Linguagem literária

O caráter artístico de um texto é obtido por meio da linguagem literária. Ela é plurissignificativa, subjetiva e não utilitária, em oposição à linguagem não literária.
A linguagem literária é mais subjetiva.

A linguagem literária é o que permite que um texto seja considerado artístico. Ela é conotativa, subjetiva, ficcional e não utilitária. Em contraposição, a linguagem não literária é denotativa, objetiva, não ficcional e utilitária. A linguagem literária pode ser lírica, narrativa ou dramática.

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Resumo sobre linguagem literária

  • A linguagem literária é utilizada em textos de caráter artístico.

  • Ela apresenta plurissignificação, subjetividade e caráter não funcional.

  • A linguagem literária pode ser lírica, narrativa ou dramática.

  • A linguagem não literária é denotativa, objetiva e funcional.

O que é a linguagem literária?

A linguagem literária é uma forma de se expressar artisticamente por meio da escrita. Tal linguagem apresenta características que a afastam de um texto utilitário, como veremos a seguir.

Quais são as características da linguagem literária?

  • Ausência de função utilitária.

  • Grande subjetividade.

  • Aspecto conotativo.

  • Caráter ficcional.

Quais são os tipos de linguagem literária?

  • Linguagem lírica

É utilizada em textos poéticos (em verso ou em prosa), para expressar ideias, emoções ou sensações. Apresenta elementos extremamente conotativos e gera certa estranheza. Está presente, por exemplo, em poemas de autores como: Gregório de Matos, Álvares de Azevedo, Castro Alves, Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, Cecília Meireles, entre outros poetas brasileiros.

  • Linguagem narrativa

É utilizada em textos que contam uma história (em verso ou em prosa) por meio da indicação de ações realizadas por personagens fictícios em determinado lugar e época. Apresenta conotação; porém, menos intensamente do que a linguagem lírica. Pode ser encontrada, por exemplo, em contos e romances de autores como: Machado de Assis, Lima Barreto, Mário de Andrade, Clarice Lispector, entre outros contistas e romancistas brasileiros.

  • Linguagem dramática

É utilizada em textos ficcionais escritos para serem encenados e tem o objetivo de apontar a ação dos atores e atrizes, bem como suas respectivas falas. A plurissignificação pode estar presente nas falas dos personagens, de forma menos ou mais intensa. Esse tipo de linguagem é encontrado em peças teatrais de autores como: Martins Pena, Ariano Suassuna, Dias Gomes, Nelson Rodrigues, entre outros dramaturgos brasileiros.

Leia também: Quais são os gêneros literários?

Diferenças entre linguagem literária e linguagem não literária

A linguagem literária e a linguagem não literária possuem características opostas. Assim, a linguagem literária não é funcional e apresenta subjetividade, plurissignificação e caráter ficcional. Já a linguagem não literária é funcional e apresenta objetividade, denotação e ausência de ficcionalidade. Por exemplo, uma poesia apresenta linguagem literária, enquanto um relatório apresenta linguagem não literária. Para saber mais sobre a linguagem não literária, clique aqui.

Importância da linguagem literária

A literatura é a arte da escrita e, portanto, tem a palavra como matéria-prima. Assim, é por meio da linguagem literária que um texto se transforma em uma obra de arte. Se pensamos em arte como aquilo que extrapola o comum para alcançar o que é extraordinário, a linguagem literária assume grande importância, já que é contrária à utilidade e, por isso, faz com que o texto literário sobreviva por muito tempo.

Exercícios sobre linguagem literária

Questão 1 (Enem)

Labaredas nas trevas

Fragmentos do diário secreto de

Teodor Konrad Nalecz Korzeniowski

20 DE JULHO [1912]

Peter Sumerville pede-me que escreva um artigo sobre Crane. Envio-lhe uma carta: “Acredite-me, prezado senhor, nenhum jornal ou revista se interessaria por qualquer coisa que eu, ou outra pessoa, escrevesse sobre Stephen Crane. Ririam da sugestão. [...] Dificilmente encontro alguém, agora, que saiba quem é Stephen Crane ou lembre-se de algo dele. Para os jovens escritores que estão surgindo ele simplesmente não existe.”

20 DE DEZEMBRO [1919]

Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Sou reconhecido como o maior escritor vivo da língua inglesa. Já se passaram dezenove anos desde que Crane morreu, mas eu não o esqueço. E parece que outros também não. The London Mercury resolveu celebrar os vinte e cinco anos de publicação de um livro que, segundo eles, foi “um fenômeno hoje esquecido” e me pediram um artigo.

FONSECA, R. Romance negro e outras histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992 (fragmento).

Na construção de textos literários, os autores recorrem com frequência a expressões metafóricas. Ao empregar o enunciado metafórico “Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal”, pretendeu-se estabelecer, entre os dois fragmentos do texto em questão, uma relação semântica de

A) causalidade, segundo a qual se relacionam as partes de um texto, em que uma contém a causa e a outra, a consequência.

