Teorias demográficas
As teorias demográficas têm como principal objetivo a análise da evolução das populações no decorrer do tempo, identificando os fatores socioeconômicos que interferem no seu crescimento e quais são os impactos desse processo no meio. As principais são:
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teoria reformista;
Algumas teorias populacionais são bastante pessimistas e alarmistas no que diz respeito à relação entre crescimento demográfico e a disponibilidade de alimentos e recursos naturais, como as teorias malthusiana e neomalthusiana. Outras apontam o crescimento como consequência do subdesenvolvimento, como a teoria reformista. Já a teoria da transição demográfica prevê a estagnação do crescimento populacional ao fim de diferentes fases de transformação, o que acontece em momentos distintos nos países.
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Resumo sobre as teorias demográficas
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Têm como objetivo o entendimento da evolução das populações com o passar do tempo.
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As principais são: malthusianismo, neomalthusianismo, teoria reformista e teoria da transição demográfica.
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A teoria malthusiana diz que a população cresce continuamente e em ritmo mais acelerado do que a oferta de alimentos, dinâmica essa que acentuaria a pobreza e a miséria no mundo. Para conter esse cenário, propunha a adoção de medidas conservadoras no campo dos costumes para a população mais pobre.
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A teoria neomalthusiana demonstra preocupação quanto ao crescimento populacional acelerado em países subdesenvolvidos e a disponibilidade de recursos naturais. As soluções propostas incluem a utilização de métodos contraceptivos.
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A teoria reformista é a principal teoria crítica ao malthusianismo, e defende que o crescimento populacional é consequência do subdesenvolvimento e da pobreza, e não suas causas. As soluções propostas se encontram no campo das políticas públicas para a garantia de melhorias socioeconômicas.
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A teoria da transição demográfica explica que as populações não crescem desenfreadamente, mas sim passam por fases evolutivas, que culminam na estabilização do crescimento populacional.
Videoaula sobre as teorias demográficas
Quais são as teorias demográficas?
As dinâmicas das populações são explicadas por diferentes teorias demográficas. Existem quatro teorias muito discutidas nos estudos populacionais da demografia e aplicadas também em outras áreas das ciências humanas:
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teoria malthusiana;
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teoria neomalthusiana;
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teoria reformista;
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teoria da transição demográfica.
Na sequência conheceremos as principais características e proposições de cada uma das teorias demográficas listadas.
Teoria malthusiana
A teoria malthusiana foi publicada, pela primeira vez, no ano de 1798 pelo economista e clérigo britânico Thomas Malthus (1766-1834), e por isso recebeu esse nome. Ela foi desenvolvida mediante as observações realizadas por Malthus do crescimento populacional em curso na Inglaterra, em um contexto de Primeira Revolução Industrial, e também nos Estados Unidos. É considerada uma teoria bastante pessimista, que relaciona o acelerado e constante crescimento da população mundial com a escassez de recursos, o desabastecimento e a fome.
De acordo com a teoria malthusiana, a população e a oferta de alimentos crescem em ritmos desproporcionais. Enquanto a população cresce seguindo uma progressão geométrica (2, 4, 16, 32, 64…), a produção de alimentos se expande em progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 10…), seguindo, portanto, um ritmo mais lento. A teoria malthusiana acredita que a população mundial dobra a cada período de 25 anos, enquanto não há capacidade da terra de produzir alimentos em ritmo suficiente para suprir essa demanda.
Além de desconsiderar os progressos técnicos que promoveriam um aumento da capacidade produtiva dos solos em todo o mundo, bem como os avanços na medicina, as soluções propostas por Malthus para evitar a miséria generalizada prevista por sua teoria geraram muitas críticas.
Segundo a teoria malthusiana, mudanças comportamentais, como a abstinência sexual e o adiamento dos matrimônios, seriam algumas das medidas para conter o crescimento populacional. No entanto, essas medidas seriam direcionadas principalmente às camadas mais pobres da população. Algumas das críticas ao malthusianismo surgiram na forma de novas teorias demográficas, como foi o caso da teoria reformista.
