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Figuras de sintaxe ou construção

As figuras de sintaxe estão associadas à estrutura da frase. Elipse, hipérbato, silepse, polissíndeto, anáfora e pleonasmo são exemplos desse tipo de figura de linguagem.
Figuras de sintaxe ou construção
Figuras de sintaxe atuam na estrutura da frase.

Figuras de sintaxe ou construção são figuras de linguagem relacionadas à construção das frases. Portanto, para tornar um enunciado estruturalmente mais elaborado e expressivo, devemos utilizar estas figuras de sintaxe: elipse, zeugma, hipérbato, silepse, assíndeto, polissíndeto, anáfora, anacoluto ou pleonasmo.

Leia também: Afinal, o que é sintaxe?

Resumo sobre figuras de sintaxe ou construção

  • Figuras de sintaxe ou construção estão associadas à estrutura gramatical.

  • Essas figuras de linguagem têm a função de dar mais expressividade à oração.

  • As figuras de sintaxe são as seguintes:

    • elipse;
    • zeugma;
    • hipérbato;
    • silepse;
    • assíndeto;
    • polissíndeto;
    • anáfora;
    • anacoluto;
    • pleonasmo.

Videoaula sobre figuras de sintaxe ou de construção

O que são figuras de sintaxe?

As figuras de sintaxe ou construção são figuras de linguagem associadas à estrutura gramatical, isto é, à construção de frases.

Para que servem as figuras de sintaxe?

As figuras de sintaxe têm a função de dar à construção frasal um caráter mais expressivo. Desse modo, o enunciado se mostra mais elaborado e menos comum.

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Tipos de figuras de sintaxe

Elipse

A ocultação de palavra ou expressão, que deve ser subentendida:

Convicente, a atriz da peça.
[Convincente é a atriz da peça]

Eu folheava o livro e não percebi que, ao meu lado, estava o autor.
[Eu folheava o livro e eu não percebi que, ao meu lado, estava o autor do livro].

Assim, nesses exemplos, foram ocultadas as expressões: “é”, “eu” e “do livro”. Para saber mais sobre elipse, clique aqui.

Zeugma

Tipo de elipse em que, obrigatoriamente, o elemento ocultado deve ter sido expresso anteriormente na frase:

Júlia comprou uma casa; mas também, um automóvel.
[Júlia comprou uma casa; mas também comprou um automóvel.]

Hipérbato

Alteração da ordem direta de uma oração. Desse modo, a ordem sujeito, verbo, complemento ou predicativo é invertida:

Aos ensinamentos obedecia Dirce dos pais.
[Dirce obedecia aos ensinamentos dos pais.]

Nesse enunciado, o sujeito é “Dirce”, o verbo é “obedecia” e o complemento indireto é “aos ensinamentos dos pais”.

Silepse

Também chamada de concordância ideológica, essa figura de linguagem privilegia a concordância com a ideia expressa em vez da concordância gramatical. Assim, existem três tipos de silepse:

  • de gênero: A gente estava muito preocupado com a situação.

  • de número: Um bando de alunos correram em direção à cantina.

  • de pessoa: Todas trabalhamos no último domingo.

Na silepse de gênero, o predicativo “preocupado” concorda com a ideia de que “a gente” à qual o enunciado se refere é uma pessoa do gênero masculino. Como a expressão “a gente” é feminina, em uma concordância gramatical, a frase ficaria assim: “A gente estava muito preocupada com a situação”.

Na de número, o verbo “correram” concorda com a ideia de que “um bando” é um agrupamento de pessoas. Já que a expressão “um bando” está no singular, em uma concordância gramatical, o certo seria dizer ou escrever: “Um bando de alunos correu em direção à cantina”.

E, por fim, na de pessoa, o verbo “trabalhamos” indica a ideia de que a enunciadora da oração também trabalhou no último domingo. Assim, se ela fizesse uma concordância gramatical, o correto seria: “Todas trabalharam no último domingo”.

Assíndeto

É a ausência de conjunção entre as orações:

As crianças pulam, riem, gritam, choram sem parar.

