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Cretenses

Os cretenses foram um povo que formou a Civilização Minoica, na ilha de Creta, localizada no mar Egeu. Essa civilização só foi descoberta por meio de escavações arqueológicas realizadas em Creta no começo do século XX, dando início a uma série de estudos sobre ela, que tinha no comércio marítimo o seu principal modo de sustento.

Os cretenses começaram a desenvolver-se a partir de 3000 a.C., no entanto, seu auge deu-se de 2000 a.C. a 1500 a.C. A partir dessa data, eles entraram em decadência, por motivos que ainda são estudados pelos historiadores, e acabaram sendo absorvidos pela civilização micênica.

Acesse também: Civilização Micênica – o povo que absorveu os cretenses, herdando sua cultura

Etimologia

Disco de Festo, um dos mais conhecidos resquícios dos cretenses. Acredita-se que seja uma oração à deusa-mãe.[1]
Disco de Festo, um dos mais conhecidos resquícios dos cretenses. Acredita-se que seja uma oração à deusa-mãe.[1]

Os cretenses formaram o que nós conhecemos como Civilização Cretense ou Civilização Minoica. O termo “minoico” foi estabelecido por Arthur Evans, o arqueólogo por trás da descoberta dos sítios cretenses. Essa descoberta aconteceu no começo do século XX, e Evans baseou-se na lenda de um rei mítico de Creta, chamado Minos, para cunhar o nome desse povo. Assim, o termo minoico (minoan, no inglês) deriva de Minos.

Origens

A ilha de Creta, localizada no mar Egeu, começou a ser habitada por seres humanos por volta de nove mil anos atrás, durante o Período Neolítico. A civilização que os cretenses desenvolveram só começou a tomar forma a partir de 3000 a.C. Nesse período, eles utilizavam o bronze na produção de seus objetos.

Os historiadores acreditam que os cretenses chegaram a Creta por meio de uma migração, e a hipótese mais aceita atualmente afirma que os primeiros humanos que chegaram à ilha vieram da Anatólia, conhecida na Antiguidade como Ásia Menor e atualmente como parte do território da Turquia.

A partir do ano 2000 a.C., os historiadores acreditam que os cretenses iniciaram a construção de grandes palácios. A existência dessas construções estendeu-se de 2000 a.C. até 1400 a.C., aproximadamente, e isso é um marco que estabeleceu o início de fato da Civilização Cretense. Portanto, o fatores utilizados na análise dos cretenses neste texto levam em consideração o período de existência dos grandes palácios.

Palácios cretenses

Acredita-se que, a partir de 1700 a.C., o palácio de Cnossos tenha sido o mais poderoso de Creta.[2]
Acredita-se que, a partir de 1700 a.C., o palácio de Cnossos tenha sido o mais poderoso de Creta.[2]

Já vimos que os grandes palácios cretenses começaram a ser construídos a partir de 2000 a.C., e atualmente sabemos que existiram quatro grandes palácios na ilha. Eles foram erguidos em diferentes locais de Creta e sabemos que eram para os cretenses centros do poder e da administração dos seus domínios.

As quatro construções localizavam-se em Cnossos, Mália, Cato Zacro e Festo, e ao redor delas, desenvolviam-se as cidades cretenses. Os palácios, além de administrarem as terras, centralizavam as ações comerciais, serviam de centros religiosos e reuniam recursos importantes para Creta. Estradas foram construídas na ilha com o intuito de facilitar o deslocamento até eles.

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Até por volta de 1700 a.C., havia independência entre os palácios, mas, desde então, acredita-se que Cnossos começou a posicionar-se como o palácio mais influente e poderoso da ilha. Os estudos arqueológicos apontam que o palácio de Cnossos foi destruído e reconstruído, duas vezes, entre 2000 a.C. e 1400 a.C.

