La Niña
La Niña é um fenômeno oceânico e atmosférico caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico. Concentrado próximo do litoral oeste da América do Sul, esse resfriamento acontece em função de episódios de maior intensidade dos ventos alísios que acontecem de tempos em tempos. Apesar de sabermos que o La Niña se repete, não é possível prever a sua periodicidade. A ocorrência do La Niña implica alterações na circulação geral da atmosfera, com efeitos como chuvas intensas e volumosas no Norte e Nordeste do Brasil e tempo seco e quente na região Sul do país.
Leia também: O que são mudanças climáticas?
Resumo sobre o La Niña
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La Niña é o fenômeno de resfriamento anormal das águas superficiais do oceano Pacífico próximo da Costa Oeste da América do Sul, na região equatorial.
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Trata-se de um fenômeno climático e oceânico que tem origem natural.
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Acontece devido à maior força dos ventos alísios, que intensificam a ressurgência de águas frias em parte do Pacífico.
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Tem duração que varia de dois a nove meses, e acontece em intervalos irregulares, que podem ser de dois até sete ou mais anos de diferença entre uma ocorrência e a outra.
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Causa mudanças na circulação da atmosfera, provocando alterações no tempo em diversas regiões do planeta Terra.
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As alterações no tempo atmosférico resultam, também, em impactos ambientais, humanos e econômicos.
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No Brasil, o fenômeno causa chuvas intensas nas regiões Norte e Nordeste e seca no Sul do país, com altas temperaturas.
O que é o La Niña?
La Niña é um fenômeno climático e oceânico de origem natural que acontece periodicamente sobre o oceano Pacífico. Corresponde ao resfriamento anormal das suas águas superficiais na região da Costa Oeste da América do Sul, em áreas de baixa latitude situadas próximo da Linha do Equador. A frequência do La Niña não é possível de ser determinada, embora esse fenômeno seja registrado de tempos em tempos e ocasione mudanças significativas na circulação atmosférica em todo o mundo.
Uma vez que apresenta características opostas ao El Niño (“o menino”), o fenômeno foi nomeado La Niña, que significa “a menina” em espanhol. Por vezes é chamado de El Viejo, ou “o velho”, também em oposição ao El Niño.
Características do La Niña
O La Niña tem como principal característica o resfriamento anormal das águas do Pacífico Sul na região equatoriana. Essa queda de temperaturas varia de 2 ºC a 4,5 ºC com relação à média térmica anual considerada normal, de 25 ºC a 27,5 ºC.
Cabe ressaltar que são as águas superficiais que têm a sua temperatura alterada, o que acontece devido à dinâmica dos ventos alísios que sopram naquela faixa latitudinal do planeta Terra. Os ventos alísios são rajadas de ar que sopram dos trópicos em direção ao equador terrestre, convergindo em uma região denominada Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
Esses ventos sopram no sentido leste–oeste, e, quando estão com maior força do que o normal, acabam empurrando a água quente superficial do oceano Pacífico em direção a oeste. Assim, as águas mais quentes se deslocam para mais próximo do Sudeste da Ásia e da Oceania.
No litoral da América do Sul, águas frias de profundidade sobem para mais perto da superfície, o que causa o resfriamento do oceano Pacífico nessa região. Esse processo de emergência das águas frias recebe o nome de ressurgência, e é assim que se inicia o fenômeno La Niña.
Quais são os efeitos do La Niña?
O La Niña é um fenômeno climático e oceânico, o que significa que as alterações que acontecem nas águas do Pacífico suscitam transformações transitórias na circulação geral da atmosfera. Isso significa que o tempo atmosférico é alterado em diversas regiões do planeta Terra, havendo a ocorrência de condições de temperatura e umidade, principalmente, divergentes do que seria o esperado para determinada época do ano.
O La Niña afeta, igualmente, a dinâmica da fauna marinha por conta da ressurgência de águas de profundidade e do consequente aumento da concentração de nutrientes próximo da superfície na Costa Sul-Americana.
Quando acontece o La Niña?
Apesar de sabermos que o La Niña se repete de tempos em tempos, não é possível prever quando ele acontece ou a sua periodicidade, de modo que o próximo fenômeno pode acontecer dois anos depois do precedente, como também pode retornar somente sete ou oito anos mais tarde. Outra inconstância é o tempo de permanência do La Niña, que varia, geralmente, entre dois e nove meses. Entretanto, essa não é uma regra.
Os registros mais recentes do La Ninã aconteceram nos seguintes anos, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden):
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1995;
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1998;
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2007;
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2010;
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2016;
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2020.
O La Niña de 2020 foi um dos mais longos de que se tem notícia, já que durou de julho daquele ano até o início de 2023.
Diferenças entre La Niña e El Niño
La Niña |
El Niño |
Resfriamento anormal das águas do Pacífico Sul. |
Aquecimento anormal das águas do Pacífico Sul. |
Acontece quando os ventos alísios estão mais fortes do que o normal. |
Acontece quando os ventos alísios estão mais fracos do que o normal. |
Por conta dos ventos fortes, a ressurgência de águas frias próximo da Costa Oeste Sul-Americana é maior. |
Por conta dos ventos fracos, a ressurgência de águas frias próximo da Costa Oeste Sul-Americana é menor. |
Provoca chuvas volumosas no Norte e Nordeste do Brasil, e secas severas no Sul. |
Provoca secas severas no Norte e Nordeste do Brasil, e chuvas volumosas no Sul. |
Ajuda na economia pesqueira, já que as águas frias trazem consigo maior concentração de nutrientes e atraem a fauna marinha. |
Prejudica a economia pesqueira, uma vez que a concentração de nutrientes nas águas diminui com o aumento da temperatura. |
Para saber mais detalhes sobre a diferença entre o La Niña e o El Niño, clique aqui.