Para saber mais sobre essa figura de construção, clique aqui.

Polissíndeto

É a repetição de conjunção entre as orações:

As crianças pulam, e riem, e gritam, e choram sem parar.

Anáfora

Repetição de uma ou mais palavras no início de versos ou frases:

Exemplo:

Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus,

arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa,

hipsters com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado na maquinaria da noite,

que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz,

que desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos,

que passaram por universidades com olhos frios e radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de Blake entre os estudiosos da guerra,

que foram expulsos das universidades por serem loucos & publicarem odes obscenas nas janelas do crânio,

que se refugiaram em quartos de paredes de pintura descascada em roupa de baixo queimando seu dinheiro em cestos de papel, escutando o Terror através da parede,

que foram detidos em suas barbas púbicas voltando por Laredo com um cinturão de marijuana para Nova York,

[...]

Nesse trecho do longo poema Uivo, do poeta estado-unidense Allen Ginsberg, muitos dos longos versos da obra têm início com a repetição do termo “que”. Saiba mais sobre a anáfora clicando aqui.

Anacoluto

É a interrupção na estrutura sintática da oração:

Ela nem pense em enganar a Cláudia.

Medo... ninguém sabe das ameaças invisíveis.

Observe que, em ambos os enunciados, as palavras que iniciam as frases não apresentam conexão sintática com o restante da oração. No entanto, tais termos fazem algum sentido se relacionamos “ela” a “Cláudia” e “medo” a “ameaças invisíveis”. Para saber mais sobre essa figura, clique aqui.

Pleonasmo

É a repetição de um termo ou de uma ideia com o intuito de enfatizar algo:

Vi, com estes olhos, o mal que alguém pode fazer.

Contudo, quando a repetição não é usada com efeito enfático, o pleonasmo se transforma em vício de linguagem. Por exemplo, a expressão “subir para cima”. Saiba mais sobre essa figura de sintaxe clicando aqui.

Saiba mais: Quais são os vícios de linguagem mais comuns?

Exercícios sobre figuras de sintaxe ou construção

Questão 01

(Facape) Existe elipse em:

A) “Substantivos e verbos bastam apenas a soldados e líderes de países totalitários”

(Texto I).1

B) “Substantivos e verbos bastam” (Texto I).

C) “Líderes de países totalitários” (Texto I).

D) “Entra, Irene. Você não precisa pedir licença” (Texto II).2

E) “Não há dois melões iguais. Uns são ovais, outros são bojudos. Duros ou macios.” (Texto I).

Resolução:

Alternativa E.

O termo “melões” foi ocultado duas vezes: “Não há dois melões iguais. Uns [melões] são ovais, outros [melões] são bojudos. Duros ou macios.”

Questão 02

Analise os enunciados abaixo e marque a alternativa em que se verifica a presença de um hipérbato.

A) Caem as mangas dos pés e apodrecem no chão.

B) Os artistas somos sensíveis e visionários.

C) A ignorância fere, humilha, mata.

D) Tenho, mas não quero, mas não mereço.

E) Riu um riso perverso e assustador.

Resolução:

Alternativa A.

No enunciado “Caem as mangas dos pés e apodrecem no chão”, há inversão em “caem as mangas”. A ordem direta é: “as mangas caem”.

Notas dos exercícios

1 Texto I: ZAGAJEWSKI, Adam. Piauí, n. 52, p. 47, jan. 2011.

2 Texto II: BANDEIRA, Manuel. Irene no céu.

Fontes

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.

GINSBERG, Allen. Uivo. In: GINSBERG, Allen. Uivo, Kaddish e outros poemas. Tradução de Claudio Willer. Porto Alegre: L&PM, 1984.

NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contemporânea da língua portuguesa. 15. ed. São Paulo: Scipione, 1999.

SACCONI, Luiz Antonio. Nossa gramática: teoria e prática. 26. ed. São Paulo: Atual Editora, 2001.

Publicado por Warley Souza
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