Morfema

Morfema é cada um dos elementos que compõem uma palavra. No processo de formação de palavras, ao radical (elemento principal) podem ser acrescidos os seguintes elementos: vogal temática, afixos e desinências. Já a vogal e a consoante de ligação são morfemas usados apenas por questões eufônicas, isto é, de melhor pronúncia.

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Leia também: Quais são os processos de formação das palavras?

Resumo sobre morfemas

  • Os morfemas são os elementos que formam uma palavra.

  • Classificação dos morfemas:

    • radical: elemento principal de uma palavra, como, por exemplo, “-terr-” de “terrestre” e “terreno”;

      vogal temática: vogal colocada após o radical para formar o tema (substantivo, adjetivo) ou indicar o tipo de conjugação verbal, como, por exemplo, “casa” (substantivo), “triste” (adjetivo), “canta” (primeira conjugação), “bebe” (segunda conjugação) e “dividi” (terceira conjugação);

  • Principais tipos de morfema:

    • aditivo: aquele que é acrescido ao radical, como, por exemplo, “-aria”, sufixo acrescido ao radical “livr-” de modo a formar “livraria”;

      subtrativo: aquele que é retirado de uma palavra, como, por exemplo, o “o” de “irmão” para formar “irmã”;

O que é morfema?

Definição de morfema. [imagem_principal]

O morfema é cada um dos elementos que formam uma palavra. Por exemplo, a palavra “envelhecer” é formada pelos seguintes morfemas:

  • en-;

  • -velh-;

  • -e-;

  • -cer.

Já a palavra “chaleira” é composta pelos seguintes morfemas:

  • cha-;

  • -l-;

  • -eira.

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Classificação dos morfemas

  • Radical

É o principal morfema de uma palavra, já que nele reside o seu significado básico. A partir de um radical, é possível criar outras palavras, como, por exemplo, o radical “terr-” está presente em vocábulos como “terráqueo”, “aterrar”, “soterrar”, “extraterreno” etc.

  • Afixos

Os afixos são morfemas localizados antes ou depois do radical. Existem dois principais tipos de afixos, isto é, o prefixo (aparece antes do radical) e o sufixo (aparece depois do radical). Por exemplo, a palavra “desleal” possui o prefixo “des-”. Já “lealdade” apresenta o sufixo “-dade”.

  • Desinências

As desinências são morfemas localizados no final da palavra, os quais indicam:

  • número (singular ou plural): em “meninos”, o “s” é desinência que indica o plural;
  • gênero (masculino ou feminino): em “menina”, o “a” é desinência que indica o gênero feminino;
  • pessoa (primeira, segunda ou terceira): em “eu amo”, o “o” é desinência número-pessoal, pois é a indicação de que o verbo está na primeira pessoa (“eu”) do singular;
  • tempo (pretérito, presente ou futuro): o verbo “ajudasse” possui a desinência “-sse”, a qual indica tempo pretérito;
  • modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo): a desinência “-sse” do verbo “ajudasse” também indica o modo subjuntivo.
  • Vogal temática

A vogal temática é um morfema (uma vogal) que se liga ao radical para formar o tema. O tema, portanto, é a palavra formada pela união do radical com a vogal temática. Tal palavra pode ser um substantivo (“ajuda”), um adjetivo (“grande”) ou, ainda, pode indicar o tipo de conjugação verbal:

  • primeira conjugação (verbos terminados em “-ar”): em “fala”, a vogal temática “a” é marca da primeira conjugação;
  • segunda conjugação (verbos terminados em “-er”): em “vende”, a vogal temática “e” é marca da segunda conjugação;
  • terceira conjugação (verbos terminados em “-ir”): em “parti”, a vogal temática “i” é marca da terceira conjugação.
  • Vogais e consoantes de ligação

As vogais e as consoantes de ligação são morfemas utilizados por questões eufônicas, pois têm a função de viabilizar a pronúncia de um vocábulo. Por exemplo, no termo “pezinho”, o “-z-” é uma consoante de ligação. Sem ela, a pronúncia seria “peinho”. Já “gasômetro” possui a vogal de ligação “-ô-”. Sem ela, a pronúncia seria “gásmetro”.

Mapa mental mostra os tipos de morfemas. (Créditos: Isa Galvão | Mundo Educação).
Mapa mental mostra os tipos de morfemas. (Créditos: Isa Galvão | Mundo Educação).

Quais os tipos de morfema?

