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Metalinguagem

Na metalinguagem, faz-se referência à própria linguagem utilizada para transmitir um discurso. Assim, é o uso do meio de comunicação para falar dele próprio.
A metalinguagem é a referência à própria linguagem, sendo utilizada na comunicação.
A metalinguagem é a referência à própria linguagem, sendo utilizada na comunicação.

A metalinguagem ocorre quando, no próprio discurso, faz-se referência à linguagem utilizada para transmitir uma ideia. Assim, o enunciado fala de si próprio, podendo apontar inclusive para suas próprias características. É canvapossível observar exemplos de metalinguagem na literatura, na publicidade, na música, na pintura e em diversos outros contextos que falem do ato de se comunicar.

Leia também: Elementos da comunicação e as funções da linguagem 

Resumo sobre metalinguagem

  • É a produção de um discurso que fale da mesma linguagem usada para transmitir esse discurso.
  • Pode apontar qualquer aspecto do ato de se comunicar, como o canal por meio do qual se estabelece a comunicação, a produção do discurso, os agentes envolvidos na comunicação (emissor e receptor), entre outras possibilidades.
  • Pode ocorrer em diversos gêneros e formas de expressão: na literatura, na pintura, no cinema, nas histórias em quadrinhos, na música, entre outros.

Videoaula sobre a função metalinguística

O que é metalinguagem?

A metalinguagem é o fenômeno discursivo que ocorre quando, no enunciado, fala-se da própria linguagem usada para transmitir a ideia. Assim, é possível falar do próprio discurso, de suas características, do próprio enunciado ou ato de enunciar, além de citar o canal por meio do qual se estabelece a comunicação e os agentes envolvidos nela (emissor e receptor).

Vamos entender como isso pode ocorrer em diferentes gêneros e contextos: a literatura, as histórias em quadrinhos, a publicidade, as gramáticas, a música, o cinema e a pintura.

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Metalinguagem na literatura

Se, em uma obra literária, fala-se sobre a literatura, o ato de escrever ou a narrativa, dizemos que houve uso de metalinguagem naquela obra. Um clássico exemplo disso vem de uma obra de Machado de Assis, intitulada Memórias póstumas de Brás Cubas, na qual o narrador-personagem descreve o próprio ato de escrever aquela narrativa. Observe como isso ocorre no seguinte trecho:

“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.”

Nesse excerto, quando fala em “abrir estas memórias”, o narrador-personagem se refere a começar a escrever o livro, trazendo suas reflexões sobre as escolhas feitas para escrevê-lo.

Leia também: Parnasianismo no Brasil – movimento literário que abordou muito o fazer poético

Metalinguagem nas histórias em quadrinhos

Também é muito comum o uso de metalinguagem nas histórias em quadrinhos (HQ), o que, inclusive, garante muito humor a elas. Muitas vezes, a metalinguagem nas HQ aborda a própria estrutura dos quadrinhos, seu processo de criação ou a linguagem utilizada nelas para fazer humor. Veja a seguir:

Quadrinho de José Aguiar que aborda a metalinguagem.

Quadrinho do Will Tirando abordando metalinguagem.

Metalinguagem na publicidade

Você já viu alguma propaganda de vídeo em que a pessoa que anuncia fala algo como “Não pule este vídeo!” ou “Fique comigo até o final deste vídeo!”? Nesses casos, há uso de metalinguagem em publicidade. A metalinguagem é usada como uma técnica para chamar a atenção do consumidor, e, nesses casos, fala justamente do processo de criação publicitária. 

Outdoor anunciando seu espaço para que se faça um anúncio, “Sua marca aqui!”.

Nesse outdoor, faz-se uma propaganda anunciando a disponibilidade do próprio espaço para anúncios por meio da metalinguagem.

