Oxigênio (O)
O oxigênio é um elemento químico não metálico pertencente ao grupo 16 da tabela periódica (calcogênios), localizado no segundo período da tabela. O símbolo do oxigênio é O, e seu número atômico é 8. Apresenta três isótopos naturais, de números de massa 16, 17 e 18, além de se apresentar apenas como duas substâncias simples naturais: O2 (gás oxigênio) e O3 (gás ozônio).
O oxigênio é um dos elementos mais abundantes do universo e do nosso planeta, tanto na atmosfera quanto na crosta terrestre, estando na constituição de diversos minerais e gases. É sintetizado naturalmente por meio da fotossíntese e sua presença em nosso planeta é vital, tanto para os seres aeróbios, que o utilizam para sua respiração celular, quanto para nossa proteção, por meio da camada de ozônio que diminui a incidência dos raios ultravioletas oriundos do Sol.
Leia também: Hidrogênio — o primeiro elemento da tabela periódica
Resumo sobre oxigênio
- O oxigênio (O) é um ametal cujos átomos apresentam número atômico igual a oito.
- Está localizado no segundo período do grupo 16 (calcogênios) da tabela periódica.
- Tem três isótopos naturais (de números de massa 16, 17 e 18).
- Apresenta-se na forma de duas substâncias puras na natureza: O2 e O3.
- É um dos elementos mais abundantes do nosso planeta, o segundo mais presente na atmosfera e um dos elementos mais presentes na crosta terrestre.
- É também o terceiro elemento mais abundante do universo.
- O gás oxigênio, O2, é naturalmente sintetizado por meio da fotossíntese, sendo vital para os seres aeróbios, que utilizam o gás para sua respiração celular.
- O gás ozônio, O3, é extremamente importante para a segurança de nosso planeta, uma vez que diminui a incidência de raios ultravioletas oriundos do Sol.
Características do oxigênio
O oxigênio, símbolo O, é um elemento químico não metálico cujos átomos apresentam oito prótons no núcleo e está localizado no grupo 16 da tabela periódica, os chamados calcogênios. O oxigênio apresenta três isótopos naturais: 16O (mais estável), 17O e 18O. Na natureza, apresenta-se como uma substância simples, apenas na forma de dois alótropos, o gás oxigênio (O2) e o gás ozônio (O3). Ambos são gases incolores e insípidos, porém, apenas o gás oxigênio é inodoro, uma vez que o gás ozônio apresenta um cheiro característico que remete a um alvejante à base de cloro. Quimicamente, o O3 é bem mais reativo que o O2.
O gás oxigênio, O2, pode se combinar com boa parte dos elementos da tabela periódica, principalmente em altas temperaturas. As exceções ficam por parte dos halogênios, gases nobres e gás nitrogênio (N2), a não ser que sejam estabelecidas condições específicas. Por conta dessa versatilidade, 47% da crosta terrestre é feita de compostos que contêm o oxigênio.
Propriedades do oxigênio
- Símbolo: O.
- Massa atômica aproximada: 15,99903 a 15,99977 u.m.a.
- Número atômico: 8.
- Densidade: 1,429 g∙L−1 (CNTP); 1,141 g∙cm−3 (a −183 °C).
- Temperatura de fusão: −218,79 °C.
- Temperatura de ebulição: −183 °C.
- Configuração eletrônica no estado fundamental: [He] 2s2 2p4.
- Principais números de oxidação: −2.
- Localização na tabela periódica: 2º período, grupo 16 (calcogênios).
Veja também: Para que serve o carbono?
Formas alotrópicas do oxigênio
O oxigênio, como já dito anteriormente, apresenta-se naturalmente na forma de dois alótropos gasosos, que é o gás oxigênio (O2) e o gás ozônio (O3). A síntese do gás ozônio é realizada em altas camadas da atmosfera, onde o gás oxigênio, com auxílio da radiação ultravioleta solar, combina-se mediante a seguinte reação química:
3 O2 (g) → 2 O3 (g)
Também é possível converter o O2 em O3 por meio de descargas elétricas oriundas de tempestades, assim como por meio de aquecimento em temperaturas acima dos 2750 K (3023 °C).
