Complemento verbal

O complemento verbal é o termo da oração que ajuda a completar o sentido de um verbo transitivo, podendo ligar-se a ele diretamente ou por meio de preposição, dependendo da regência, formando o objeto direto ou o objeto indireto, respectivamente.

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Leia também: O que é transitividade verbal?

Resumo sobre complemento verbal

  • Complemento verbal é um termo da oração que completa o sentido dos verbos transitivos.

  • O complemento verbal pode ser um objeto direto ou um objeto indireto.

  • O objeto direto liga-se ao verbo sem precisar de preposição.

  • O objeto indireto liga-se ao verbo por meio de uma preposição.

  • Alguns verbos são bitransitivos, isto é, exigem dois complementos: um direto e um indireto.

  • Objeto pleonástico é um tipo particular de objeto usado para reforçar o complemento verbal por meio de sua repetição na oração.

Imagem explicando o que é complemento verbal, diferenciando objeto direto e objeto indireto e mostrando exemplos.
A diferença entre o objeto direto e o indireto está na ausência ou presença de preposição, de acordo com a regência do verbo. (Créditos: Isa Galvão | Mundo Educação)

O que é complemento verbal?

O complemento verbal é um termo da oração que completa o sentido de um verbo transitivo, ou seja, de um verbo que não tem sentido completo isoladamente e que precisa de outro termo para que a ideia da ação seja compreendida. Veja neste exemplo:

sujeito + verbo transitivo + complemento verbal

Você já escutou essa música?

Nessa oração, temos um sujeito (“você”), o verbo (“escutar”) e um termo que completa o sentido do verbo para que a oração tenha sentido (“essa música”).

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Quais são os complementos verbais?

Há, basicamente, dois tipos de complementos verbais: os objetos diretos e os objetos indiretos.

Objeto direto

Objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao verbo sem precisar de preposição. O verbo que precisa desse tipo de complemento é chamado de verbo transitivo direto. Observe:

sujeito + verbo transitivo direto + objeto direto

Ontem, eu comi a minha última maçã.

Aqui, o complemento verbal é “a minha última maçã”. Perceba que esse complemento liga-se diretamente ao verbo “comer”. Portanto, como não há preposição, trata-se de um objeto direto.

Objeto indireto

Objeto indireto é o complemento que precisa obrigatoriamente de preposição para se ligar ao verbo. O verbo que pede esse tipo de complemento é chamado de verbo transitivo indireto. Veja:

sujeito + verbo transitivo direto + objeto indireto

Eu gostei muito daquela camiseta.

Nesse caso, o complemento do verbo é “aquela camiseta”. Porém, o verbo “gostar” exige a preposição “de”: gostar de algo. Assim, a preposição “de” uniu-se ao pronome “aquela”, formando um objeto indireto.

Verbos bitransitivos

Alguns verbos podem ser classificados como bitransitivos, quando apresentam dois complementos verbais, sendo um objeto direto e um objeto indireto. Observe neste exemplo:

sujeito + verbo bitransitivo + objeto direto + objeto indireto

Nós entregaremos este presente para os nossos pais.

Nessa oração, o verbo “entregar” apresenta dois complementos: “este presente” e “aos nossos pais”. Cada um dos complementos tem uma regência diferente, sendo que um complemento (“este presente”) é objeto direto (deve se ligar ao verbo sem preposição), enquanto outro complemento (“aos nossos pais”) é objeto indireto (deve se ligar ao verbo por meio de preposição – que, nesse caso, foi a preposição “para”).

Confira também: O que são os verbos intransitivos?

Objeto pleonástico

Objeto pleonástico é uma forma particular de objeto. Esse fenômeno ocorre quando há uma repetição do objeto em uma mesma oração para dar ênfase a ele. Essa repetição é feita por meio de um pronome pessoal oblíquo, que retoma o objeto já expresso anteriormente. Observe:

objeto direto + sujeito + verbo transitivo direto + objeto direto

Aquele livro imenso, eu o li completamente!

Nesse caso, o sujeito da oração é o pronome “eu”, com o verbo “ler”, que é transitivo direto. Porém, a oração começa com o objeto direto desse verbo: “aquele livro imenso”. Mesmo assim, no meio da frase, surge um objeto pleonástico que retoma esse objeto anterior, que é o pronome oblíquo “o”.