Metalinguagem nas gramáticas

As gramáticas são exemplos por excelência de metalinguagem, porque são obras técnicas que falam essencialmente da própria linguagem e comunicação. As gramáticas apontam e explicam normas para estabelecer um uso padrão do idioma e, por isso, refletem o uso de metalinguagem.

Este texto que você está lendo, embora não esteja em um livro de gramática, é um exemplo de metalinguagem ao falar de si mesmo para explicar esse tema.

Metalinguagem na música

Na música, há metalinguagem quando se explicita a criação musical, a estrutura desse meio de expressão ou quando se fala dos próprios versos cantados. É o que ocorre nos exemplos a seguir:

“Veja bem, foi você
A razão e o porquê
De nascer esta canção assim
Pois você é o amor que existe em mim”
(Compositores: Carlos Roberto Piazzoli e Ronaldo Bastos Ribeiro)

“Falar é complicado
Quero uma canção
Fácil, extremamente fácil
Pra você, e eu e todo mundo cantar junto”
(Compositores: Marcos Tulio De Oliveira Lara, Rogerio Oliveira De Oliveira, Paulo Roberto Diniz Junior, Marcio Tulio Marques Buzelin, Paulo Alexandre Amado Fonseca, Wilson Da Silveira Oliveira Filho)

Metalinguagem no cinema

Alguns filmes têm como temática a própria produção cinematográfica. Ao se fazer um filme falando sobre a produção de filmes, temos um exemplo de metalinguagem no cinema. É o caso de obras como:

  • Crepúsculo dos deuses (1950, direção de Billy Wilder)
  • Cantando na chuva (1952, direção de Gene Kelly e Stanley Donen)
  • Cinema Paradiso (1988, direção de Giuseppe Tornatore)
  • Saneamento básico, o filme (2007, direção de Jorge Furtado)
  • Era uma vez em... Hollywood (2019, direção de Quentin Tarantino) 

Cartaz do filme “Cinema Paraíso”.

Metalinguagem na pintura

A metalinguagem também se faz presente em quadros, notadamente quando as obras abordam sua própria criação. Um exemplo disso é o quadro As meninas, de Diego Velázquez, produzido entre 1656 e 1657. Note, a seguir, a presença do pintor na própria tela produzida, no canto esquerdo. Ao se inserir no quadro realizando a pintura executada, o artista usou a metalinguagem nessa forma de expressão.

Pintura “As meninas”, de Diego Velázquez.

Quais as diferenças entre a metalinguagem e a intertextualidade?

A metalinguagem é a referência ao próprio ato de se comunicar, usando uma linguagem para falar dela própria.

A intertextualidade, por sua vez, é o fenômeno que ocorre quando um discurso faz referência a outro discurso já existente, criando uma relação entre esses dois discursos.

Veja também: Textualidade – conjunto de elementos necessários em toda produção textual

Exercícios resolvidos sobre metalinguagem

Questão 1 - (Fundatec) Segundo Scliar-Cabral, tanto a modalidade oral quanto a escrita podem servir de reflexão sobre a própria língua. A partir da temática da metalinguagem, analise as afirmativas abaixo:

I. A metalinguagem consiste em usar a própria língua para descrevê-la ou explicá-la.

II. As gramáticas do português são livros de metalinguagem sobre a língua portuguesa.

III. O conhecimento metalinguístico não é um tipo de conhecimento oposto à sua ausência.

IV. A metalinguagem estuda os grupos semânticos, portanto, a construção de significado.

Quais estão corretas?

A) Apenas I e III.

B) Apenas I e IV.

C) Apenas II e IV.

D) Apenas I, II e III.

E) Apenas II, III e IV.

Resolução

Alternativa D. A afirmativa IV está errada, pois a metalinguagem não corresponde ao estudo da construção de significados.