Ambos são gases incolores e sem gosto, com a diferença de que o O2 é um gás inodoro, enquanto o gás ozônio possui um odor pungente e característico, que remete à limpeza, sendo muitas das vezes associado aos produtos à base cloro. Já nas formas líquida e sólida, o gás oxigênio apresenta uma coloração azul pálida. O O3, na sua forma líquida, entretanto, é altamente explosivo.
O gás ozônio é bem mais reativo que o gás oxigênio e, como consequência, é uma substância de grande caráter oxidante (o potencial de redução do O3 é de +2,07 V em pH = 0; +1,65 V em pH = 7 e +1,24 V em pH = 14). O O2 apresenta uma geometria linear, enquanto o O3 apresenta uma geometria angular, com ângulo de ligação igual a 117°.
A estrutura do gás ozônio é uma combinação de três híbridos de ressonância, dispostos a seguir:

Uma característica interessante do ozônio é sua forte absorção na região do ultravioleta. Por isso, a sua presença em altas camadas da atmosfera nos protege do excesso de radiação ultravioleta oriunda do Sol.
Onde o oxigênio é encontrado?
O gás oxigênio, O2, corresponde a cerca de 21% do volume da atmosfera terrestre, enquanto o elemento químico e seus compostos correspondem a cerca de 47% da massa da crosta terrestre. Desses compostos, podemos citar, por exemplo:
- a água,
- a sílica,
- os silicatos,
- a bauxita,
- a hematita e
- o calcário.
Na atmosfera também ocorrem, ainda, gases que possuem o oxigênio na composição, como o dióxido de carbono, CO2, além de óxidos de enxofre (SOx) e nitrogênio (NOx).
Obtenção do oxigênio
Industrialmente, o gás oxigênio é obtido pela liquefação do ar atmosférico, seguido por sua destilação fracionada. Para transporte, o gás oxigênio é transportado sob pressão, assim se mantendo na forma líquida.
Em laboratório, outras formas de produção aparecem, como a eletrólise de soluções aquosas alcalinas em eletrodos de níquel e a decomposição do peróxido de hidrogênio (água oxigenada), conforme a reação a seguir:
2 H2O2 → O2 + 2 H2O
A decomposição térmica de alguns sais, como nitrato de potássio, permanganato de potássio ou clorato de potássio, também produzem gás oxigênio, em geral, usando dióxido de manganês como catalisador:
2 KClO3 → 3 O2 + 2 KCl
O ozônio pode ser produzido em um aparato conhecido como “ozonizador”, onde a geração de O3 se dá pela ação de correntes elétricas sobre o gás oxigênio.
Ciclo do oxigênio
O ciclo do oxigênio é um ciclo biogeoquímico que permite a circulação do elemento pelos organismos vivos e meio ambiente de nosso planeta. Dentre as etapas do ciclo do oxigênio podemos citar:
- fotossíntese,
- respiração celular,
- decomposição,
- combustão e
- formação da camada de ozônio.
Percebe-se que o elemento oxigênio circula por diversas substâncias, destacando-se o gás oxigênio (O2), o gás carbônico (CO2), a água (H2O) e o gás ozônio (O3). Como ponto de partida, citamos a fotossíntese, que é realizada por organismos fotossintetizantes (como plantas verdes e fitoplânctons), que utilizam da água e do gás carbônico presente no meio ambiente para a produção de gás oxigênio e carboidrato (glicose).
O O2, agora, pode ser utilizado em diversos processos, como é o caso da respiração celular, realizada por seres aeróbios, que têm produção de energia (necessária para crescimento e desenvolvimento) gás carbônico e água.
Esse gás oxigênio também pode ser utilizado em outros processos importantes para nosso planeta, como a decomposição e a combustão, que também produzem gás carbônico e água. Por fim, destacamos a importância do gás oxigênio na síntese do gás ozônio em camadas mais elevadas da atmosfera, que cria a chamada camada de ozônio, responsável por diminuir a incidência de radiação ultravioleta oriunda do Sol na nossa superfície.
→ Videoaula sobre o ciclo do oxigênio
Para que serve o oxigênio?
Do ponto de vista humano, o oxigênio é utilizado, na forma de O2, como comburente, assim, mantendo as reações de combustão, além de ser utilizado na fabricação do aço. Também se utiliza o gás oxigênio como suporte para respiração em condições específicas, como em casos de insuficiência respiratória, em aeronaves, regiões de grande altitude (onde o ar é rarefeito) e para mergulhos.
