Função metalinguística
Para atingir os elementos da comunicação (emissor, receptor, código, mensagem e contexto), as funções da linguagem são constituídas por seis diferentes opções, que podem conviver — de maneira hierárquica — nos diversos tipos de texto, sejam eles linguísticos ou extralinguísticos. Entre as seis funções esquematizadas pelo linguista russo Roman Jakobson, está a função metalinguística da linguagem.
Na função metalinguística, o foco da mensagem é o código, seja ele linguístico (a escrita ou a oralidade), seja extralinguístico (música, cinema, pintura, fotografia, gestualidade etc.). Quando o emissor preocupa-se com o código, ele produz aquilo que chamamos de metalinguagem. Observe como ele pode manifestar-se na linguagem literária:
Poema que aconteceu
Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.
A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.
Carlos Drummond de Andrade
No poema de Drummond, o tema é o próprio ato de escrever poesia, ou seja, o código, no caso a linguagem poética, é o assunto do texto. O poema é uma descrição do ato de fazer um poema. Observe como a metalinguagem pode ser encontrada nas artes plásticas e na publicidade:
La clairvoyance, ou A perspicácia, de René Magritte. Autorretrato do artista pintando um pássaro, 1936
Na tirinha Garfield, do desenhista Jim Davis, o código, ou seja, a própria tirinha, é o alvo da mensagem
A função metalinguística pode ser encontrada nos diversos gêneros, inclusive nos anúncios publicitários
Podemos afirmar que a função metalinguística não tem o objetivo de significar por si, mas sim o objetivo de dizer o que o outro significa. Conhecer as funções da linguagem pode contribuir para o entendimento de cada mensagem enunciada em um contexto comunicacional, seja ele linguístico ou não.