror que elas provocam em leitoras e leitores. Sua narrativa, ainda, recorre ao diálogo interno, à profundidade psicológica.

Assim, Edgar Allan Poe é considerado o criador do conto de terror moderno, além de precursor da ficção científica e da história policial. No mais, sua obra influenciou importantes autores que vieram depois dele, como o escritor francês Charles Baudelaire (1821-1867), associado ao decadentismo ou simbolismo, que, portanto, devem a sua existência à obra de Poe, a suas histórias de terror, fantásticas, simbólicas e enigmáticas.

Leia mais: Conto fantástico – narrativa curta que apresenta traços de inverossimilhança

Obras de Edgar Allan Poe

“Nevermore” (“nunca mais”) é a conhecida resposta do corvo, personagem do poema mais famoso de Edgar Allan Poe.
“Nevermore” (“nunca mais”) é a conhecida resposta do corvo, personagem do poema mais famoso de Edgar Allan Poe.
  • Tamerlão e outros poemas (1827)
  • Al Aaraaf, Tamerlão e poemas menores (1829)
  • Poemas (1831)
  • A narrativa de Arthur Gordon Pym (1838)
  • Contos do grotesco e do arabesco (1840)
  • Contos (1845)
  • O corvo e outros poemas (1846)
  • Eureka: um poema em prosa (1848)
  • Histórias extraordinárias (1859)

O corvo

Seu texto mais famoso é o poema narrativo O corvo (The raven), de 1845. Nesse poema, o narrador conta um episódio assustador ocorrido à meia-noite, quando, sonolento, e com saudades de Lenora, a amada morta, ouve baterem à porta de seu quarto. Entretanto, ao abrir a porta, ele não encontra ninguém. Na sequência, ouve outra batida, e, ao abrir a janela, encontra um corvo. Passa, então, a conversar com ele, que sempre responde: “nunca mais” (“nevermore”), como demonstra este trecho do poema traduzido por Machado de Assis:

Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho
E disse estas palavras tais:
“É alguém que me bate à porta de mansinho;
“Há de ser isso e nada mais.”

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial Dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.

Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora,
E que ninguém chamará mais.
[...]

Abro a janela, e de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto
Movendo no ar as suas negras alas,
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, — o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: “Ó tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize a teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?”
E o corvo disse: “Nunca mais.”
[...]

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?”
E o corvo disse: “Nunca mais.”

E o corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!

Veja também: Epopeia – gênero literário clássico estruturado em poemas narrativos

Frases de Edgar Allan Poe

Vamos ler, a seguir, algumas frases de Edgar Allan Poe, retiradas de seu livro Eureka:

“Não posso conceber o Infinito e estou convencido de que nenhum ser humano pode.”

“O cérebro humano inclina-se para o Infinito e acaricia o fantasma da ideia.”

“As conspirações de Deus são perfeitas.”

“O Universo é uma trama de Deus.”

“Cada alma é, em parte, seu próprio Deus.”

E de suas cartas a John Allan:

“Devo conquistar ou morrer, ter sucesso ou ficar desonrado.”

“Posso lutar contra qualquer dificuldade.”

“Posso andar entre a infecção e não ser contaminado.”

“Há muito tempo, desisti de Byron como modelo; por isso, acho que mereço algum crédito.”

Publicado por Warley Souza
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