Já o gás ozônio, O3, é um poderoso agente oxidante e, combinado com sua grande reatividade, é comum que ele seja utilizado em processos de purificação, como da água, e em processos reacionais, como é o caso da ozonólise de alcenos. Também é lembrado pelo método complementar de tratamento conhecido como ozonioterapia (embora se utilize uma mistura de gás O2 e O3 no processo).
A ideia da técnica é aplicar essa mistura de O2 e O3 (conhecida como ozônio medicinal) em alguma parte do corpo para tratamentos de doenças específicas, problemas dentários ou feridas. O objetivo seria melhorar a oxigenação dos tecidos e fortalecer o sistema imunológico, através de mecanismos celulares, em resposta a um estresse oxidativo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por enquanto, autorizou apenas a utilização de equipamentos de ozonioterapia para tratamento de cárie, periodontia, endodontia, cirurgia odontológica, além de aplicação estética para auxiliar a limpeza e assepsia da pele.
Mesmo assim, uma resolução de 2018 do Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe a terapia médica com ozônio e diz que o gás só pode ser utilizado para fins de estudos científicos. Mesmo com a promulgação da Lei n° 14.648/2023, que autoriza a realização de ozonioterapia como procedimento de caráter complementar (mediante observação de condições), o CFM não liberou a sua aplicação por carência de dados científicos. O Ministério da Saúde reforçou a lei, dizendo, entre outras coisas, que os equipamentos médicos devem ser submetidos à avaliação e aprovação da Anvisa.|1|
Qual a importância do oxigênio?
A presença de oxigênio no nosso planeta, na forma de gás oxigênio, é um dos fatores essenciais para a perpetuação da vida dos seres aeróbios. Tais seres utilizam o gás oxigênio como um agente oxidante em sua respiração e nos processos metabólicos oxidativos, uma vez que o O2 oxida moléculas obtidas por meio dos alimentos (carboidratos, gorduras e proteínas), com consequente produção de energia, água, gás carbônico e ureia.
Nos mamíferos (onde estão incluídos os seres humanos), o gás oxigênio é transportado pela corrente sanguínea através da hemoglobina e armazenado em nossos tecidos por ação da mioglobina. Vale ainda lembrar que o oxigênio é um constituinte importante de diversas moléculas orgânicas, essenciais à vida, como carboidratos e proteínas. O gás oxigênio também participa do processo de decomposição, importante para a transformação da matéria orgânica existente em nosso planeta.
Precauções com o oxigênio
Como participante de reações de combustão, na função de comburente, o gás oxigênio exige alguns cuidados para aqueles que utilizam cilindros para respiração assistida. Cilindros de oxigênio devem ficar distantes de fumantes, chamas, substâncias inflamáveis, fontes de calor e alguns aparelhos elétricos (os que produzem faísca), para evitar qualquer tipo de possibilidade de combustão e incêndio.
Já o gás ozônio é considerado tóxico e sua inalação pode prejudicar células do trato respiratório, além de causar irritação e queimaduras. Vale lembrar que é um poderoso agente oxidante e muito corrosivo. A exposição ao O3 via inalação pode levar a episódios de tosse, sensação de peito apertado, diminuição da capacidade respiratória e alteração do ritmo respiratório.
Não só isso, o gás ozônio pode levar ao desenvolvimento de asma e piorar os seus sintomas (para aqueles que já sofrem com essa condição). Em níveis elevados de exposição, o O3 danifica os pulmões de maneira permanente e, em alguns casos, pode-se chegar ao óbito.
História do oxigênio
A humanidade começa a entender o oxigênio quando percebe que o ar atmosférico não é uma única substância. O chinês Mao-Khoa, no século VIII d.C., afirmou que a atmosfera seria composta por duas substâncias: o yan (ar completo, referindo-se ao nitrogênio) e o yn (ar incompleto, referindo-se ao oxigênio). O pintor e cientista italiano, Leonardo da Vinci, no século XV, chegou a concluir que “onde uma chama não vive nenhum animal que respira pode viver”, numa clara alusão ao papel comburente do gás oxigênio.
Mesmo assim, a descoberta do elemento químico oxigênio é creditada a dois cientistas: ao sueco Carl Wilhelm Scheele e ao inglês Joseph Priestley, que chegaram de forma independente à descoberta do gás oxigênio.
