Romance Policial

“(...) Poirot bebeu e dispôs-se a dormir. Estava quase a adormecer, quando um choque estranho o acordou. Teve a consciência de que qualquer coisa bastante pesada caíra de encontro à porta. O belga levantou-se e abriu-a. Nada. Porém, à sua direita, viu afastar-se no corredor uma mulher envolta num quimono vermelho. Na outra extremidade, o condutor entretinha-se a rabiscar figuras em largas folhas de papel. Reinava a completa calma (...)”.
O trecho que você leu pertence ao livro Assassinato no Expresso do Oriente, da escritora britânica Agatha Christie. Autora de oitenta romances policiais, Agatha ajudou a popularizar o gênero e é a autora mais publicada em todos os tempos em qualquer idioma, ficando atrás apenas da Bíblia e de William Shakespeare. Mas quais elementos fizeram do Romance Policial um gênero literário mundialmente apreciado?
Os Romances Policiais, também conhecidos como gênero policialesco, seguem, em sua maioria, uma fórmula, o que não faz do gênero uma literatura previsível ou enfadonha. A estrutura da narrativa é permeada por elementos peculiares, como a presença de um crime, a investigação, que geralmente é conduzida por um detetive, e a revelação surpreendente de seu autor, um criminoso acima de qualquer suspeita. Esses elementos são a receita de sucesso que fazem do Romance Policial um dos gêneros mais vendidos em todo mundo.
A tradição começou em 1841, ano de publicação do conto Assassinatos da Rua Morgue, de Edgar Allan Poe, precursor do gênero. A história de dois assassinatos brutais de mulheres em Paris, investigados pelo detetive C. Auguste Dupin, foi publicada nas colunas de um periódico da Filadélfia, o Graham's Magazine, nos Estados Unidos. Outras histórias de Poe foram apresentadas ao público através do jornal, processo que continuou até o século XIX, quando os romances policiais passaram a ser editados em livros populares. C. Auguste Dupin, o primeiro detetive da literatura de ficção, precedeu a célebre personagem de Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes, o mais famoso detetive de todos os tempos.
No Brasil, a primeira publicação do gênero foi no ano de 1920, no jornal A Folha. Publicado em capítulos, O Mistério, escrito por Coelho Neto, Afrânio Peixoto, Medeiros e Albuquerque e Viriato Corrêa, inaugurou o estilo que posteriormente contaria com renomados representantes, como Rubem Fonseca, Marçal Aquino, Luiz Alfredo Garcia-Roza, Joaquim Nogueira, Tony Bellotto, Luis Fernando Veríssimo, Flávio Carneiro, Patrícia Melo, Jô Soares, entre outros nomes que divulgam e fazem do Romance Policial um estilo cada vez mais respeitado.
Embora alguns estudiosos duvidem da qualidade literária do Romance Policial, que por vezes cometeu o pecado de permitir que a preocupação com o suspense fosse mais importante do que a preocupação com a escrita de uma narrativa que preservasse elementos essenciais para a construção de uma boa trama, o Romance Policial brasileiro conta com verdadeiras obras-primas, como o aclamado livro A grande arte, de Rubem Fonseca. Sugerimos a leitura de alguns importantes títulos para que você descubra o valor e a importância literária do Romance Policial. Boa leitura!
Dez títulos nacionais para você apreciar o Romance Policial brasileiro
1. A grande arte – Rubem Fonseca
2. O jardim do diabo – Luis Fernando Veríssimo
3. A confissão - Flávio Carneiro
4. Bufo e Spallanzani – Rubem Fonseca
5. O silêncio da chuva - Luiz Alfredo Garcia-Roza
6. Espinosa sem saída - Luiz Alfredo Garcia-Roza
7. Inferno – Patrícia Melo
8. Bellini e a esfinge – Tony Bellotto
9. O Xangô de Baker Street – Jô Soares
10. Informações sobre a vítima – Joaquim Nogueira
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