La Niña no Brasil
O La Niña é responsável por alterar a circulação atmosférica em escala global, e afeta diretamente as condições de tempo no Brasil durante o seu período de vigência. Os efeitos que esse fenômeno provoca no território nacional são os seguintes:
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Chuvas abundantes nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. O aumento do volume pluviométrico nessas áreas faz com que aumente, também, o risco de inundações, enchentes, alagamentos e deslizamentos de terra. Há muitos registros recentes de chuvas torrenciais provocando problemas como os citados, como as cheias na Bahia e no Amazonas nos anos de 2022 e 2023.
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Estiagem prolongada na região Sul do Brasil, o que significa que os estados dessa área passam longos períodos sem nenhum tipo de precipitação. Junto da seca acontece o aumento das temperaturas, que tem se tornado ainda mais intenso em decorrência das mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global.
Os efeitos do La Niña nessas regiões do país são bem conhecidos e já esperados quando se detecta a formação do fenômeno. Entretanto, a maneira como as alterações atmosféricas afetam as regiões Centro-Oeste e Sudeste não é clara, tampouco previsível.
Acesse também: Qual a influência do El Niño no Brasil?
La Niña no mundo
Uma vez que o padrão dos ventos alísios altera os aspectos das águas superficiais do oceano Pacífico, várias regiões do mundo sofrem transformações nas condições de tempo atmosférico e registram fenômenos como variações na temperatura e no padrão de precipitação. As consequências do La Niña no mundo são:
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Chuvas volumosas e intensas no Sul e Sudeste da Ásia, com a intensificação da força das monções (ventos quentes e úmidos).
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Aumento das temperaturas na porção Sul da América do Norte e queda das temperaturas no Norte desse subcontinente, onde se registra, também, aumento da umidade do ar.
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Queda de temperaturas no Leste da Ásia.
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Chuvas volumosas e acima da média na Oceania, principalmente na Austrália, e em países andinos, como a Colômbia.
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Frio intenso na Costa Oeste da América do Sul, com diminuição da pluviosidade.
Consequências do La Niña
O resfriamento das águas do oceano Pacífico altera temporariamente a circulação da atmosfera sobre aquela região do planeta Terra, o que afeta as condições de tempo em diversas áreas dos continentes americano, oceânico e asiático. Assim, o La Niña causa redistribuição da umidade e mudança nas temperaturas que seriam consideradas normais para o período, além da intensificação da formação das frentes atmosféricas em determinadas localidades.
As consequências do La Niña não são somente meteorológicas. O aumento da ressurgência na Costa Oeste da América do Sul beneficia a atividade pesqueira na região, já que a emergência de águas frias de profundidade traz consigo uma grande concentração de nutrientes que atraem peixes e outras espécies animais.
No entanto, locais em que as chuvas são muito volumosas, como no Norte e Nordeste do Brasil, registra-se prejuízos a lavouras e consequências no meio urbano que afetam diretamente a vida da população, como alagamentos, inundações e deslizamentos de terra. Há, ainda, áreas em que as ondas de calor e as secas severas impactam negativamente tanto na economia quanto na qualidade de vida da população.
Exercícios resolvidos sobre La Niña
Questão 1
(Unesp)
As anomalias observadas no mapa promovem:
A) estiagens severas na região Nordeste do Brasil.
B) secas prolongadas no Sudeste do continente asiático.
C) menor precipitação na região Sul do Brasil.
D) longos períodos chuvosos no litoral do Chile.
E) chuvas intensas na porção Sul dos Estados Unidos.
Resolução:
Alternativa C
O mapa mostra o resfriamento do Pacífico Sul, indicando o La Niña. Esse fenômeno causa secas no Sul do Brasil e chuvas intensas no Nordeste, ao mesmo tempo que aumenta a pluviosidade no Sudeste Asiático e reduz o índice de chuvas no litoral chileno e no Sul dos Estados Unidos.
Questão 2
(Uenp) Sobre os fenômenos El Niño e La Niña, considere as afirmativas a seguir.
I. São fenômenos atmosféricos que afetam os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.
II. El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anômalo das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical.
III. La Niña caracteriza-se por um esfriamento anormal nas águas superficiais do oceano Pacífico Tropical.
IV. São eventos climáticos associados a fatores endógenos do planeta e à reflexão e absorção dos raios solares pela atmosfera.
Assinale a alternativa correta.
A) Somente as afirmativas I e II são corretas.
B) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Resolução:
Alternativa D
Somente a número IV é incorreta, uma vez que tanto o La Niña quanto o El Niño têm origem dos ventos alísios.
Fontes
CPTEC/INPE. ENOS: El Niño. Disponível em: http://enos.cptec.inpe.br/elnino/pt
MCTI. Segundo semestre de 2024 deverá ser marcado pela ocorrência do fenômeno La Niña. MCTI, 14 mar. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/noticias/2024/03/segundo-semestre-de-2024-devera-ser-marcado-pela-ocorrencia-do-fenomeno-la-nina.
MOREIRA, Igor. O espaço geográfico: Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Editora Ática, 47ª edição, 3ª reimpressão. 455p.
NOAA. El Niño & La Niña (El Niño-Southern Oscillation). Disponível em: https://www.climate.gov/enso.