Maurício de Nassau

Maurício de Nassau foi um aristocrata e militar alemão que ficou marcado na história do Brasil por ter sido contratado para administrar a colônia holandesa no Nordeste brasileiro. Entre 1637 e 1643, Maurício de Nassau foi  contratado pela Companhia das Índias Ocidentais (em holandês  chamava-se, West-Indische Compagnie, ou WIC) e realizou transformações profundas em Pernambuco.

Poucos anos depois de Nassau ter retornado para a Europa, os portugueses iniciaram esforços para reconquistar as terras ocupadas pelos holandeses. Em 1654, os portugueses conseguiram reconquistar todo o Nordeste e a experiência colonial holandesa no Brasil foi encerrada.

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Nascimento e educação de Maurício de Nassau

Maurício de Nassau já em idade avançada na década de 1670.

Johann Moritz von Nassau-Siegen (o correspondente em português é João Maurício de Nassau-Siegen) nasceu em Dillenburg, cidade que pertencia ao Sacro Império Romano-Germânico, em 17 de junho de 1604. A família de Maurício de Nassau fazia parte da aristocracia local, estava vinculada à antiga nobreza feudal e, no século XVII, entrou em decadência.

Maurício de Nassau era o filho mais velho de João VII, conde de Nassau-Siegen com a duquesa dinamarquesa Margarida de Schleswig-Holstein-Sonderburg. Essa era a segunda esposa de João VII e nesse casamento nasceram treze filhos. Do primeiro casamento de João VII, Maurício de Nassau ainda tinha mais doze irmãos.

No começo do século XVII, as famílias das antigas nobrezas feudais estavam dedicando recursos para investir na educação de seus filhos, uma vez que o desenvolvimento da burguesia e o progressivo fim dos feudos estavam gerando impactos significativos no estilo de vida dessas famílias e esse foi o caso da família de Maurício de Nassau.

Nos primeiros dez anos, ele foi educado por tutores humanistas da região de Siegen, mas depois dessa idade iniciou um período de quatro anos que passou por locais renomados que ensinavam preceitos de acordo com o que os Nassau professavam: o humanismo, surgido no Renascimento, e o calvinismo, surgido na Reforma Protestante.

Nesses quatro anos, Maurício de Nassau foi tutoreado por seu cunhado que se chamava Maurício de Hesse-Kassel. Ele era conde de Hesse-Kassel e dono de uma escola de muita influência naquela região. O conde de Hesse-Kassel financiou em partes os estudos de Maurício de Nassau em Basel, na Suíca.

Depois de um tempo, Maurício de Nassau foi estudar no Colegium Mauritianum, que era de seu cunhado. No entanto, ele não ficou muito tempo nessa escola, uma vez que os custos de seus estudos lá eram muito elevados e sua família não tinha condições de financiar sua estadia no local. De toda forma, o tempo que passou em Kassel foi fundamental para a formação de Nassau, pois desenvolveu seu apreço pelas ciências e pelas artes.

Carreira militar de Maurício de Nassau

Maurício de Nassau chegou a participar de campanhas militares na Guerra dos Trinta Anos e na Guerra dos Oitenta Anos, por exemplo.

Com quinze anos, Maurício de Nassau retornou para a casa de sua família em Siegen e um ano depois foi enviado para os Países Baixos para viver junto de familiares Nassau do tronco holandês. Nos Países Baixos, ele deu início à sua carreira militar, sendo incentivado pelo seu tio, o conde Willem Lodewijk van Nassau-Dillenburg, que era o regente da Frísia, uma província dos Países Baixos.

Depois que seu tio morreu, Maurício de Nassau mudou-se para Haia e ingressou no exército holandês com a função de alferes de cavalaria. No exército, Maurício de Nassau envolveu-se em importantes batalhas de duas guerras travadas pelos Países Baixos na época: a Guerra dos Oitenta Anos (1568-1648) e a Guerra dos Trinta Anos (1518-1548).

Rapidamente, Maurício de Nassau foi galgando posições no exército holandês e sendo promovido de patente. Em 1636, ele envolveu-se em uma importante batalha para os holandeses na Guerra dos Oitenta Anos e foi o responsável pelo Cerco de Schenkenschans. Na ocasião, ele liderou a reconquista do castelo de Schenkenschans que, naquele momento, estava na posse dos espanhóis. A vitória, em 1636, fez com que o nome de Maurício de Nassau se tornasse famoso e influente nos Países Baixos.

