Ariranha
As ariranhas são mamíferos carnívoros de hábitos semiaquáticos que pertencem à família Mustelidae. São animais conhecidos também como onça-d'água e lontra-gigante, e seu nome científico é Pteronura brasiliensis.
→ Classificação taxonômica da ariranha
Veja abaixo a classificação taxonômica da ariranha:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnivora
Família: Mustelidae
Gênero: Pteronura
Espécie: Pteronura brasiliensis
→ Características da ariranha
A ariranha é um mamífero da família Mustelidae que se destaca por ser a maior espécie dessa família, atingindo cerca de 1,8 m de comprimento e peso que pode chegar a cerca de 30 kg. De uma maneira geral, as ariranhas machos tendem a ser maiores do que as fêmeas.
Esses animais possuem um corpo longilíneo, com cauda achatada que facilita a sua natação. Possuem pelo com coloração marrom escuro, orelhas pequenas e arredondadas, olhos grandes. Nas patas, verifica-se a presença de membrana interdigital. Outra característica interessante é a presença de uma mancha clara na região do pescoço que apresenta formatos diferentes e pode ser utilizada na identificação dos indivíduos.
Observe o detalhe da mancha clara na região do pescoço das ariranhas.
As ariranhas são animais carnívoros que apresentam uma capacidade grande de natação e se destacam como ótimos predadores. As ariranhas alimentam-se, principalmente, de peixes, entretanto, sua alimentação não se limita a esse tipo de alimento.
Algumas vezes, as ariranhas alimentam-se de pequenos mamíferos, aves, répteis e invertebrados, como moluscos e crustáceos. Por se alimentarem em maior quantidade de peixes, muitas vezes os pescadores consideram esse animal uma ameaça à atividade econômica por eles praticada.
As ariranhas são animais sociáveis que vivem em grupos que variam de 2 a 16 indivíduos (o número de indivíduos varia de acordo com a região, estação do ano e habitat), sendo observado um casal dominante. Os componentes desse grupo são, geralmente, o casal e os seus descendentes dos últimos dois ou três anos, ou seja, de outras estações reprodutivas. Essa espécie é considerada monogâmica, sendo observado a formação de casais estáveis.
É uma espécie diurna que se recolhe ao fim do dia em tocas que elas fazem ao longo dos barrancos dos rios. As tocas, além de serem usadas para descanso, são o local onde os filhotes nascem. Além das tocas, as ariranhas fazem latrinas, onde depositam fezes e urina. As latrinas estão relacionadas também com marcação de território.
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→ Onde vive a ariranha?
A ariranha é uma espécie de hábitos semiaquáticos, que são encontradas em rios, lagos, córregos e florestas inundadas em época de cheias. Geralmente, as ariranhas preferem ambientes de água calma.
A ariranha é uma espécie endêmica da América do Sul. Ocorre no Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela, Argentina e Uruguai. No Brasil, era encontrada na Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal.
Hoje, depois de sofrer uma grande perda populacional, principalmente por conta da caça, populações viáveis da espécie são observadas apenas na Bacia Amazônica e no Pantanal. Em outras localidades brasileiras observa-se populações isoladas e pequenas.
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As ariranhas são animais de hábito semiaquáticos que se destacam por sua grande capacidade de natação.
→ Reprodução | Como nascem os filhotes da ariranha?
As ariranhas são animais que se tornam maduros por volta dos dois anos de idade. Na natureza, as fêmeas reproduzem-se, em média, até os 11 anos de idade, enquanto os machos reproduzem-se até os 15 anos. A reprodução desses animais é difícil de ser observada, e os dados atualmente disponíveis são, principalmente, colhidos em cativeiro.
Na época reprodutiva, as ariranhas fêmeas ficam mais agressivas e também menos dispostas para se alimentarem e brincarem. Normalmente, as fêmeas entram em sua época reprodutiva apenas uma vez por ano, entretanto, em algumas situações, como a perda dos filhotes, ela pode entrar duas vezes no cio. A gestação da ariranha dura cerca de 60 dias e pode nascer de um a cinco filhotes a cada ninhada. A fêmea dá a luz aos filhotes no interior de tocas.
As ariranhas alimentam-se, principalmente, de peixes.
Os filhotes só saem da toca quando apresentam cerca de duas a três semanas de vida. Mesmo saindo da toca, eles ainda não entram no ambiente aquático. As tentativas de capturar peixes na água é observada quando esses animais atingem cerca de dois meses e meio de idade.
A mãe para de amamentar seu filhote com cerca de nove meses. Aos 10 meses de idade, os filhotes começam a caçar com os pais. Eles permanecem no grupo familiar até atingir cerca de 2 a 3 anos, depois desse período partem para iniciar um novo grupo.
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→ Ariranha x lontra
Ariranhas e lontras (Lontra longicaudis) são animais da mesma família que apresentam algumas semelhanças e também diferenças entre si. Observando-se as características físicas, verifica-se que a lontra neotropical é menor do que a ariranha, sendo essa última também conhecida como lontra-gigante. Outra característica que as diferencia é a mancha típica presente nas ariranhas.
Em alguns biomas, a ariranha e a lontra são encontradas vivendo em um mesmo ambiente. Elas geralmente não competem, pois existe diferença na preferência pelas suas presas. Além disso, as ariranhas preferem rios maiores, diferentemente das lontras, que preferem corpos d'água menores.
→ Curiosidades sobre a ariranha
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A ariranha é considerada o maior carnívoro semiaquático da América do Sul.
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A ariranha vive, em média, 20 anos em cativeiro.
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As ariranhas possuem manchas em seu pescoço que podem ser comparadas às nossas impressões digitais, pois são únicas em cada indivíduo.
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Estima-se que a ariranha consuma diariamente cerca de 10% do peso do seu corpo.
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As ariranhas apresentam capacidade de vocalização.
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A ariranha foi muito caçada no passado, principalmente, para o comércio de sua pele.
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Acredita-se que, apenas na década de 60, mais de 50.000 peles de ariranhas foram obtidas no Brasil.
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Mesmo com a redução na utilização das peles, a partir da década de 1980, muitas populações de ariranhas não foram capazes de se recuperar.
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Nos dias atuais, a ariranha sofre com a perda rápida de seu habitat.
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Atualmente, a ariranha está classificada na Lista de Espécies Ameaçadas da IUCN “em perigo”.