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Texto de divulgação científica

O texto de divulgação científica tem o objetivo de popularizar os saberes científicos. Por meio desse formato, a ciência é apresentada de modo simplificado a um público leigo.
Garoto com óculos segura uma lupa, que aponta para o globo terrestre, em referência à divulgação científica.
A divulgação científica é uma ótima estratégia para a democratização do acesso à ciência.

O texto de divulgação científica é um gênero textual desenvolvido com o objetivo de levar informações da área científica a um público que não é especializado, de maneira compreensível, contextualizada e acessível. Diferentemente das comunicações científicas, que ocorrem entre profissionais da área, esse texto é direcionado a pessoas que possuem pouco ou nenhum conhecimento científico acerca de determinado assunto, mas desejam aprender sobre ele. Para ser atraente ao público-alvo, além de ter uma linguagem simples, didática e organizada, um texto de divulgação científica necessita de recursos visuais.

Leia também: Passo a passo para elaborar um relatório

Resumo sobre o texto de divulgação científica

  • O texto de divulgação científica é um gênero textual produzido para pessoas não especializadas.

  • A partir desse texto, um tema científico é apresentado ao público geral de maneira simplificada, objetiva e contextualizada.

  • Além de uma linguagem clara e acessível, esse formato deve ter recursos visuais.

  • Jargões científicos e termos técnicos devem ser evitados.

  • Um texto de divulgação científica é composto por título, introdução, desenvolvimento e conclusão.

Videoaula sobre o texto de divulgação científica

Quais são as características do texto de divulgação científica?

Esse formato de texto é produzido para um público leigo, com o intuito de inclui-lo no debate sobre temas que podem impactar a sua vida ou a sociedade em que vive. Sendo assim, o texto de divulgação científica deve ter as seguintes características:

  • Linguagem clara e simples: o público-alvo não pode ter dificuldades para entender o assunto abordado. Logo, é imprescindível adaptar o nível da linguagem e, se for preciso, fazer uso de analogias. Além disso, termos muito técnicos e jargões próprios da área científica devem ser evitados para não gerar problemas de compreensão.

  • Contextualização: é importante que as pessoas entendam como aquele assunto está presente em seu dia a dia ou conectado a outros aspectos de sua vida.

  • Objetividade: trabalhos da área científica normalmente são muito detalhados e extensos, pois precisam seguir padrões específicos tanto para a produção quanto para a publicação das pesquisas. Contudo, uma pessoa que escreve textos de divulgação científica deve focar nos elementos mais relevantes para o público, para não tornar o texto cansativo.

  • Recursos visuais: além do texto escrito, é imprescindível que sejam incluídos elementos como imagens, gráficos, infográficos, ilustrações, entre outros, para tornar o conteúdo mais atrativo visualmente.

  • Rigor científico: o texto deve estar embasado em fontes confiáveis e, apesar da linguagem mais simples, deve ser desenvolvido com cuidado para que os fatos sejam assegurados.

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Estrutura do texto de divulgação científica

O layout do texto, bem como a fonte e o seu tamanho, dependerá do local em que a produção será veiculada, podendo ser em um jornal, um boletim, uma revista, um folheto, entre outros. No entanto, a estrutura adotada na composição do texto de divulgação científica é a mesma do texto dissertativo, que exige introdução, desenvolvimento e conclusão. Isso ocorre porque esse gênero textual exige uma apresentação lógica da temática e uma organização que guie o leitor na descoberta das informações. Assim, é esperado que um texto de divulgação científica tenha:

  • um título chamativo que indique com clareza o assunto que será abordado;

  • um parágrafo de introdução, no qual o tema será apresentado e contextualizado, mostrando por que ele é importante e como ele está relacionado à nossa sociedade;

  • o desenvolvimento da temática, em que estão inclusas não apenas as informações relevantes, atualizadas e necessárias que se deseja divulgar, mas também as exemplificações;

  • a conclusão, que é uma parte de retomada dos pontos mais importantes, de reafirmação da relevância do assunto e de exposição dos resultados da pesquisa, se for o caso.

Importante: Um texto de divulgação científica deve ter embasamento científico. Por isso, é imprescindível guardar as fontes consultadas, mesmo que elas não entrem na versão final do trabalho.

Como se faz um texto de divulgação científica?

O primeiro passo é a escolha do tema sobre o qual se deseja falar. Nessa escolha, é importante considerar as temáticas que, de fato, são relevantes para a sociedade e que podem ser traduzidas para uma linguagem acessível. Infelizmente, não são todos os estudos científicos que podem facilmente ser transmitidos de forma simplificada e atrativa.

O segundo passo para o desenvolvimento do texto de divulgação científica é a pesquisa, que deve ser feita em fontes confiáveis. Para essa busca, considere artigos científicos, livros e revistas especializadas. Também é possível usar sites, desde que eles sejam de instituições confiáveis. Jamais utilize informações que não possuem referências bibliográficas.

O terceiro passo é a organização das informações coletadas ao longo da pesquisa. Selecione as ideias principais sobre o tema e, caso deseje, anote-as em tópicos. Depois, esboce um rascunho do seu texto, acrescentando o modo como essas informações estão relacionadas e as conclusões da sua pesquisa.

O quarto passo é a escrita do seu texto de divulgação científica. Defina o público-alvo e, a partir disso, desenvolva o seu trabalho na linguagem adequada. Escreva a introdução de maneira a apresentar o tema central e a sua importância. Nessa parte, uma boa estratégia é fazer algumas perguntas, que serão respondidas ao longo do texto. Já no desenvolvimento, exponha o assunto de forma clara. Vale usar do bom humor, de exemplificações práticas e de analogias.