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Maurício de Nassau no Brasil

Uma das pontes existentes em Recife atualmente leva o nome de Maurício de Nassau.[1]

Na década de 1630, os holandeses tinham conquistado parte do Nordeste brasileiro como desdobramento da luta contra os espanhóis, quando o trono português tinha sido ocupado por um rei espanhol, garantindo a unificação de Portugal e Espanha na chamada União Ibérica.

A recém-criada colônia holandesa no Brasil era administrada pela WIC e essa empresa acabou enviando uma oferta para que Maurício de Nassau assumisse o posto de governador-geral da colônia holandesa. O posto de Maurício de Nassau no Brasil era muito vantajoso financeiramente e lhe dava autoridade para comandar a colônia holandesa militar e politicamente.

Sua escolha teve um pouco de influência política, uma vez que ele e sua família eram influentes e tinham ramificações com os reis do Sacro Império Romano-Germânico. Na época, Maurício de Nassau tinha apenas 32 anos e desembarcou em Pernambuco, no dia 23 de janeiro de 1637.

Junto de Nassau vieram milhares de soldados para garantir o domínio holandês (e, se possível expandi-lo), funcionários da WIC, além de inúmeros artistas e cientistas que eram financiados pelo próprio Maurício de Nassau. As primeiras missões de Nassau no Brasil eram reerguer a colônia financeiramente e acabar com os focos de resistência dos portugueses.

Na questão econômica, ele fez questão de recuperar a produção açucareira de Pernambuco, a atividade econômica mais lucrativa daquela região. Para isso, ele vendeu engenhos que tinham sido abandonados por portugueses que tinham fugido e nessa venda conseguiu arrecadar cerca de dois milhões de florins. Além disso, ele retomou o comércio de escravos e, para não faltar alimentos, incentivou o plantio de mandioca.

Maurício de Nassau também tratou de ampliar os domínios dos holandeses no Nordeste e, para garantir a segurança de seus domínios, investiu na construção de fortificações litorâneas. Manteve relações pacíficas com os indígenas e garantiu aos moradores de Pernambuco a liberdade de religião, inclusive para os judeus. A escravidão dos africanos foi mantida.

Maurício de Nassau promoveu obras para incentivar a urbanização da colônia holandesa, incentivou as artes e a ciência na região. Construiu biblioteca e um observatório astronômico (o primeiro das Américas). Construiu pontes importantes em Recife e ordenou a construção de um jardim botânico com plantas e animais raros.

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Retorno de Maurício de Nassau à Europa

A casa de Maurício de Nassau, em Haia, é atualmente uma galeria de arte.[2]

A relação de Nassau com a WIC foi desgastando-se ao longo do tempo, conforme a empresa holandesa enfrentava problemas financeiros. Maurício de Nassau foi criticado pelos seus gastos com alimentos, por exemplo, ao que justificou alegando que os alimentos no Brasil eram muito mais caros.

Ele teceu profundas críticas à WIC por conta da redução do número de soldados holandeses na região. Ele alegava que, desde o começo da década de 1740, os portugueses estavam  reorganizando-se e o domínio holandês estava ameaçado. Em 1743, ele recebeu ordens que estavam  retirando-o do cargo e ordenavam seu retorno para os Países Baixos.

Morte de Maurício de Nassau

Quando retornou à Europa, Maurício de Nassau instalou-se, a princípio, em sua casa em Haia, nos Países Baixos. Depois, ele assumiu a administração dos condados de Cleves, Ravensberg e Mark. Ele deu continuidade à sua trajetória como militar e lutou em algumas campanhas holandesas na Guerra dos Trinta Anos. Ele também atuou em batalhas da Guerra Anglo-Holandesa e Guerra Franco-Holandesa.

Por causa de seus serviços, ele foi recompensado com o título de príncipe pelo rei do Sacro Império Romano-Germânico, em 1652. Aposentou-se da vida militar, em 1675, e, em 20 de dezembro de 1679, ele faleceu em sua residência em Cleves.

Créditos da imagem

[1] Reginaldo Bianco / Shutterstock

[2] R.A.R. de Brujin Holding BV / Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
Matemática do Zero
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