Paronomásia
A paronomásia é uma figura de linguagem que utiliza palavras parônimas no mesmo enunciado de modo a produzir um jogo sonoro no discurso. É bastante utilizada na linguagem publicitária e, também, nas artes, como em letras de músicas, poesias e até mesmo em prosas.
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Palavras parônimas
Chamamos de parônimas as palavras que têm significado diferente e som muito parecido. Essas palavras costumam se diferenciar no som por apenas um fonema, uma letra ou uma sílaba. Pela semelhança no som, algumas palavras parônimas acabam confundindo muitas pessoas. Veja alguns pares de palavras parônimas:
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Comprimento x Cumprimento
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Cavaleiro x Cavalheiro
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Pluvial x Fluvial
Vale lembrar que palavras parônimas não são apenas as que causam dúvidas de ortografia, e sim as que têm som e/ou grafia muito parecidos e significado diferente, sendo possível elencar diversos pares de palavras parônimas na língua portuguesa. Veja:
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Fim x Mim
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Pedro x Pedra
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Lendo x Lento
O que é paronomásia?
A paronomásia usa as palavras parônimas no mesmo enunciado para criar um jogo de sons no discurso, o que acaba intensificando os significados diferentes dessas palavras. Por isso, a paronomásia é considerada uma figura de som (ou figura sonora). Vejamos alguns exemplos famosos de paronomásia:
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“O volume do som alterou nosso tom.”
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“Tento tanto, mas tonto me sinto.”
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“Em muitas partes toma o navio porto à porta de seu dono [...]” (Antônio Vieira)
A paronomásia é muito utilizada em campanhas publicitárias:
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“Tomou Doril, a dor sumiu.”
Esse recurso estilístico já foi até utilizado como solução para o cantor Jorge Ben, que havia composto uma letra para homenagear o antigo jogador de futebol conhecido como “Fio Maravilha”. Jorge Ben decidiu, depois, alterar a letra para “Filho Maravilha”.
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Exercícios resolvidos
Questão 1 - (FIP – adaptado) Observe a sequência de frases abaixo e responda a seguir.
(1) E no dia lindo vi que vinhas vindo, minha vida. (Guilherme de Almeida)
(2) Conhecer as manhas e as manhãs. (Almir Sater e Renato Teixeira)
(3) E as cantilenas de serenos sons amenos fogem fluidas. (Eugênio de Castro)
O(s) enunciado(s) que apresenta(m) paronomásia é(são):
A) 1.
B) 2.
C) 3.
D) 1 e 3.
E) 2 e 3.
Resolução
Alternativa B. As palavras “manhas” e “manhãs” são parônimas, trazendo um jogo sonoro no enunciado. Nos outros enunciados, embora também haja alguma repetição sonora, não há palavras parônimas, tratando-se de outras figuras de som.
Questão 2 - (Vunesp – adaptado)
Duração
O tempo era bom? Não era
O tempo é, para sempre.
A hera da antiga era
roreja* incansavelmente.
Aconteceu há mil anos?
Continua acontecendo.
Nos mais desbotados panos
estou me lendo e relendo.
Tudo morto, na distância
que vai de alguém a si mesmo?
Vive tudo, mas sem ânsia
de estar amando e estar preso.
Pois tudo enfim se liberta
de ferros forjados no ar.
A alma sorri, já bem perto
da raiz mesma do ser.
(Carlos Drummond de Andrade. As impurezas do branco)
*brota gota a gota: orvalho, suor, lágrima
O verso que em que se verifica o uso de paronomásia é:
A) “de ferros forjados no ar”
B) “Vive tudo, mas sem ânsia”
C) “estou me lendo e relendo”
D) “A hera da antiga era”
Resolução
Alternativa D. As palavras “hera” e “era” têm o mesmo som, porém, significados bem diferentes. Esse jogo sonoro é utilizado pelo eu lírico no verso, configurando paronomásia.