Função das conjunções
Observe as frases:
1 – Para atender esse pedido, não tive que trabalhar nada.
2 – As crianças são ou não são o nosso futuro?
É possível notar na primeira frase “Para atender esse pedido, não tive que trabalhar nada” que a palavra que está unindo duas orações em um único enunciado, não é mesmo? No entanto, por estarem em níveis sintáticos diferentes, essas orações estabelecem uma relação de subordinação, ou seja, a oração “que trabalhar nada” exerce a função de objeto direto do núcleo verbal não tive e, por isso, é transposta à oração principal.
Agora, perceba que na segunda frase “As crianças são ou não são o nosso futuro?” reúnem-se duas orações que pertencem ao mesmo nível sintático (predicado do sujeito As crianças) e, por tanto, são independentes, sendo divididas em “As crianças são o nosso futuro” e “As crianças não são o nosso futuro”. Assim, nesse enunciado, a conjunção ou exerce a função de conector.
Diante desses dois exemplos, podemos concluir que a conjunção é uma unidade de língua portuguesa que reúne duas orações em um mesmo enunciado e que podem exercer a função de conectora ou transpositora dessas orações.
As conjunções podem ser de dois tipos: coordenativas e subordinativas.
→ Conjunções coordenativas
São conjunções que conectam orações que possuem o mesmo nível sintático. Veja:
João dançava e cantava
A conjunção e conecta dois predicados verbais ao sujeito simples João.
Além de conectar orações, as coordenativas podem também conectar unidades menores que a oração. Veja:
João e Maria dançavam
Nesse caso, a conjunção e conecta os substantivos próprios João e Maria.
As conjunções coordenativas podem ser:
⇒ Aditivas: unem dois termos ou duas orações de mesmo valor sintático, exprimindo uma relação de adição, de soma: e, nem.
Exemplo: Ganhei o prêmio e viajei para o Caribe.
⇒ Adversativas: conectam dois termos ou duas orações com a mesma função, exprimindo uma relação de contraste, de oposição: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto.
Exemplo: Ela gosta de comer guloseimas, mas precisa emagrecer.
⇒ Alternativas: conectam dois termos ou orações de sentido diferentes, exprimindo uma relação de alternância ou exclusão: ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja, nem... nem, já... já.
Exemplo: Ou você encerra a discussão ou eu me retiro.
⇒ Conclusivas: conectam à anterior uma oração que possui o sentido de conclusão, por isso, exprimem uma relação conclusiva: logo, pois, portanto, por conseguinte, por isso, assim, então.
Exemplo: Ela estuda muito para o concurso, portanto deverá ser aprovada.
⇒ Explicativas: conectam duas orações, sendo que a segunda possui um sentido explicativo em relação a primeira: que, porque, pois, porquanto.
Exemplo: A professora chegará atrasada, pois seu carro quebrou.
→ Conjunções subordinativas
São conjunções que transpõem uma oração subordinada ao nível sintático equivalente no período composto em que estão inseridas. Veja:
Esperamos que todos compareçam ao encontro
Perceba que a conjunção que transpõe uma oração que passa a exercer a função de objeto direto do núcleo verbal esperamos.
As conjunções subordinativas podem iniciar orações adverbiais e orações substantivas. Elas são classificadas em:
⇒ Causais: iniciam uma oração que possui uma relação de causa com a principal: porque, pois, porquanto, como, pois que, por isso que, uma vez que, visto que, visto como, que, etc.
Exemplo: Como não ela não sabia dirigir, contratou um motorista particular.
⇒ Concessivas: introduzem uma oração que apresenta um fato contrário à principal, mas indicando uma concessão a ele: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, apesar de que, nem que, que, etc.
Exemplo: Mesmo que não consiga chegar no horário estabelecido, ela comparecerá à reunião.
⇒ Condicionais: introduzem uma oração que exprime uma condição ou não de realização do fato presente na principal: se, caso, contanto que, salvo se, sem que, dado que, desde que, a menos que, a não ser que, etc.
Exemplo: Se não houver conciliação, o processo será julgado.
⇒ Conformativas: introduzem uma oração que exprime conformidade com o fato presente na principal: conforme, como, segundo, consoante, etc.
Exemplo: Ela começou a se alimentar melhor, conforme a recomendação médica
⇒ Comparativas: introduzem uma oração que apresenta uma relação de comparação com a principal: que, do que (depois de mais, menos, menor, melhor, pior), como, bem como, como se, que nem:
Exemplo: Após a notícia do divórcio, ela agiu como se houvesse sofrido um golpe.
⇒ Consecutivas: introduzem uma oração que exprime uma consequência de algo relatado na principal: tal, tanto, tão, tamanho, de forma que, de maneira que, de modo que, de sorte que, etc.
Exemplo: O susto no avião foi tanto, que decidiram não viajar mais.
⇒ Finais: introduzem orações que exprimem uma relação de finalidade: para que, a fim de que, porque, que.
Exemplo: Elas viajaram de carro para que pudessem apreciar o caminho.
⇒ Proporcionais: introduzem orações que exprimem uma relação de proporcionalidade: à medida que, ao passo que, à proporção que, enquanto, quanto mais, quanto menos.
Exemplo: Quanto menos tempo tinha para estudar, mais matérias se acumulavam.
⇒ Temporais: introduzem uma oração que possui uma relação de tempo com a principal: quando, antes que, assim que, sempre que, até que, logo que, depois que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que, etc.
Exemplo: Desistiu da compra assim que leu o contrato.
⇒ Integrantes: são as conjunções presentes nas orações subordinadas substantivas, ou seja, que possuem a função do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de outra oração): que e se.
Exemplo: Rodrigo falou que gostaria de conhecê-la.
Atenção: Como podemos notar, algumas conjunções podem pertencer a mais de uma classe. Assim, é sempre importante considerar o contexto em que se inserem para atribuirmos o valor desses vocábulos. Bons estudos!