Questão 2 - (FGV)

Cidadania e Responsabilidade Social do Contador como agente da conscientização tributária das empresas e da sociedade

Entende-se que a arrecadação incidente sobre os diversos setores produtivos é necessária para a manutenção da máquina governamental, para a sustentação do Estado em suas atribuições sociais e para aplicação na melhoria da qualidade de vida da população. É imprescindível que a tributação seja suportável e mais bem distribuída e que contribuam com justiça e se beneficiem dessa contribuição.

A conjuntura atual exige maior qualificação em todas as áreas do conhecimento; assim, a profissão contábil deve despertar para a conscientização tributária. Conceitos como parceria e corresponsabilidade no sistema tributário somente podem ser efetivados se a sociedade como um todo estiver mais esclarecida e comprometida. Apresentar alguns fatores como a falta de conscientização tributária e participação cidadã pode representar um alerta, mas não é o suficiente.

Ao analisar o progresso da humanidade, percebe-se que o desenvolvimento social e econômico foi possível porque o homem sistematizou formas de organização entre os povos. A necessidade de organização fez com que o Estado se tornasse o elemento direcionador desse processo. E, como forma de se autofinanciar, criou o tributo a fim de possibilitar as condições mínimas de sobrevivência para a sociedade civil. E, como partícipe e ponto referencial de controle, exatidão e confiança, surgiu o profissional contábil.

O contador — aqui citado na forma masculina sem querer suscitar questões de gênero — não pode mais ser visto como o profissional dos números, e sim um profissional que agrega valor, espírito investigativo, consciência crítica e sensibilidade ética. Se a atual conjuntura exige maior qualificação profissional, o conhecimento contábil deve transcender o processo específico e visualizar questões globais pertinentes ao novo mundo do trabalho, que exige criatividade, perfil de empreender e habilidade de aprender, principalmente nas relações sociais.

Sendo assim, alguns conceitos tornam-se essenciais para estabelecer a relação entre Estado, sociedade, empresa e o contador. O Estado tem por missão suprir as necessidades básicas da população; assim, sua eficiência e transparência tornam-se mister do processo.

Entre a sociedade, a empresa e o Estado, está o profissional contábil, que, por sua vez, é o elo entre Fisco e contribuinte. É de fundamental importância que esse profissional aprimore seu entendimento tributário, percebendo sua necessidade. Ratifica-se, assim, o conceito de que a conscientização tributária pode representar um ponto de partida para a formação cidadã como uma das formas eficazes de atender às demandas sociais, com maior controle sobre a coisa pública.

É dever do Estado manter as necessidades básicas da população; e, para isso, são impostas obrigações. Os contribuintes, porém, não possuem apenas deveres, mas também plenos direitos.

Se o Fisco — aqui referenciando-se o estadual — é por demais significativo para o funcionamento da máquina administrativa, sua eficiência e transparência tornam-se mister do processo. Nesse sentido, se a evasão tributária é uma doença social, seu combate ou tratamento não pode ficar restrito aos seus agentes; é necessário o envolvimento de toda a sociedade. Entretanto, interesses diversos sempre deixaram a sociedade à margem do processo, como se ela não precisasse participar de forma efetiva das decisões econômicas e, em contrapartida, contribuir de forma direta e irrestrita para a própria sustentação. (...)

(Merlo, Roberto Aurélio; Pertuzatti, Elizandra. Disponível em http://www.rep.educacaofiscal.com.br/material/fisco_contador.pdf. Com adaptações)

A respeito da estrutura do texto e suas ideias, analise as afirmativas a seguir:

I. O texto apresenta apoio em trajetória histórica para abordar seu tema.

II. Há trechos de autorreferencialidade (metalinguagem) no texto.

III. O texto não apresenta argumentos, limita-se à exposição de fatos.

Assinale

A) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

C) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.

D) se nenhuma afirmativa estiver correta.

E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Resolução

Alternativa C. Quando o texto cita a si próprio para justificar uma escolha de palavras, ocorre metalinguagem. A afirmativa III está errada, pois há argumentos no texto, que não se limita à exposição de fatos.

Publicado por Guilherme Viana

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