Scheele, entre os anos de 1771 e 1773, chegou a preparar o gás oxigênio (que era chamado por ele de ar vítrolo) de diversas formas, como através do aquecimento do KNO3, do Mg(NO3)2, ou HgO. Já Priestley conseguiu chegar ao gás oxigênio por meio do aquecimento do HgO sobre o mercúrio líquido, confinados no interior de um cilindro de vidro invertido. No experimento, o inglês utilizou uma lente para convergir raios solares sobre o HgO, em uma segunda-feira, dia 1º de agosto de 1774.
Entretanto, foi o francês Antoine Lavoisier (que tinha contato com Priestley) quem percebeu que o gás se tratava de uma substância simples de um elemento, essencial para explicar o fenômeno da combustão, pondo fim à chamada teoria do Flogisto e, assim, iniciando a chamada Química Moderna. Foi Lavoisier quem batizou o elemento como “oxigênio”, palavra de raiz grega, cuja tradução seria “formador de ácidos”, uma vez que o francês acreditava que toda substância ácida era dotada de oxigênio.
Já a história do oxigênio em nosso planeta se inicia há cerca de 2,5 bilhões de anos, quando os níveis desse elemento começam a subir na atmosfera terrestre, sendo um produto obtido da oxidação fotossintética da água por plantas verdes primitivas (algas verde-azuladas, as chamadas cianobactérias). A vida, até então, desenvolvia-se sem oxigênio, por meio do sulfeto de hidrogênio e outras fontes de hidrogênio presentes.
Saiba mais: Nitrogênio — constituinte da maior parcela da atmosfera terrestre
Curiosidades sobre o oxigênio
- O oxigênio só possui três isótopos naturais, com números de massa 16, 17 e 18.
- A atmosfera primitiva da Terra quase não possuía oxigênio. A entrada desse elemento só começa a ocorrer há cerca de 2,5 bilhões de anos atrás.
- O oxigênio é o terceiro elemento mais abundante do universo, atrás apenas de hidrogênio e hélio.
- O nome oxigênio foi dado pelo cientista francês Antoine Lavoisier e significa “formador de ácido”, uma vez que Lavoisier pensava que ácidos deveriam conter esse elemento.
- A atmosfera de Marte contém cerca de 0,15% em volume de oxigênio.
- Cerca de dois terços do corpo humano e nove décimos da água correspondem a oxigênio.
Nota
|1| MINISTÉRIO DA SAÚDE. Ozonioterapia: em meio à polêmica, lei autoriza o uso como tratamento complementar no país. Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/ozonioterapia-em-meio-a-polemica-lei-autoriza-o-uso-como-tratamento-complementar-no-pais/
Créditos da imagem
[1] ARTURO CRISANTO/ Shutterstock
Fontes
AMERICAN LUNG ASSOCIATION. Oxygen Therapy: Using Oxygen Safety. American Lung Association. 15 dez. 2023. Disponível em: https://www.lung.org/lung-health-diseases/lung-procedures-and-tests/oxygen-therapy/using-oxygen-safely
CALIFORNIA AIR RESOURCES BOARD. Hazardous Ozone-Generating Air Purifiers. California Air Resources Board. Disponível em: https://ww2.arb.ca.gov/our-work/programs/air-cleaners-ozone-products/hazardous-ozone-generating-air-purifiers
HAYNES, W. M. (ed.) CRC Handbook of Chemistry and Physics. 95a ed. CRC Press: 2014.
HOUSECROFT, C. E.; SHARPE, A. G. Inorganic Chemistry. 2. ed. Pearson Education Limited: Londres, 2005.
LEUNG, W.; IP, Q. W. Alkali Metals: Inorganic Chemistry. In: Encyclopedia of Inorganic Chemistry. 2. ed. Wiley: Nova Jersey, 2005.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Ozonioterapia: em meio à polêmica, lei autoriza o uso como tratamento complementar no país. Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/ozonioterapia-em-meio-a-polemica-lei-autoriza-o-uso-como-tratamento-complementar-no-pais/
PEIXOTO, E. M. A. Oxigênio. Química Nova na Escola. n. 7, mai. 1998.
THIEMENS, M. K. Oxygen origins. Nature Chemistry. v. 4, n. 66, jan. 2012.