Concílio de Trento
O Concílio de Trento foi um concílio ecumênico que reuniu as grandes autoridades da Igreja Católica para debater questões da doutrina religiosa, sendo realizado em Trento, na Itália, entre os anos de 1545 e 1563. Aconteceu em três períodos distintos, que totalizaram 25 sessões.
Teve o objetivo de barrar o avanço do protestantismo no continente europeu, rejeitando suas doutrinas e estabelecendo meios para reprimir o crescimento da doutrina protestante. Além disso, foi responsável por reafirmar uma série de doutrinas já existentes na Igreja Católica.
Resumo sobre Concílio de Trento
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O Concílio de Trento foi um evento realizado pela Igreja Católica entre os anos de 1545 e 1563.
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Reuniu as principais autoridades da Igreja Católica em Trento, na Itália.
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Foi realizado com o intuito de barrar o avanço do protestantismo na Europa.
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Aconteceu em três períodos específicos: 1545-1549, 1551-1552 e 1562-1563.
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Ficou marcado por reafirmar uma série de doutrinas do catolicismo e por rejeitar as doutrinas protestantes.
O que foi o Concílio de Trento?
O Concílio de Trento foi um evento organizado pela Igreja Católica que se estendeu de 1545 a 1563. Foi um concílio ecumênico, isto é, uma reunião com as principais autoridades da Igreja Católica a fim de debater questões da doutrina do catolicismo.
O Concílio de Trento foi o 19º concílio ecumênico da história da Igreja Católica, sendo realizado em três períodos, que totalizaram 25 sessões. Aconteceu em Trento, na Itália, como parte da estratégia da Santa Sé de garantir a unidade da fé católica na Europa principalmente.
Foi convocado pelo papa Paulo III, interessado em estabelecer estratégias para deter o avanço do protestantismo no continente europeu. Os períodos nos quais o Concílio de Trento foi dividido foram:
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primeiro período (1545-1549): 10 sessões;
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segundo período (1551-1552): 6 sessões;
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terceiro período (1562-1563): 9 sessões.
Causas do Concílio de Trento
O Concílio de Trento foi motivado pelo avanço do protestantismo na Europa, estabelecendo-se como uma necessidade da Igreja de criar estratégias para barrar o crescimento do protestantismo e fortalecer o catolicismo, mantendo os fiéis. Nesse sentido, a Igreja necessitava contestar a doutrina protestante e reafirmar os dogmas do catolicismo, além de criar meios pra garantir seu fortalecimento.
Objetivos do Concílio de Trento
Entre os principais objetivos do Concílio de Trento, estavam:
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condenar a doutrina protestante;
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reforçar a doutrina católica;
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conduzir uma reforma na estrutura da Igreja Católica;
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combater a corrupção no interior da Igreja;
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barrar o avanço do protestantismo.
Decisões do Concílio de Trento
As decisões tomadas pelos membros da Igreja Católica que participaram do Concílio de Trento foram realizadas nas 25 sessões, que aconteceram ao longo dos três períodos do evento. Em algumas sessões, a Igreja Católica permitiu a participação de representantes protestantes, sem dar-lhes o direito de voto.
Entre as primeiras decisões tomadas pela Igreja Católica no Concílio de Trento, estavam a reafirmação do Credo Niceno, uma profissão de fé estabelecida na Igreja Católica em um concílio de 325; e o estabelecimento da tradução da Bíblia para o latim — edição conhecida como vulgata — como a principal versão do texto bíblico.
Além disso, uma série de pontos já estabelecidos da fé católica foram reafirmados nesse concílio. Por exemplo, a ideia de justificação, em que a salvação se justifica pela fé e pelas boas obras.
A Igreja Católica reafirmou nesse evento seus sete sacramentos:
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Batismo
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Confirmação
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Eucaristia
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Penitência
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Unção dos Enfermos
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Ordem
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Matrimônio
A Igreja reafirmou o dogma da transubstanciação, que afirma que os elementos da Eucaristia se transformam no sangue e no corpo de Cristo. Reafirmou a doutrina do purgatório, a veneração de relíquias, a autoridade e a infalibilidade do papa, e a necessidade do batismo em crianças recém-nascidas. E também reafirmou a ideia de que Cristo veio à Terra como um intercessor entre a humanidade e Deus.