  • Aditivos: os morfemas aditivos são, principalmente, os afixos, ou seja, prefixos e sufixos, além das desinências. Nesse caso, ocorre um acréscimo ao radical. Por exemplo, na palavra “entardecer”, o prefixo “en-” e o sufixo “-ecer” são acrescentados ao radical “tard-”. Já no vocábulo “gata”, a desinência de gênero feminino “-a” é adicionada ao radical “gat-”.

  • Subtrativos: morfemas que são suprimidos, como, por exemplo, na redução de palavras como “fone”, de “telefone”. Outro exemplo é a palavra “cidadã”, resultante da supressão do “-o” em “cidadão”. Nesse caso, ocorre uma subtração.

  • Modificativos: segundo Evanildo Bechara, os morfemas modificativos podem ser representados por apofonia (“substituição de fonema vocálico de um radical de um mesmo paradigma flexional ou derivacional por mudança de timbre para indicação de significado gramatical”). Um exemplo são os vocábulos “este” e “esta”, em que se substitui o som de “é” pelo som de “ê” ou vice-versa.

Como identificar os morfemas?

O radical é o elemento principal da palavra, é o morfema indispensável. Por exemplo, o radical da palavra “culpa” é “culp-”. A partir dele, palavras podem ser criadas. Assim, ao acrescentarmos a vogal temática “a”, obtemos o tema “culpa”, ou seja, um nome, no caso, um substantivo.

A esse radical, podemos acrescentar afixos (prefixo e/ou sufixo):

  • “culp-” + “-ar”: radical e desinência;

  • “des-” + “-culp-” + “-a”: prefixo, radical e vogal temática;

  • “des-” + “-culp-” + “-ar”: prefixo, radical e sufixo.

Você percebeu que a base de formação da palavra é o radical, de modo que os outros morfemas são acrescidos a esse morfema principal.

Se analisarmos o verbo “desculpo”, encontramos o prefixo “des-”, o radical “-culp-” e a desinência “-o”, a qual indica o singular e a primeira pessoa do verbo. Já “desculpava” possui prefixo “des-”, radical “-culp-”, vogal temática “-a-” e desinência “-va”, a qual indica o pretérito imperfeito e o modo indicativo.

Quando a vogal ou a consoante tem apenas a função de ligar dois elementos de uma palavra, já que sua ausência prejudica a pronúncia dessa palavra, temos vogal ou consoante de ligação:

  • “gas-” + “-o-” + “-duto”: a vogal temática liga os elementos “gas-” e “-duto”, para não ficar “gasduto”;

  • “capin-” + “-z-” + “-al”: a consoante liga os elementos “capin-” e “-al”, para não ficar “capinal”.

Perceba que a vogal temática forma um substantivo ou indica o tipo de conjugação verbal (primeira, segunda ou terceira): “casa” e “casava”. Já a vogal de ligação não tem essa função: “gaso” (de “gasoduto”) não é uma palavra.

Leia também: Derivação imprópria — um processo de formação de palavras

Exercícios sobre morfemas

Questão 1

Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:

( ) O verbo “venderia” apresenta três morfemas.

( ) O advérbio “paulada” possui dois morfemas.

( ) O substantivo “dente” tem apenas um morfema.

A sequência correta é:

A) V, V, F.

B) F, F, V.

C) V, F, F.

D) V, F, V.

E) F, V, F.

Resolução:

Alternativa C.

A palavra venderia é composta pelo radical “vend-”, a vogal temática “-e-” e a desinência modo-temporal “-ria”. O substantivo “paulada” é formado pelo radical “pau-”, a consoante de ligação “-l-” e o sufixo “-ada”. O vocábulo “dente” é formado pelo radical “dent-” e a vogal temática “-e”.

Questão 2

Analise estas afirmações:

I. Prefixos e sufixos são morfemas aditivos.

II. O tema é formado pela união do radical com a vogal de ligação.

III. As desinências indicam número, gênero, pessoa, tempo e modo.

Estão corretas as afirmativas:

A) I apenas.

B) II apenas.

C) III apenas.

D) I e II apenas.

E) I e III apenas.

Resolução:

Alternativa E.

Prefixos e sufixos são morfemas aditivos, pois são acréscimos unidos ao radical. O tema é formado pela união do radical com a vogal temática.

Fontes:

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 40. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2024.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.

CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Gramática da língua portuguesa. 3. ed. São Paulo: Scipione, 2008.

RIO-TORTO, Graça et al. Gramática derivacional do português. 2. ed. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016.

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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