Por que ficamos bêbados ao ingerir álcool?
É importante saber por que ficamos bêbados ao ingerir álcool, já que estamos falando de uma droga lícita cujo consumo é cada vez maior e que provoca danos tanto fisiológicos quanto sociais.
O álcool presente nas bebidas alcoólicas, como vinho, cerveja e destiladas, é o etanol, cuja estrutura apresenta apenas dois átomos de carbono e um grupo OH, como podemos observar na sua fórmula estrutural:
O etanol é um álcool bastante solúvel em água e gordura, assim, quando fazemos a ingestão dessa substância, sua absorção é realizada pelas mucosas estomacal e do intestino delgado, que pode ser mais rápida ainda se o estômago estiver vazio.
Após ser absorvido, o etanol cai na corrente sanguínea e atinge rapidamente o sistema nervoso central, área onde atuará, promovendo efeitos que estão diretamente relacionados à quantidade:
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A partir de 5,4 mmol/L (25 mg/dL): quadro de intoxicação suave, manifestada por alterações no humor, falta de coordenação motora e prejuízo na cognição.
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Acima de 21,7 mmol/L (100 mg/dL): aumenta-se o comprometimento orgânico. A pessoa apresenta visão dupla e confusão mental. Destaca-se ainda possibilidade de ocorrer a hipoglicemia.
A hipoglicemia aparece porque o álcool inibe a neoglicogênese, que é um processo hepático necessário para manter a glicemia.
Essas alterações ocorrem porque a presença do álcool interfere na ação dos neurotransmissores, substâncias que inibem ou excitam atividades cerebrais.
O álcool e os neurotransmissores
A presença do etanol nas células cerebrais promove uma desordem na ação de alguns importantes neurotransmissores, como serotonina, dopamina e o ácido gama aminobutírico (GABA).
Cada um desses neurotransmissores apresenta a capacidade de estimular ou inibir as sinapses nervosas, da seguinte forma:
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Serotonina: é um neurotransmissor produzido no cérebro que possui a função de promover a sensação de felicidade e bem-estar;
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Dopamina: é um neurotransmissor produzido no cérebro que possui relação com a função do sono, movimento, atenção, humor, etc.;
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GABA: é um neurotransmissor inibitório do cérebro, que atua para elevar os níveis de energia que as células cerebrais necessitam utilizar.
A presença do etanol no cérebro afeta a forma como essas substâncias estimulam as sinapses nervosas, causando as seguintes alterações:
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Ação sobre os receptores de serotonina: promove a ação de euforia e alegria;
A euforia é gerada pela ação do etanol em receptores da substância serotonina
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Ação sobre os receptores de GABA: redução da ação cerebral e sensação de mal-estar;
A depressão é gerada pela ação do álcool em receptores da substância GABA
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Ação sobre os receptores de dopamina: redução da coordenação motora e do equilíbrio.
O desequilíbrio é gerado pela ação do álcool em receptores da substância dopamina
Metabolização do álcool
Após promover a ação no sistema nervoso, o etanol continua no sangue e, quando chega ao fígado, é metabolizado, ou seja, passa por um processo de transformação química, para logo em seguida ser eliminado do organismo por via urinária.
A metabolização no fígado ocorre principalmente pela ação de uma enzima citoplasmática, denominada de álcool desidrogenase (ADH), que o transforma em aldeído acético.
Fórmula estrutural do aldeído acético
Esse aldeído acético é uma substância tóxica que é rapidamente convertida em acetato por uma outra enzima, denominada de aldeído desidrogenase (ALDH).