Complemento verbal
O complemento verbal é o termo da oração que ajuda a completar o sentido de um verbo transitivo, podendo ligar-se a ele diretamente ou por meio de preposição, dependendo da regência, formando o objeto direto ou o objeto indireto, respectivamente.
Leia também: O que é transitividade verbal?
Resumo sobre complemento verbal
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Complemento verbal é um termo da oração que completa o sentido dos verbos transitivos.
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O complemento verbal pode ser um objeto direto ou um objeto indireto.
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O objeto direto liga-se ao verbo sem precisar de preposição.
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O objeto indireto liga-se ao verbo por meio de uma preposição.
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Alguns verbos são bitransitivos, isto é, exigem dois complementos: um direto e um indireto.
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Objeto pleonástico é um tipo particular de objeto usado para reforçar o complemento verbal por meio de sua repetição na oração.
O que é complemento verbal?
O complemento verbal é um termo da oração que completa o sentido de um verbo transitivo, ou seja, de um verbo que não tem sentido completo isoladamente e que precisa de outro termo para que a ideia da ação seja compreendida. Veja neste exemplo:
sujeito + verbo transitivo + complemento verbal
Você já escutou essa música?
Nessa oração, temos um sujeito (“você”), o verbo (“escutar”) e um termo que completa o sentido do verbo para que a oração tenha sentido (“essa música”).
Quais são os complementos verbais?
Há, basicamente, dois tipos de complementos verbais: os objetos diretos e os objetos indiretos.
→ Objeto direto
Objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao verbo sem precisar de preposição. O verbo que precisa desse tipo de complemento é chamado de verbo transitivo direto. Observe:
sujeito + verbo transitivo direto + objeto direto
Ontem, eu comi a minha última maçã.
Aqui, o complemento verbal é “a minha última maçã”. Perceba que esse complemento liga-se diretamente ao verbo “comer”. Portanto, como não há preposição, trata-se de um objeto direto.
→ Objeto indireto
Objeto indireto é o complemento que precisa obrigatoriamente de preposição para se ligar ao verbo. O verbo que pede esse tipo de complemento é chamado de verbo transitivo indireto. Veja:
sujeito + verbo transitivo direto + objeto indireto
Eu gostei muito daquela camiseta.
Nesse caso, o complemento do verbo é “aquela camiseta”. Porém, o verbo “gostar” exige a preposição “de”: gostar de algo. Assim, a preposição “de” uniu-se ao pronome “aquela”, formando um objeto indireto.
Verbos bitransitivos
Alguns verbos podem ser classificados como bitransitivos, quando apresentam dois complementos verbais, sendo um objeto direto e um objeto indireto. Observe neste exemplo:
sujeito + verbo bitransitivo + objeto direto + objeto indireto
Nós entregaremos este presente para os nossos pais.
Nessa oração, o verbo “entregar” apresenta dois complementos: “este presente” e “aos nossos pais”. Cada um dos complementos tem uma regência diferente, sendo que um complemento (“este presente”) é objeto direto (deve se ligar ao verbo sem preposição), enquanto outro complemento (“aos nossos pais”) é objeto indireto (deve se ligar ao verbo por meio de preposição – que, nesse caso, foi a preposição “para”).
Confira também: O que são os verbos intransitivos?
Objeto pleonástico
Objeto pleonástico é uma forma particular de objeto. Esse fenômeno ocorre quando há uma repetição do objeto em uma mesma oração para dar ênfase a ele. Essa repetição é feita por meio de um pronome pessoal oblíquo, que retoma o objeto já expresso anteriormente. Observe:
objeto direto + sujeito + verbo transitivo direto + objeto direto
Aquele livro imenso, eu o li completamente!
Nesse caso, o sujeito da oração é o pronome “eu”, com o verbo “ler”, que é transitivo direto. Porém, a oração começa com o objeto direto desse verbo: “aquele livro imenso”. Mesmo assim, no meio da frase, surge um objeto pleonástico que retoma esse objeto anterior, que é o pronome oblíquo “o”.
Exemplos de complemento verbal
Veja alguns exemplos de complementos verbais e note a diferença entre os objetos diretos e os objetos indiretos neles:
O astronauta fotografou a Terra em sua viagem espacial.
Minha avó vai costurar um vestido novo.
O gato derrubou o vaso vermelho.
Ela confia em você completamente!
O professor acreditava no potencial dos alunos.
Marcos se interessou por filosofia antiga.
Clara enviaria um presente aos amigos distantes.
O técnico está explicando os problemas da partida aos jogadores.
“João oferecerá flores à vizinha.
Aos alunos, a coordenadora lhes deu um conselho sincero.
Como saber se é objeto direto ou objeto indireto?
Primeiramente, é necessário entender a classificação do verbo da oração e o funcionamento dele: se exige ou não preposição. Veja:
Beber algo
Cantar algo
Comer algo
Confiar em alguém
Gostar de algo
Ir a algum lugar
Observe que alguns verbos têm regência que exige uma preposição logo em seguida.
Depois, identifique o trecho que complementa o sentido do verbo e veja se há uma preposição entre esse complemento e o verbo. Se não houver, trata-se de objeto direto. Se houver, trata-se de objeto indireto.
Veja também: Você sabe o que é regência verbal?
Exercícios resolvidos sobre complemento verbal
Questão 1
(Fundatec)

(Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br – 25/09/19 – texto adaptado)
Assinale a alternativa cujo fragmento retirado do texto funciona como complemento verbal.
A) de profecias radicais e apocalípticas (l. 02).
B) da startup (l. 07-08).
C) dos céticos (l. 22).
D) de muito menos liberdade (l. 32).
E) das quatro grandes esferas (l. 34).
Resolução:
Alternativa D.
A oração completa é: “A corporação [...] dispõe de muito menos liberdade.” Nesse caso, o sujeito é “a corporação”, e o verbo é “dispõe” e precisa de um complemento, que é ligado por meio de preposição, sendo o objeto indireto “de muito menos liberdade”.
Questão 2
(Unifesp)
Cruz na porta da tabacaria!
Quem morreu? O próprio Alves? Dou
Ao diabo o bem-’star que trazia.
Desde ontem a cidade mudou.
Quem era? Ora, era quem eu via.
Todos os dias o via. Estou
Agora sem essa monotonia.
Desde ontem a cidade mudou.
Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou.
Eu passava ali de noite e de dia.
Desde ontem a cidade mudou.
Meu coração tem pouca alegria,
E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Horror fechado da tabacaria!
Desde ontem a cidade mudou.
Mas ao menos a ele alguém o via,
Ele era fixo, eu, o que vou,
Se morrer, não falto, e ninguém diria:
Desde ontem a cidade mudou.
(Obra poética, 1997.)
Sempre que haja necessidade expressiva de reforço, de ênfase, pode o objeto direto vir repetido. Essa reiteração recebe o nome de objeto direto pleonástico.
(Adriano da Gama Kury. Novas lições de análise sintática, 1997. Adaptado.)
O eu lírico lança mão desse recurso expressivo no verso
A) “Todos os dias o via. Estou” (2a estrofe)
B) “E isto diz que é morte aquilo onde estou.” (4a estrofe)
C) “Ele era fixo, eu, o que vou,” (5a estrofe)
D) “Mas ao menos a ele alguém o via,” (5a estrofe)
E) “Ao diabo o bem-’star que trazia.” (1a estrofe)
Resolução:
Alternativa D.
Na oração, temos “alguém” como sujeito e “via” como verbo. Assim, o objeto repete-se duas vezes: na construção “a ele” e no pronome oblíquo “o”, que se referem ao mesmo termo.
Fontes
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.