Na questão das práticas da Igreja, as autoridades católicas definiram que era necessário reformar os abusos cometidos no interior da instituição. Nesse sentido, foi autorizada a criação de seminários, cujo objetivo era aprimorar os sacerdotes, aumentando o tempo de estudo deles. A Igreja também proibiu a venda de indulgências, embora tenha mantido a autorização para que fossem doadas.
No que se refere aos protestantes, o Concílio de Trento definiu que eles eram hereges. A Igreja acusava os protestantes de não defenderem doutrinas verdadeiras, mas apenas opiniões próprias sem embasamento doutrinário. A Igreja também tomou algumas medidas drásticas para impedir o avanço do protestantismo na Europa.
Foi criado o Index Librorum Prohibitorum, uma lista de livros que passaram a ser proibidos para os católicos. Essa lista incluía diversos livros de reformadores, como Lutero, Calvino e Zwingli. Além disso, a Igreja estabeleceu o Tribunal do Santo Ofício ou Tribunal da Inquisição, responsável por denunciar e reprimir aqueles que aderiam às heresias.
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História do Concílio de Trento
O Concílio de Trento é parte das ações que a Igreja Católica tomou na Contrarreforma ou Reforma Católica, como muitos historiadores preferem. A Contrarreforma foi o conjunto de ações que a Igreja tomou para impedir o avanço do protestantismo no continente europeu.
O protestantismo é o conjunto de doutrinas cristãs que se estabeleceram na Europa a partir de Martinho Lutero, um monge alemão. No começo do século XVI, havia uma enorme insatisfação com a Igreja que foi motivada, principalmente, pelas práticas dessa instituição.
A Igreja Católica era criticada pela corrupção, pelas indulgências, pelo acúmulo de poder e riqueza, além de ser questionada em termos doutrinários. Martinho Lutero não concordava com a cobrança das indulgências, pois a considerava imoral e acreditava na ideia de que a salvação de uma pessoa se justificava pela fé.
A tradição protestante afirma que Lutero teria afixado um documento, as 95 Teses, na porta da Igreja de Wittenburg, em 1517. Esse documento era um conjunto de críticas do autor à Igreja Católica. Inicialmente, o monge não desejava romper com a instituição, apenas reformá-la.
A perseguição que ele sofreu, no entanto, fez com que ele rompesse com a Santa Sé, dando origem à doutrina luterana. A fé protestante foi ganhando força em diversas partes da Europa, dando origem a novas doutrinas: o calvinismo e o anglicanismo.
O avanço do protestantismo se deu também por interesses econômicos e políticos, uma vez que muitos monarcas europeus viram no avanço da fé protestante uma forma de livrar-se da interferência política da Igreja Católica e dos impostos que deveriam ser pagos à Santa Sé.
O crescimento do protestantismo gerou enorme preocupação da Igreja Católica, e, nesse sentido, o Concílio de Trento foi uma das estratégias usadas pela Igreja para reformar a fé católica, reafirmar alguns pontos da doutrina, questionar a doutrina protestante e, assim, impedir seu crescimento.
Na década de 1530, o papa Paulo III percebeu a necessidade de convocar um concílio para reformar a Igreja mediante o avanço do protestantismo, uma vez que este conquistava espaço entre a nobreza germânica. Esse concílio deveria ter se iniciado em 1537, mas foi adiado até 1545.
Fontes
AQUINO, Felipe. História da Igreja: o Concílio de Trento. Disponível em: https://cleofas.com.br/historia-da-igreja-o-concilio-de-trento/
MARK, Joshua J. Council of Trent. Disponível em: https://www.worldhistory.org/Council_of_Trent/#:~:text=Although%20the%20Council%20of%20Trent,Third%20Session%3A%201562%2D1563
MONTFORT ASSOCIAÇÃO CULTURAL. Concílio Ecumênico de Trento. Disponível em: https://www.montfort.org.br/bra/documentos/concilios/trento/
SOARES, Luís Roberto Zaratin. O Concílio de Trento: o revigorar da Igreja. Disponível em: https://tede.pucsp.br/bitstream/handle/32356/1/TCC_PUCSP_LRZS_Trento_Concilio_VF_Luis%20Roberto%20Zaratin.pdf