Ecomalthusianismo
O ecomalthusianismo é uma teoria demográfica e também ambiental que questiona a relação de desequilíbrio entre o crescimento populacional e a disponibilidade de recursos naturais, além da capacidade da natureza em resistir à crescente intervenção humana em função do aumento gradativo das populações.
Para entender o que é, exatamente, a teoria do ecomalthusianismo, primeiro é necessária uma melhor compreensão das ideias do pensador inglês Thomas R. Malthus, pois foi a partir de seus postulados que essa forma de pensamento constituiu-se.
Malthus, em meados do século XVIII, desenvolveu em sua obra – Ensaio Geral sobre a População – uma teoria que até hoje é alvo de muita polêmica nos estudos acadêmicos: a de que as populações humanas aumentavam conforme uma progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos crescia conforme uma progressão aritmética, que é mais lenta. Portanto, havia um desequilíbrio entre o número de habitantes e os elementos capazes de sustentá-los, o que emanava a necessidade de um “controle moral” da população, sobretudo nos setores de baixa renda.
A teoria ecomalthusiana opera com a mesma linha de raciocínio. Para ela, o número crescente de pessoas na Terra demanda uma maior utilização de recursos naturais e, consequentemente, uma maior exploração dos elementos disponíveis na natureza. Nesse caso, a tendência é que se chegue a um ponto em que haverá tantas pessoas no mundo que o meio ambiente não será capaz de suprir a necessidade de todos.
Outra premissa do ecomalthusianismo é a de que a maior quantidade de habitantes na Terra também gera mais impactos ambientais, podendo prejudicar o clima, os solos e os recursos renováveis de um modo geral. Até mesmo a ideia de sustentabilidade ficaria em xeque, uma vez que a sua definição trabalha com a ideia de garantir a natureza e os recursos naturais para as gerações futuras.
A questão do ecomalthusianismo é: será que o mundo suporta tanta gente?
Contestações e críticas ao ecomalthusianismo
Malthus foi amplamente criticado por não considerar as evoluções tecnológicas e o seu papel no sentido de intensificar a produção de mercadorias e alimentos, o que contribuiu para um aumento nos recursos disponíveis para as sociedades em geral. No entanto, boa parte de seus pensamentos foi remodelada em teorias demográficas tais como o neomalthusianismo e o próprio ecomalthusianismo, que também são criticados a partir do mesmo princípio.
De acordo com as premissas da Transição Demográfica, por exemplo, o crescimento populacional desordenado não é a principal preocupação populacional dos tempos atuais, mas sim o envelhecimento médio dos habitantes, com a redução das taxas de natalidade e também das taxas de mortalidade com o consequente aumento da expectativa de vida. Portanto, creditar um problema ambiental ao excesso populacional, conforme essa linha de raciocínio, seria um erro.
Outros críticos ao ecomalthusianismo colocam que o problema, na verdade, é o aumento do consumo da população, além dos maiores impactos gerados pela produção crescente de lixo e de poluentes em geral. Os Estados Unidos, por exemplo, segundo algumas organizações ambientais, é responsável por mais de 15% do consumo mundial, apesar de ter somente 6% da população total. Com isso, estima-se que seriam necessários vários planetas Terra para suportar essa demanda caso todos os países resolvessem seguir o mesmo padrão.
Independentemente do fato de a teoria do ecomalthusianismo estar certa ou errada, uma coisa precisa ser considerada: precisamos repensar a forma com que consumismos e utilizamos os recursos da natureza, bem como os modelos de preservação, a fim de garantir um desenvolvimento sustentável que garanta uma melhor qualidade de vida para a posteridade.