Conto

O conto é um gênero literário marcado pela concisão. Tais narrativas têm, em geral, poucos personagens, espaço e tempo restritos e um conflito único.
“Todos têm uma história”. Em um conto, dos temas mais complexos aos mais simples são narrados. Qualquer um pode construí-lo!

O conto é um dos mais tradicionais gêneros literários e um dos mais lidos pelo público na atualidade. Por ser curto, esse tipo de texto tem alcançado cada vez mais espaço, circulando em redes sociais e blogs pela internet.

Autores clássicos da literatura brasileira, tais como Machado de Assis ou Mário de Andrade, ganharam notoriedade por serem excepcionais contistas. O gênero tem, hoje, diversas subdivisões, tais como “contos de ficção científica”, “infantojuvenis”, “fantásticos”, “de fada”, entre tantas outros.

As principais características do conto são a presença dos elementos tradicionais da narrativa – personagens, tempo, espaço e enredo – em suas formas concisas, conforme explicaremos a seguir.

Acesse também: Conheça a tipologia textual de que o conto faz parte.

Características do gênero

O conto pode ser definido como uma narrativa curta e com um único conflito. Isso significa que, nessas histórias, há poucos personagens, o tempo e o espaço são reduzidos ao essencial e, além disso, o enredo (a sequência de ações pelas quais os personagens passam) é marcado pela existência de um único acontecimento relevante. Dessa forma, em geral, os contos apresentam apenas um clímax (aquele momento de maior tensão da narrativa).

Veja, a seguir, um trecho do conto Negrinha, de Monteiro Lobato:

Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.

Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças.

Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma — “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.

Ótima, a dona Inácia.

Mas não admitia choro de criança. [...]

Note-se que, nesse trecho – parte inicial do conto de Monteiro Lobato – já é possível perceber todos os elementos do conto: As poucas personagens – Negrinha e Dona Inácia – vivem um enredo que ocorre em uma fazenda alguns anos após a libertação dos escravos. Isso é perceptível porque nos é dito que a mãe de Negrinha era uma escrava de Dona Inácia. O conflito único que percorre todo o enredo é deflagrado, por sua vez, na frase “Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança”. Aqui, percebemos que a questão central do conto é a relação abusiva que existia entre as duas personagens centrais. 

Tipos de conto

Existem diversos tipos de conto, e a categorização dessas subdivisões do gênero devem-se a diversos fatores, tais como o tipo de personagem, a época em que o enredo ocorre, ou ainda o público. Listamos, a seguir, alguns tipos de conto:

  • Conto de ficção científica: caracterizado por ter, em seu enredo, elementos que não existem em nossa realidade, mas que poderiam existir devido ao avanço científico e tecnológico.
  • Conto infantojuvenil: narrativas voltadas para jovens e crianças. Normalmente, a linguagem utilizada nesses contos é mais simples, e as temáticas são relacionadas a conflitos comuns na vida de seus leitores-alvo.
  • Conto fantástico: com personagens e acontecimentos impossíveis na realidade e não explicados na narrativa, esses contos têm conquistado cada vez mais leitores.
  • Conto de fadas: velho conhecido de muitas pessoas, o conto de fadas é marcado pela existência de fadas e outras criaturas mágicas entre suas personagens. Esse subgênero de conto é especialmente lido por crianças, embora existam narrativas assim voltadas para o público mais velho.

Leia também: Técnicas de estrutura da narrativa

Diferenças entre conto e crônica

É muito comum encontrarmos certas dificuldades para diferenciar os gêneros conto e crônica. Entretanto, é bom saber que eles não têm as mesmas características. O conto, como já dissemos, é uma narrativa curta e com um único conflito em seu enredo. A crônica, por outro lado, é um gênero discursivo que busca retratar o cotidiano e está ligado ao jornal.

Normalmente, as crônicas encontradas diariamente nas bancas tratam de assuntos corriqueiros da atualidade. O bom cronista é aquele que consegue contar o dia a dia de um modo específico e fascinante, com um ponto de vista singular. Alguns célebres escritores brasileiros – tais como Clarice Lispector ou Lima Barreto – foram, também, cronistas.

Publicado por Fernando Marinho
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