As grandes cidades cretenses não tinham grandes fortificações, o que sugere que o convívio entre elas era pacífico. Isso não significa que os cretenses eram desmilitarizados, uma vez que existem evidências de armas encontradas pela arqueologia na ilha de Creta. No interior da ilha, foram construídas torres de vigilância com o intuito de enfraquecer a ação de bandidos.

Os afrescos são uma das representações artísticas mais conhecidas dos cretenses.
Os afrescos são uma das representações artísticas mais conhecidas dos cretenses.

No interior dos palácios, foram encontrados diversos afrescos — pinturas feitas nas paredes. Esses afrescos permitiram que os historiadores pudessem tirar algumas impressões a respeito da religião e da cultura cretenses. Cenas da natureza e de festivais e cerimônias em Creta são encontradas nessas expressões artísticas.

Acesse também: Hititas - civilização que pode ter lutado na famosa Guerra de Troia

Modo de vida

A agricultura era a principal forma de obter-se alimento em Creta, e víveres, como grãos, figos e oliva, eram produzidos na própria ilha. Apesar disso, a atividade econômica mais importante era o comércio marítimo, pois os cretenses tiveram um grande domínio sobre o mar Egeu e tiveram contatos importantes com outros povos.

Os cretenses importavam e exportavam itens de diversos locais, como Chipre, Egito, Grécia Continental etc. Esse domínio sobre o mar fez com que Creta formasse uma talassocracia, forma de governo no qual o poder depende do domínio do mar. As evidências históricas sugerem que esse poder era exercido por um rei.

Esculturas de Reia, a deusa-mãe e principal deusa dos cretenses.[3]
Esculturas de Reia, a deusa-mãe e principal deusa dos cretenses.[3]

Na religião, os historiadores afirmam que as crenças cretenses foram herdadas da Anatólia, havendo dois grandes deuses: Reia, a deusa-mãe, e Minotauro, o touro divino. No caso da deusa-mãe, ela possuía lugar privilegiado na crença cretense e era associada com a fertilidade humana e da terra. Era representada como uma mulher com os seios à mostra. Eles eram as principais dividandes, logo, havia outras no panteão cretense.

Não era comum a existência de templos fechados em Creta, e grande parte das festividades e rituais religiosos era realizada, ao ar livre, em templos abertos e locais considerados sagrados. Um ritual comum em Creta, e que era uma forma de adoração ao touro, foi a taurocatapsia — o ato de pular por cima de um touro em movimento. Os chifres de touro eram um artigo de decoração nos palácios, e touros saltando eram representados em afrescos e cerâmicas.

Sabemos que os cretenses desenvolveram um forma de escrita conhecida como Linear A. Acredita-se que esse sistema de escrita foi desenvolvido por volta de 2000 a.C. e que cumpriu importante papel administrativo, pois foi muito encontrado nos grandes palácios. Os escritos de Linear A ainda não foram decifrados pelos especialistas.

Acesse também: A importância da Eneida, de Virgílio, para a educação romana

Decadência cretense

Os historiadores afirmam que, em torno de 1500 a.C., os cretenses entraram em decadência e acabaram sendo absorvidos pelos micênicos, entre 1400 a.C. e 1300 a.C. Não existe nenhuma certeza dos motivos que explicam esse declínio, mas algumas hipóteses são levantadas e aceitas atualmente.

Primeiro, os historiadores pensam que desastres naturais, como um grande terremoto e uma erupção vulcânica, causaram grande destruição em Creta e prejudicaram a vida local. Fala-se também que possíveis esgotamento do solo e superpopulação podem ter contribuído para o enfraquecimento cretense.

As cidades em Creta esvaziaram-se, e a ilha passou a ser dominada pelos micênicos, povo que teve a supremacia na Grécia e no mar Egeu até cerca de 1200 a.C.

Créditos das imagens

[1] Nicolas Economou e Shutterstock

[2] Georgios Kritsotakis e Shutterstock

[3] volkova natalia e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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