Teoria neomalthusiana
A teoria neomalthusianan foi desenvolvida dois séculos após o advento da teoria malthusiana, mais precisamente no período posterior ao da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Essa teoria adota o mesmo tom alarmista do malthusianismo, avaliando que o crescimento da população mundial em um ritmo acelerado levará ao comprometimento dos recursos naturais disponíveis no planeta. Isso conduziria a um cenário de desaceleração no desenvolvimento socioeconômico dos países, à diminuição da renda da população e ao consequente aumento da pobreza.
O neomalthusianismo se baseou no crescimento populacional ocorrido em países subdesenvolvidos e emergentes a partir da segunda metade do século XX e que se deu de forma rápida e acelerada. Esse movimento foi observado em nações da América Latina, inclusive no Brasil, da Ásia e da África. Com um maior número de habitantes, principalmente jovens, os Estados direcionariam recursos que seriam investidos no desenvolvimento econômico dos países, como na construção de infraestrutura, para áreas em que houvesse aumento de demanda, em especial a saúde e a educação.
Diferentemente da teoria malthusiana, no entanto, as soluções propostas pelo neomalthusianismo se pautam na utilização de métodos contraceptivos e no planejamento familiar para frear as altas taxas de natalidade nos países subdesenvolvidos e conter o crescimento populacional, o que evitaria o cenário devastador previsto, mas que acabou não se concretizando.
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Teoria reformista
A teoria reformista é conhecida também como teoria marxista. Trata-se de um dos principais contrapontos à teoria de Thomas Malthus e surgiu no mesmo contexto histórico da teoria neomalthusiana, ou seja, na segunda metade do século XX, em um momento de crescimento populacional nos países subdesenvolvidos.
Os reformistas defendem que o crescimento populacional não é responsável pela pobreza e pelo menor índice de desenvolvimento dos países. Ao contrário, o crescimento demográfico é, na verdade, uma das consequências do subdesenvolvimento. Esse aspecto, por sua vez, é decorrente da própria dinâmica do sistema econômico vigente no mundo, caracterizado pela má distribuição de renda e pelas desigualdades sociais.
Nesse sentido, países mais pobres que enfrentam escassez de recursos e infraestrutura tendem a apresentar taxas mais altas de natalidade, decorrentes da baixa escolaridade e do pouco acesso à informação e também a métodos contraceptivos eficazes, por exemplo.|1| Para solucionar esse problema, os teóricos reformistas propõem a maior atuação do Estado na implementação de políticas públicas que atuem no sentido de promover o desenvolvimento socioeconômico e fornecer melhores condições de vida para sua população, o que acarretaria em desaceleração do crescimento populacional.
Teoria da transição demográfica
A teoria da transição demográfica é hoje uma das principais utilizadas nos estudos populacionais. Desenvolvida no ano de 1929, pelo demógrafo estadunidense Frank Notestein (1902-1983), essa teoria identifica que o crescimento populacional não acontece de forma contínua e constante. Pelo contrário, a evolução de determinada população se dá por meio de diferentes fases, que passam pela explosão demográfica e chegam até a estagnação do crescimento.
Essa teoria leva em consideração a forma como a taxa de fecundidade varia na medida em que há transformações internas no território, como o crescimento econômico e melhorias nos indicadores de desenvolvimento. Ela surgiu mediante análises feitas a partir da Revolução Industrial, do século XVIII. Dessa forma, embora seja possível identificar padrões entre países desenvolvidos, emergentes e subdesenvolvidos, cada caso deve ser analisado em particular.
Veja abaixo um breve resumo das quatro diferentes fases indicadas na teoria da transição demográfica:
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Primeira fase: antecipa a transição demográfica; é marcada pelas altas taxas de natalidade e de mortalidade.