Exemplos de complemento verbal

Veja alguns exemplos de complementos verbais e note a diferença entre os objetos diretos e os objetos indiretos neles:

O astronauta fotografou a Terra em sua viagem espacial.

Minha avó vai costurar um vestido novo.

O gato derrubou o vaso vermelho.

Ela confia em você completamente!

O professor acreditava no potencial dos alunos.

Marcos se interessou por filosofia antiga.

Clara enviaria um presente aos amigos distantes.

O técnico está explicando os problemas da partida aos jogadores.

“João oferecerá flores à vizinha.

Aos alunos, a coordenadora lhes deu um conselho sincero.

Como saber se é objeto direto ou objeto indireto?

Primeiramente, é necessário entender a classificação do verbo da oração e o funcionamento dele: se exige ou não preposição. Veja:

Beber algo

Cantar algo

Comer algo

Confiar em alguém

Gostar de algo

Ir a algum lugar

Observe que alguns verbos têm regência que exige uma preposição logo em seguida.

Depois, identifique o trecho que complementa o sentido do verbo e veja se há uma preposição entre esse complemento e o verbo. Se não houver, trata-se de objeto direto. Se houver, trata-se de objeto indireto.

Veja também: Você sabe o que é regência verbal?

Exercícios resolvidos sobre complemento verbal

Questão 1

(Fundatec)

Texto sobre startups em exercício da Fundatec sobre complemento verbal.

(Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br – 25/09/19 – texto adaptado)

Assinale a alternativa cujo fragmento retirado do texto funciona como complemento verbal.

A) de profecias radicais e apocalípticas (l. 02).

B) da startup (l. 07-08).

C) dos céticos (l. 22).

D) de muito menos liberdade (l. 32).

E) das quatro grandes esferas (l. 34).

Resolução:

Alternativa D.

A oração completa é: “A corporação [...] dispõe de muito menos liberdade.” Nesse caso, o sujeito é “a corporação”, e o verbo é “dispõe” e precisa de um complemento, que é ligado por meio de preposição, sendo o objeto indireto “de muito menos liberdade”.

Questão 2

(Unifesp)

Cruz na porta da tabacaria!
Quem morreu? O próprio Alves? Dou
Ao diabo o bem-’star que trazia.
Desde ontem a cidade mudou.

Quem era? Ora, era quem eu via.
Todos os dias o via. Estou
Agora sem essa monotonia.
Desde ontem a cidade mudou.

Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou.
Eu passava ali de noite e de dia.
Desde ontem a cidade mudou.

Meu coração tem pouca alegria,
E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Horror fechado da tabacaria!
Desde ontem a cidade mudou.

Mas ao menos a ele alguém o via,
Ele era fixo, eu, o que vou,
Se morrer, não falto, e ninguém diria:
Desde ontem a cidade mudou.

(Obra poética, 1997.)

Sempre que haja necessidade expressiva de reforço, de ênfase, pode o objeto direto vir repetido. Essa reiteração recebe o nome de objeto direto pleonástico.

(Adriano da Gama Kury. Novas lições de análise sintática, 1997. Adaptado.)

O eu lírico lança mão desse recurso expressivo no verso

A) “Todos os dias o via. Estou” (2a estrofe)

B) “E isto diz que é morte aquilo onde estou.” (4a estrofe)

C) “Ele era fixo, eu, o que vou,” (5a estrofe)

D) “Mas ao menos a ele alguém o via,” (5a estrofe)

E) “Ao diabo o bem-’star que trazia.” (1a estrofe)

Resolução:

Alternativa D.

Na oração, temos “alguém” como sujeito e “via” como verbo. Assim, o objeto repete-se duas vezes: na construção “a ele” e no pronome oblíquo “o”, que se referem ao mesmo termo.

Fontes

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.

Escritor do artigo
Escrito por: Guilherme Viana Bacharel e licenciado em Letras e em Educomunicação pela Universidade de São Paulo (USP). Trabalha com produção de conteúdo didático nas áreas de língua portuguesa, literatura e redação.

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