B) temporalidade, segundo a qual se articulam as partes de um texto, situando no tempo o que é relatado nas partes em questão.

C) condicionalidade, segundo a qual se combinam duas partes de um texto, em que uma resulta ou depende de circunstâncias apresentadas na outra.

D) adversidade, segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta uma orientação argumentativa distinta e oposta à outra.

E) finalidade, segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta o meio, por exemplo, para uma ação e a outra, o desfecho da mesma.

Resolução:

Alternativa B.

A conotação é a principal característica da linguagem literária. No texto de Rubem Fonseca, a metáfora “Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal” é um elemento conotativo que marca a passagem do tempo, já que sugere que muita coisa aconteceu entre as escritas dos dois fragmentos do diário secreto.

Questão 2 (UFLA)

TEXTO 1

LITERATURA AJUDA A ENTENDER OUTROS TEXTOS E O MUNDO

Após o vestibular, o conhecimento de matemática cobrado será importante nas carreiras de exatas, assim com o de história, nas de humanas. Já a literatura, apesar de não ter um conteúdo que possa ser diretamente aplicado a algumas profissões, é importante para todas as carreiras.

“Literatura não é importante porque cai no vestibular, mas cai no vestibular porque é importante. Ela melhora a sensibilidade, a compreensão do mundo. Habilita o leitor a ter uma percepção do meio social, histórico e até pessoal muito mais complexo do que sem essa experiência de linguagem”, disse Benedito Antunes, professor da Unesp de Assis.

O mais importante na literatura, além dos fatos que são narrados, é a forma que o autor encontra para contar a história. A linguagem usada é normalmente mais complexa do que a de outros tipos de texto. Por isso, o estudante acostumado a ler obras literárias geralmente tem mais facilidade de interpretar outros textos, inclusive enunciados de questões.

“Não lendo literatura, você fica com menos competência para perceber a matemática, para entender as relações físicas do homem. Interpretando um texto literário, você tem condições de perceber que uma palavra ou um período muitas vezes não têm um sentido só”, disse Maria Thereza Fraga Rocco, vice-diretora-executiva da Fuvest e professora da Faculdade de Educação da USP.

Por trabalhar a imaginação, a literatura desenvolve habilidades que são úteis até para a elaboração de um trabalho científico, por exemplo. “Ao ler literatura, o estudante vai ter uma habilidade mental, um alargamento de visões e possibilidades de interpretações. Isso fica indelevelmente na formação do sujeito”, disse o físico Fernando Dagnoni Prado, diretor acadêmico da Vunesp.

André Nicoletti — Folha de São Paulo — Educação — 24/4/2003.

TEXTO 2

A LIBERDADE DA LINGUAGEM LITERÁRIA

Um texto literário não tem um sentido predeterminado; ele é um campo de significado e cabe ao leitor penetrar nesse campo e tecer sua leitura, elaborando uma rede de interpretações. E essa tarefa é pessoal, variando de acordo com a preparação intelectual do leitor, de sua familiaridade com a literatura, de sua formação cultural. Dificilmente dois leitores farão leituras idênticas de um mesmo texto.

Douglas Tufano — Estudos de Língua e Literatura — v. 1 (com adaptações).

O trecho do texto 1 que se relaciona com a ideia principal do texto 2 é

A) “Não lendo literatura, você fica com menos competência para perceber a matemática, para entender as relações físicas do homem.”

B) “Por trabalhar a imaginação, a literatura desenvolve habilidades que são úteis até para a elaboração de um trabalho científico [...].”

C) “O mais importante na literatura, além dos fatos que são narrados, é a forma que o autor encontra para contar a história.”

D) “Interpretando um texto literário, você tem condições de perceber que uma palavra ou um período muitas vezes não têm um sentido só.”

E) “Ela melhora a sensibilidade, a compreensão do mundo. Habilita o leitor a ter uma percepção do meio social, histórico e até pessoal muito mais complexo do que sem essa experiência da linguagem.”

Resolução:

Alternativa D.

O texto 2 diz que o “texto literário não tem um sentido predeterminado”, que o leitor deve elaborar “uma rede de interpretações” e que dificilmente “dois leitores farão leituras idênticas de um mesmo texto”. Isso está de acordo com o que diz este trecho do texto 1: “Interpretando um texto literário, você tem condições de perceber que uma palavra ou um período muitas vezes não têm um sentido só”. Dessa forma, esse fragmento do texto 1 aponta o caráter plurissignificativo da linguagem literária, assim como o texto 2.

Fontes:

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.

GOULART, Audemaro Taranto; SILVA, Oscar Vieira da. Introdução ao estudo da literatura. Belo Horizonte: Lê, 1994. 

Publicado por Warley Souza
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