Na conclusão, apresente os principais resultados, reafirmando por que o assunto é importante. Se necessário, acrescente as referências e, ao final, pense em um título chamativo que represente o assunto abordado no seu trabalho.

Importante: Lembre-se de que é preciso adequar o vocabulário do seu texto para o público-alvo, pois o excesso de termos complexos e científicos pode gerar dificuldade de compreensão e, consequentemente, desinteresse do leitor. Para antecipar problemas nesse sentido, tente reler o seu texto como se você fizesse parte do público-alvo.

O quinto passo é a revisão do seu texto. É comum que, devido à correria, sejam cometidos alguns erros de gramática, de ortografia, de coesão e de coerência. Por conta disso, a etapa da revisão textual é importantíssima, pois é nesse momento que o texto poderá ser relido e ajustado. Verifique se os seus parágrafos estão bem-organizados e conectados, se todas as ideias apresentadas estão claras e coerentes e se a linguagem que você utilizou está apropriada.

O último passo é a formatação do layout. Nessa etapa, você também acrescentará os recursos visuais ao seu texto, que podem ser imagens, ilustrações, gráficos etc. Para evitar problemas de direitos autorais, você pode buscar esses elementos em sites de imagens públicas.

Leia também: Dicas sobre a estrutura do parágrafo

Exemplo de texto de divulgação científica

Leia este texto|1| de divulgação científica produzido pelo biólogo e professor Fábio Carvalho. Neste trabalho, a temática principal é apresentada em tom de curiosidade, ao mesmo tempo que possui um caráter informativo. Por meio desse texto, o leitor percebe que, mesmo não gostando de baratas, elas são importantes para o equilíbrio do ecossistema.

QUEM QUER CASAR COM A DONA BARATINHA?

Ilustração de uma barata sorrindoApós se deparar com uma barata, muitas pessoas entram em pânico só de pensarem na possibilidade de uma “infestação”. Nesse momento, é possível que você, algum familiar ou conhecido já tenham pensado em como seria bom acabar com todas as baratas do mundo. Mas, seria uma boa ideia? De primeira, pode até parecer que sim, mas será que podemos mesmo acabar com as baratas? Então, vamos falar um pouco sobre estes insetos. Bom, não dá para chamar estes insetos exatamente de bonitos e fofos, mas eles são muito importantes.

Para começo de conversa, é bom saber que existem cerca de 5 mil espécies diferentes de baratas, que pertencem à ordem Blattodea. As baratas urbanas, estas que vivem nas cidades e dentro da sua casa, representam apenas cerca de 1% desse total. Um dado interessante revelado por um estudo é que, na cidade de São Paulo, existem cerca de 200 baratas por habitante! O tamanho das baratas também é bastante variado, desde espécies com apenas alguns milímetros até as maiores, que podem chegar a cerca de 10 cm de comprimento (que ocorrem na Austrália).

As baratas são organismos muito importantes em ambientes silvestres e mesmo nos ecossistemas urbanos. Elas se alimentam de restos de animais mortos (inclusive humanos), fezes, detritos e material vegetal. Além disso, são presas de animais como lacraias, aranhas, escorpiões, aves, ratos e morcegos. Por isso, o desaparecimento das baratas causaria um desequilíbrio no ecossistema. Como se alimentam de animais mortos, ajudam na decomposição desses animais devolvendo os nutrientes presentes nesses cadáveres ao ecossistema; e como presas de outros animais, a extinção das baratas poderia causar efeitos negativos nas populações dos seus predadores.

Agora, um fato curioso sobre as baratas: você sabia que estes insetos também fazem parte da dieta humana? Em muitos países, especialmente na Ásia, as pessoas comem baratas! Na China, por exemplo, é comum encontrar espetinhos de baratas. E elas são um ótimo alimento, ricas em gorduras e carboidratos, e também uma ótima fonte de cálcio!

Outra curiosidade sobre as baratas é sua longevidade. São animais que surgiram há cerca de 300 milhões de anos. Sobreviveram à extinção em massa que extinguiu os dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos! Além disso, suportam cerca de 20 vezes mais radiação do que o homem. No entanto, são tão suscetíveis a um ataque nuclear quanto os humanos. A diferença é que, por viverem em galerias subterrâneas e terem seus ovos protegidos por uma cápsula, as baratas poderiam ter mais chance de sobreviver a esse tipo de ataque.Ilustração de uma barata com uma máscara de oxigênio

As baratas também têm um jeito bastante interessante de se comunicarem entre elas. Cientistas descobriram que bactérias presentes nas fezes das baratas emitem cheiros que atraem outras baratas. É assim que uma barata avisa a outra sobre uma fonte de alimento, por exemplo. E, por isso, as baratas tendem a ser vistas em grupos. Pode parecer engraçado ou até mesmo nojento estudar baratas, mas a verdade é que estes estudos são importantes, pois podem ajudar no desenvolvimento de inseticidas mais específicos e no controle desses insetos, que, afinal, por viverem em esgoto e lixo urbano, também podem ser vetores de doenças.

Agora que você conhece um pouco mais sobre as baratas, elas não se tornaram um pouco mais atraentes? E será que acabar com elas continua sendo uma boa ideia? O que você acha? Que tal estudar e conhecer mais sobre elas e sobre outros insetos, e também sobre os outros animais e plantas que existem no nosso país e no mundo? Seja curioso! Conhecer é a melhor forma de preservar nossa biodiversidade!

Notas

|1| Texto publicado originalmente no boletim Desbaratando a Biologia, uma iniciativa do curso de Ciências Biológicas do Instituto Federal Goiano/Campus Rio Verde.

Publicado por Nathalia Thamiris da Silva de Abreu

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