Xamanismo
O xamanismo pode ser definido como o conjunto de práticas rituais e ancestrais que tem como objetivo estabelecer contato com o mundo espiritual. Os rituais xamânicos são realizados mediante músicas, danças e consumo de enteógenos, como a ayahuasca e cogumelos alucinógenos. O pajé pu xamã é quem guia os rituais xamânicos, comunicando-se com o mundo espiritual.
Existe uma polêmica entre os antropólogos acerca da validade do termo “xamanismo”, mas seu uso se popularizou no Ocidente de toda forma. Existiram diversos povos antigos que possuíam rituais xamânicos, como os vikings e os astecas, mas também existem aqueles que ainda mantêm essas práticas, como diferentes povos indígenas do Brasil.
Resumo sobre xamanismo
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O xamanismo são os rituais ancestrais realizados para manter contato com o mundo espiritual.
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Estima-se que os rituais xamânicos tenham surgido no Paleolítico.
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O xamã ou pajé é quem conduz os rituais xamânicos, sendo o intermediário com o mundo espiritual.
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Os rituais no xamanismo possuem músicas, danças e consumo de enteógenos.
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Diversos povos no planeta, como os indígenas da América, praticam o xamanismo.
Como funciona o xamanismo?
O xamanismo é o conjunto de práticas religiosas ancestrais presentes em diversos povos da humanidade desde o Paleolítico. É entendido como rituais que permitem os seres humanos manterem contato com o sagrado, isto é, com o mundo espiritual. Esse contato com o mundo espiritual se dá mediante o transe (alteração da consciência). Há também a presença de música e danças nesses rituais.
Esse contato com o mundo espiritual permite as práticas de curandeirismo, o contato com os ancestrais, com espíritos bons e maus, a adivinhação do futuro, entre outros. Embora muitos possam entender o xamanismo como uma religião, os antropólogos não o entendem dessa forma.
O xamanismo não pode ser entendido enquanto religião porque não se estrutura da mesma maneira que as religiões tradicionais, não possuindo dogmas religiosos, por exemplo. Embora a definição de xamanismo seja alvo de muita polêmica entre os antropólogos, ela pode ser resumida como práticas ancestrais para manter-se contato com o mundo espiritual.
O transe é fundamental no xamanismo, pois é por meio dele que se mantém esse contato com o sagrado. Pode ser atingido apenas por um indivíduo como pode ser coletivo. É por meio desse estado que se acessa mensagens do mundo espiritual ou que se tem acesso aos espíritos que curam, por exemplo.
O que o xamã faz?
Tradicionalmente, o xamã ou pajé é aquele que guia os rituais xamânicos. Ele é entendido como o mensageiro ou o intermediário entre o mundo terreno e o mundo espiritual, sendo quem entra em estado de transe para fazer essa comunicação.
Nesse estágio, o xamã recebe as mensagens do mundo espiritual e tem contato com os espíritos ancestrais, com espíritos bons e maus e com espíritos de animais. Dessa forma, é capaz de curar e fazer adivinhações. Além disso, o xamã pode conduzir pessoas para contatarem o mundo espiritual.
Entretanto, nem todos os povos realizam rituais xamânicos com a presença de xamãs. Existem os que conduzem os seus rituais sem a presença dessa autoridade, e, com isso, o ritual é conduzido pelos participantes, sendo o coletivo ou um indivíduo que espontaneamente inicia o contato com o mundo espiritual.
O transe no xamanismo
O transe é um estágio muito importante nos rituais xamânicos, pois é por meio dele que se mantém contato com o mundo espiritual. O transe é alcançado por meio do consumo de substâncias enteógenas, isto é, que conseguem alterar o estado de consciência dos seres humanos.
Cada povo faz uso de um enteógeno distinto, mas os mais comuns são a ayahuasca, uma bebida produzida da mistura de diversas plantas; os cogumelos; e a cannabis. Existem muitas outras plantas que, se consumidas, podem alterar o estado de consciência de uma pessoa.
Etimologia do termo xamanismo
Os antropólogos definem que a origem do termo xamanismo, no português, tem relação o termo em inglês shamanism. Este, por sua vez, é derivado de saman, uma palavra provavelmente do evenki (uma língua tungúsica), de origem na Sibéria e que é livremente traduzida como “saber”.
Esse termo também se popularizou como forma de se referir aos povos que habitavam a Sibéria e regiões vizinhas, a partir do século XVII. Todos esses povos da Sibéria possuíam o costume xamânico. O termo acabou sendo usado também para referir-se ao mesmo tipo de ritual ancestral praticado por outros povos.
Isso porque os rituais xamânicos, embora não sejam idênticos em todo o planeta, são encontrados em diferentes povos, entre os quais estão os povos indígenas do Brasil. No Ocidente, o termo passou a ser utilizado para referir-se a essas práticas rituais com base nos costumes de povos mongóis e turcos e ganhou amplo uso.
No entanto, é importante pontuar que existe um debate acerca do uso do termo “xamanismo”, e muitos antropólogos e demais pesquisadores acham que ele é inadequado. Embora generalizado, o uso não é uma unanimidade entre os pesquisadores.
Leia mais: Religião dos povos vikings, praticantes do xamanismo
Quem pratica o xamanismo?
O xamanismo é uma prática que esteve presente em muitos povos da Antiguidade, como os gregos, os astecas e os nórdicos da Era Viking, mas também é encontrado em diferentes povos da atualidade. Diversos povos indígenas do Brasil, os aborígenes australianos, diversos povos africanos e outros povos indígenas da América também praticam rituais xamânicos.
Créditos das imagens:
[1]Shutterstock | Brian Hodges Images
[2]Shutterstock | robertharding
Fontes
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