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Segunda fase: a modernização técnica e os avanços científicos na medicina e na saúde pública proporcionam queda das taxas de mortalidade de uma população, causando um acelerado crescimento populacional (explosão demográfica).
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Terceira fase: a continuidade do desenvolvimento leva a uma redução gradual das taxas de natalidade, condicionando a diminuição da taxa de crescimento populacional.
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Quarta fase: a queda das taxas de natalidade e de mortalidade conduz a um cenário de estabilização do crescimento populacional, que caracteriza a última fase da transição demográfica.
Qual o objetivo das teorias demográficas?
As teorias demográficas são importantes instrumentos de análise que têm como objetivo o estudo da evolução das populações no decorrer do tempo mediante a identificação dos fatores e fenômenos socioeconômicos responsáveis por ocasionar seu crescimento. Para além disso, as teorias demográficas visam à análise de como os recursos naturais disponíveis no planeta Terra e as transformações econômicas se correlacionam com as dinâmicas populacionais, propondo soluções para potenciais problemas que podem surgir no âmbito dessas relações.
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Exercícios resolvidos sobre teorias demográficas
Questão 1
(Enem) Os países industriais adotaram uma concepção diferente das relações familiares e do lugar da fecundidade na vida familiar e social. A preocupação de garantir uma transmissão integral das vantagens econômicas e sociais adquiridas tem como resultado uma ação voluntária de limitação do número de nascimentos.
GEORGE, P Panorama do mundo atual. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1968 (adaptado).
Em meados do século XX, o fenômeno social descrito contribuiu para o processo europeu de:
a) estabilização da pirâmide etária.
b) conclusão da transição demográfica.
c) contenção da entrada de imigrantes.
d) elevação do crescimento vegetativo.
e) formação de espaços superpovoados.
Resolução: Alternativa B. O fenômeno descrito é explicado pela teoria da transição demográfica. Os países europeus passaram pela industrialização antes dos demais, e por isso a sua transição demográfica se apresenta em uma fase de estagnação do crescimento populacional, que corresponde à quarta fase. Isso aconteceu pela melhoria gradual na qualidade de vida e na vontade de se propagar essas vantagens adquiridas, conforme o texto do enunciado menciona, o que levou à queda do número de nascimentos. Atualmente, a Europa vive um processo de envelhecimento populacional em decorrência desse processo.
Questão 2
(PUC-RS) Sobre as teorias Malthusiana e a Neomalthusiana, é correto afirmar que:
a) a teoria Malthusiana afirmava que a população crescia em progressão geométrica e a Neomalthusiana postulava que o crescimento populacional estacionaria no final de século XIX.
b) a teoria Malthusiana defendia o emprego da tecnologia como solução para amenizar a fome no mundo, enquanto a Neomalthusiana não considerava o papel da tecnologia na produção de alimentos.
c) ambas propunham o controle da natalidade através do emprego de preservativos e de pílulas anticoncepcionais.
d) embora as duas teorias fossem antinatalistas, os neomalthusianos defendiam o controle da natalidade preponderantemente nos países subdesenvolvidos, e os malthusianos propunham um mecanismo chamado sujeição moral.
e) também chamados alarmistas, os malthusianos afirmavam que a solução para conter a miséria do mundo seria a abstinência sexual e o desenvolvimento de tecnologias para o melhoramento genético.
Resolução: Alternativa D. Tanto o malthusianismo quanto o neomalthusianismo defendem a redução da natalidade nos países subdesenvolvidos. No entanto, os neomalthusianos não são contrários aos métodos contraceptivos e das políticas de planejamento familiar, diferentemente do que acreditava Thomas Malthus, que sugeriu o adiamento de casamentos e a abstinência sexual.
Nota
|1| LUCCI, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: ensino médio, 3. São Paulo: Saraiva, 2016. 3 ed. 281p.