Livre mercado
Livre mercado é uma prática do sistema capitalista de produção. Ele está baseado na livre concorrência e na livre iniciativa. Funciona por meio de transações comerciais autônomas no contexto da lógica do modelo capitalista. A comercialização de bens e a obtenção de lucros são típicas do livre mercado. Uma desvantagem desse modelo é a acentuação da desigualdade econômica global. O Brasil, assim como grande parte dos países, está incluído na lógica do livre mercado.
Leia também: Blocos econômicos — vantagens e desvantagens das trocas comerciais entre alguns países
Resumo sobre livre mercado
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O livre mercado é uma prática econômica ancorada no sistema capitalista de produção que defende a autonomia nas transações comerciais.
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A principal defesa dessa teoria é que o mercado deve se autorregular, ou seja, não é necessário um agente para exercer o controle sobre as ações do mercado.
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Suas características são: livre concorrência, livre iniciativa e independência dos agentes econômicos.
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Seu funcionamento dá-se de forma autônoma e independente entre os meios de produção e os agentes reguladores.
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A possibilidade de concorrência entre diferentes empresas é uma das principais vantagens do modelo de livre mercado.
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O Brasil, assim como a maior parte dos países, possui uma lógica capitalista de produção, fortemente vinculada ao livre mercado.
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O livre mercado, ao contrário de modelos típicos do socialismo, não prevê a atuação direta do Estado no âmbito econômico.
O que é livre mercado?
O livre mercado é uma prática econômica caracterizada pelo modelo liberalista de venda e troca de produtos. Nessa prática da economia tradicionalmente capitalista, a produção e a comercialização de bens e serviços ocorrem sem a interferência do Estado. Portanto, é parte de uma economia de mercado descentralizada e independente, na qual ocorrem as trocas comerciais de diferentes modos, sempre baseados na livre iniciativa e no livre mercado.
Teoria do livre mercado
O conceito de livre mercado está fortemente vinculado ao sistema capitalista de produção. O desenho desse conceito parte de aspectos relacionados ao âmbito do liberalismo econômico, que, em sua reformulação mais atual, ganhou o nome de neoliberalismo econômico.
A principal defesa dessa teoria é que o mercado deve se autorregular, ou seja, não é necessário um agente externo para exercer o controle sobre as ações do mercado. Nesse sentido, essa teoria questiona o papel do Estado como agente econômico e, ainda, a sua atuação na lógica econômica de uma sociedade, como acontece no keynesianismo.
Características do livre mercado
A principal característica do livre mercado é a liberdade na qual são baseadas as trocas comerciais. Nesse sentido, é uma lógica econômica ancorada em um sistema produtivo capitalista, que se beneficia da redução de custos e da obtenção de lucros. São características do livre mercado:
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livre concorrência;
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livre iniciativa;
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propriedade privada;
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planejamento de custos;
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independência dos agentes econômicos.
Veja também: O que é inflação?
Como funciona o livre mercado?
O funcionamento do livre mercado dá-se de forma autônoma e independente entre os meios de produção e os agentes reguladores do mercado. Desse modo, um industrial que fabrica móveis, por exemplo, com base nos seus custos de matéria-prima, energia, transporte, mão de obra, entre outros, avalia o melhor preço para a comercialização do seu produto.
No mesmo sentido, cabe ao consumidor, na compra de um móvel, por exemplo, avaliar a qualidade e o preço do produto manufaturado e, assim, finalizar ou não a compra desse produto. Nesses dois exemplos, fica claro que o comércio de um bem ocorre de forma independente, visto que não há a ação estatal na regulação dos preços; e de forma livre, uma vez que não há a obrigação do consumidor em adquirir o produto. Trata-se, portanto, de um cenário clássico da lógica econômica de livre mercado.
Vantagens e desvantagens do livre mercado
O livre mercado é apenas um dos muitos fatores que influenciam na lógica do sistema capitalista de produção. Esse modelo é preponderante na sociedade atual e possui grande influência nas atividades cotidianas da população. Nesse contexto, destacam-se como pontos importantes e vantajosos do livre mercado:
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a possibilidade de concorrência entre diferentes empresas e empresários;
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a minimização dos custos de produção e a oferta de produtos de qualidade;
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a independência dos empresários e dos consumidores na lógica comercial;
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a autonomia dos agentes econômicos na realização de transações comerciais;
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a livre iniciativa e a livre concorrência, que impactam nos preços dos produtos;
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a ampla geração de renda e de mão de obra necessária para a comercialização.
Enquanto fruto da livre iniciativa e da livre concorrência, o livre mercado também possui desvantagens muito próximas ao sistema capitalista de produção. São exemplos de desvantagens:
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o aumento da desigualdade social presente nas sociedades humanas;
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a maximização dos lucros em detrimento da produção manufatureira;
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o corte exacerbado de gastos, o que implica diminuição dos empregos;
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a adoção de medidas de austeridade em situações de crises econômicas;
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o elevado custo ambiental oriundo de consumo de bens industrializados.
Existe livre mercado no Brasil?
Sim. O Brasil, assim como a maior parte dos países, possui uma lógica capitalista de produção fortemente vinculada ao livre mercado. Essa doutrina predomina no país desde tempos remotos, mas tomou ainda mais força com o advento dos processos de industrialização e urbanização, que dinamizaram as trocas comerciais ao longo do território brasileiro.
A entrada do país de forma direta nos fluxos e redes típicos do fenômeno da globalização, assim como a diminuição da atuação estatal no mercado por meio de políticas de privatização, contribuiu ainda mais para a ascensão da atual lógica de livre mercado presente na sociedade brasileira.
Atualmente, o Brasil é um importante ator comercial global, com destaque para a exportação de bens primários, como minérios e alimentos. O país detém ainda vasto parque industrial interno e forte presença de transnacionais no seu território. O Brasil também possui amplo mercado consumidor, vasta mão de obra e grande disponibilidade de recursos naturais.
Esses elementos contribuem para que o mercado brasileiro seja de interesse dos diversos agentes econômicos globais e esteja inserido de forma integral nas ações de comercialização e consumo de produção, típicas do livre mercado.
Livre mercado x socialismo
O socialismo tem como base ideológica a chamada economia planificada, ou seja, a ação estatal em toda a sua conjuntura estrutural e econômica. Assim, em um sistema socialista de produção, não há livre mercado, mas sim a adoção de políticas estatais de produção e consumo, além da socialização dos meios de produção e da ausência de propriedade privada.
Já no capitalismo, sistema de produção atrelado ao livre mercado, há a presença da livre concorrência e da livre iniciativa, logo, não há uma ação direta estatal no âmbito econômico. Nesse contexto, predomina uma lógica de propriedade privada dos meios de produção, de maximização dos lucros e, especialmente, de consolidação do livre mercado em toda a sociedade produtiva.
Saiba mais: Exportação e importação — como funciona o comércio internacional
Exercícios resolvidos sobre livre mercado
Questão 1 (Cásper Líbero) Por três décadas caminhamos para sistemas financeiros orientados para o mercado. Com sua decisão de salvar o Bear Stearns, o Federal Reserve, a instituição responsável pela política monetária nos Estados Unidos, principal protagonista do capitalismo de livre mercado, declarou que essa era terminou. Ele mostrou em atos sua concordância com a observação de Joseph Ackerman, presidente do Deutsche Bank, de que “Não acredito mais no poder autocurativo do mercado”. A desregulação atingiu seus limites.
Fonte: WOLF, Martin. As transições e os choques. Cia. das Letras. 2015. Pag. 45.
O texto acima descreve a situação
a) da economia mundial após a eclosão da crise de 2008.
b) da Inglaterra ao final do governo de Margaret Thatcher.
c) dos Estados Unidos às vésperas da eleição de Franklin Delano Roosevelt.
d) dos Estados Unidos após a eclosão da crise de 1929.
e) da Alemanha às vésperas da ascensão de Hitler ao poder.
Resolução:
Alternativa A
O texto remete à chamada Crise de 2008, um momento histórico-econômico no qual o livre mercado entrou em crise em razão de distúrbios na lógica mundial baseada no sistema capitalista de produção.
Questão 2 (Fatec 2019) “O livre mercado é um termo conciso para designar um arranjo de trocas que ocorrem na sociedade. Cada troca acontece como um acordo voluntário entre duas pessoas ou entre grupos de pessoas representados por agentes. Esses indivíduos, ou seus agentes, trocam dois bens econômicos, tanto commodities tangíveis quanto serviços não-tangíveis.”
Disponível em: <https://tinyurl.com/yywpe8lx> Acesso em: 10.10.2019. Adaptado.
A expressão “livre mercado”, presente no texto, é típica de uma sociedade
a) anarquista, em que as relações de poder existentes permitem que o mercado se autorregule.
b) feudal, em que as relações entre senhores feudais e os servos ocorrem na base da livre negociação.
c) socialista, em que o poder concentrado no parlamento viabiliza as práticas autorregulatórias do mercado.
d) monarquista, em que a ausência de poder central oportuniza relações comerciais livres, sem a regulamentação estatal.
e) capitalista, em que as relações econômicas e o mercado se autorregulam de acordo com a demanda dos consumidores.
Resolução:
Alternativa E
O livre mercado representa uma sociedade tipicamente capitalista, marcada pela livre concorrência e pela livre iniciativa, por meio da adoção da propriedade privada e da objetivação de lucros diversos.